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Habitação Popular

- Publicada em 29 de Junho de 2021 às 21:44

Reconstrução das casas na Vila Cai Cai pode ser modelo

Projetos não são padronizados e atendem as necessidade de cada família

Projetos não são padronizados e atendem as necessidade de cada família


Mãos: Arquitetura, Terra e Territórios/Divulgação/JC
A reconstrução de seis casas destruídas num incêndio em janeiro deste ano na Vila Cai Cai, Zona Sul de Porto Alegre, tem a proposta de estabelecer um novo modelo de habitação popular, diferente do padronizado que é característico dos programas habitacionais públicos. A partir da mobilização da comunidade, com apoio de entidades da sociedade civil e de escritórios de arquitetura, foi elaborado um projeto específico para cada casa, considerando a área disponível no terreno e a melhor estrutura para atender cada família.
A reconstrução de seis casas destruídas num incêndio em janeiro deste ano na Vila Cai Cai, Zona Sul de Porto Alegre, tem a proposta de estabelecer um novo modelo de habitação popular, diferente do padronizado que é característico dos programas habitacionais públicos. A partir da mobilização da comunidade, com apoio de entidades da sociedade civil e de escritórios de arquitetura, foi elaborado um projeto específico para cada casa, considerando a área disponível no terreno e a melhor estrutura para atender cada família.
Todo trabalho desenvolvido nessa etapa foi voluntário. Agora o que se precisa é recurso em dinheiro para comprar o material e começar a erguer as novas casas. Nasceu daí a campanha virtual "Levanta Cai Cai", aberta para doações até o fim de julho no endereço apoia.se/fenixprojetocaicai. As casas estão orçadas entre R$ 35 mil e R$ 65 mil (abaixo do bônus moradia pago atualmente em Porto Alegre, em torno de R$ 78 mil).
A arquiteta Cláudia Fávaro, que coordenou de forma voluntária a primeira fase do trabalho, explica que as residências foram projetadas com uma técnica chamada alvenaria estrutural, em que os próprios tijolos são a estrutura da construção - o que é possível por serem casas térreas ou no máximo com dois pavimentos e que deixa a construção mais barata. Cláudia é sócia-fundadora do escritório Mãos: Arquitetura, Terra e Territórios, que assina o projeto, e atualmente está licenciada e com dedicação exclusiva na Câmara Municipal.
A perda com o incêndio no dia 8 de janeiro foi total em seis casas e parcial em mais uma, mas ninguém se feriu. Desde então, 28 pessoas vivem em imóveis alugados na comunidade. Com doações recebidas no início do ano, foram pagas as contas até que a prefeitura liberasse um auxílio mensal. O valor que restou da primeira campanha será usado para iniciar o trabalho. Já a conclusão dependerá de conseguir arrecadar mais, explica o professor João Francisco Pereira Neto, que dá aulas na escola da comunidade.
Uma das casas atingidas era onde Adriana Oliveira morava com os dois filhos adolescentes. Ela perdeu também a fonte de renda complementar da família, já que fazia lanches para vender em uma peça do imóvel. Ela conta que o projeto foi feito a partir do que cada família esperava - no caso dela, inclusive com espaço para a lancheria. Adriana cedeu parte do seu terreno para uma das filhas, que também perdeu a casa no incêndio: "Eu não teria condição de ter minha casa de novo, e minha filha muito menos, tinha recém construído".
Além do valor em dinheiro, um "caderno de patrocínio" indica quanto material será usado, caso alguém ou alguma empresa prefira doar dessa maneira. Ainda, o grupo está buscando instituições que possam intermediar o repasse, uma forma de permitir o abatimento do valor doado por empresas.

Comunidade quer concluir a regularização

Maquele eletrônica mostra como ficarão moradias quando prontas

Maquele eletrônica mostra como ficarão moradias quando prontas


/Mãos: Arquitetura, Terra e Territórios/Divulgação/JC
A Vila Cai Cai, ou Loteamento Cavalhada, ocupa uma área próxima ao Parque Natural Morro do Osso, na Zona Sul de Porto Alegre. A maior parte das famílias está lá desde 1994, quando foram reassentadas pelo Demhab a partir da comunidade de catadores da Vila Cai Cai, que desde a década de 1970 ficava à beira do Guaíba, próximo do Estádio Beira Rio.
As casas atingidas pelo incêndio de janeiro ficam num beco que se formou depois, ainda não regularizado. "O projeto contempla normas do código de obras e é passível de regularização", explica Cláudia Fávaro. A intenção é anterior ao projeto e a área tem condição de avançar no processo. O objetivo do grupo é, a partir da reconstrução das casas, tratar da regularização do restante do beco, o que pode ser feito por meio de Reurb.

Parceiros da campanha

A campanha "Levanta Cai Cai" é organizada pelos grupos: Associação Mães e Pais pela democracia; Ascat; Avesol; Emef Neusa Goulart Brizola; e Centro Social Gianelli. O projeto das casas foi elaborado pelo escritório Mãos: arquitetura, terra e território, em parceria com o escritório Happy Arquitetura e o Escritório Modelo de Arquitetura da PUC/RS - Lugares Laboratório Urbano.

Livro conta a vida de catador e universitário

"Do lixo a bixo: a cultura dos estudos e o tripé de sustentação da vida", é o livro de Alexandro Cardoso lançado este mês pela editora Dialética. Nele, Alex conta a própria história desde a infância na Vila Cai Cai até a graduação que está em andamento na Ufrgs. O custo do livro será pago com a venda dos primeiros exemplares, que podem ser adquiridos pelo site da editora ou diretamente com o autor pelo instagram @alexcatador. Mais informações no blog jornaldocomercio.com/pensaracidade.