O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mais uma vez decide não anunciar Fernando Haddad (PT) como cabeça de chapa para concorrer ao Palácio do Planalto. Cada vez mais o PT está dividido sobre qual a estratégia vai adotar e, qual o rumo das lideranças para arregimentar votos ao candidato substituto. Há quem defenda que deve ser mantido esse roteiro de Lula, com riscos cada vez maiores por uma tomada de decisão, mais drástica, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que "instigado", deverá se pronunciar.
Precedente perigoso
Petistas e advogados avaliam os riscos. Alguns acreditam que o partido não é obrigado a respeitar a legislação eleitoral e, muito menos, as decisões do TSE. Sem dúvida, um precedente perigoso, que coloca em cheque a própria Justiça do País que, pelo que parece, não vai permitir que o imbróglio vá muito mais adiante.
Não foi decisão unânime
O argumento da defesa sobre a recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU) para que Lula fosse aceito candidato já não é tão forte como parecia de início. São posições do Comitê de Direitos Humanos da ONU, que é uma instância colegiada e que representa as personalidades que a formam, e não a própria organização. Além do mais, a decisão tomada pelo comitê de recomendar que Lula fosse candidato não foi unânime. A avaliação do PT é que não há chance de o Supremo reverter a decisão de barrar Lula nas eleições de 2018. Deputados e lideranças do PT mais próximas de Fernando Haddad defendem com mais força que está na hora de promover a transição. Caso contrário, existe o risco do espólio do Lula ser diluído entre os outros candidatos, como Marina Silva e Ciro Gomes. O PT tem prazo até o dia 11 de setembro, do ponto de vista legal, para substituir o candidato. A ideia de Lula é utilizar esse prazo ao máximo e, com isso, ter argumentos de que está sendo vítima de perseguição pela Justiça brasileira. A questão, na interpretação desta "novela mexicana", agora é saber se a estratégia vai funcionar ou se acabará fazendo com que outro candidato acabe capitalizando os votos do líder petista.
Voto do remorso
Para Edson Fachin, que surpreendeu a todos os colegas de tribunal e grande parte do povo brasileiro, com seu voto no TSE, favorável à participação de Lula nas eleições de 2018, embora esteja inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Perguntei alguns deputados porque, um único voto, de Edson Fachin, foi pela manutenção de Lula no pleito. A resposta de um parlamentar gaúcho foi a mais plausível: "voto do remorso". E explicou: "podia ter livrado Lula disso tudo e não o fez, apesar de ter sido nomeado por Dilma com o referendo do ex-presidente petista. Aí bateu o remorso", concluiu o parlamentar.