Lula quer Wagner na reserva

Reviravolta no campo da esquerda: há informações confiáveis de que o pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou que o ex-governador da Bahia, Jacques Wagner (foto), dê meia volta e reassuma sua posição no banco de reservas do PT, pronto a entrar em campo no caso de a Justiça impugnar o registro da candidatura do ex-presidente.

Na sua cela de Curitiba, de onde comanda seu partido, Lula recebeu uma informação de seus amigos do MDB do Nordeste de que o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), não conseguiria captar a transferência de votos naquela região. Por isso, o líder baiano terá de desvencilhar-se de sua candidatura ao Senado e reassumir a posição na boca do túnel.

Embora a militância e alguns quadros de dirigentes otimistas acreditem que a Justiça vai se sensibilizar com os números expressivos do intenção de votos no ex-presidente, as cinco integrantes do Judiciário que têm em mãos ou à frente a causa de Lula irão se ater aos cânones da Justiça e mantê-lo preso e inelegível. Têm voz neste caso: Cármen Lúcia, presidente do Supremo; Raquel Dodge, procuradora-geral da República; Laurita Vaz, presidente do Superior Tribunal de Justiça; Carolina Moura Lebbos, da Vara de Execuções Criminais de Curitiba; e Leila Cury, da Vara de Execuções Criminais de Brasília (que interviria caso o ex-presidente seja transferido para a Capital Federal).

A percepção desses aliados informais - a maior parte do MDB, não petistas, porém decisivos junto àquele eleitorado - é que Haddad não teria votos de São Paulo para o Nordeste. Sem uma participação maciça do eleitorado nordestino, o PT correria grande risco de ficar de fora do segundo turno. A perspectiva é de que a partida final no pleito deste ano será entre PT e PSDB, não obstante as críticas e os desmerecimentos imputados a esses dois partidos. Ao fim e ao cabo, valerá a realidade eleitoral historicamente provada e comprovada.

Este pode ser o único fato novo no quadro relativo às cabeças de chapa que serão encaminhadas até o dia 5 de agosto, data final para as convenções. Fora o PT, todos os demais partidos já têm seus nomes consolidados. Em compensação, há uma chuva de vice-presidentes na fila de entrada aguardando chamada. As alianças que definirão essas composições devem se fechar nas próximas horas, no máximo até sábado pela manhã.

A exceção é do PT, que ainda não tem ninguém apontado para vice-presidente de Lula. Poderia ser tanto Haddad quanto Wagner, a depender da decisão final sobre como se dará a substituição na cabeça de chapa quando vier a impugnação. Tanto poderia ser um vice subindo para o topo como um novo nome.