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Opinião Econômica

- Publicada em 26 de Outubro de 2021 às 03:00

Aperte o cinto, zona de turbulência

Planejadora financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”
Planejadora financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”
Mesmo que você não tenha o hábito de ficar ligado nas notícias, um olhar rápido nas manchetes revela que, desde 2020, o mercado está experimentando uma volatilidade histórica, cheia de altos e baixos, com mais baixos do que altos nos últimos tempos.
 
Uma visão objetiva do mercado nos lembra que, em cada dia de negociação, houve fatos otimistas ou pessimistas que influenciaram movimentos de compra ou venda, provocando forte oscilação nos preços dos ativos.
O investidor, perdido no meio desse fogo cruzado, não sabe o que fazer. Se ficar, pode perder mais, se sair, além de deixar dinheiro na mesa, pode perder o momento da virada. Investidores novatos, recém ingressados no mercado de renda variável, não estão preparados ou acostumados a conviver com tanta volatilidade. Aliás, a dose está alta até para os investidores mais experientes.
Por que o mercado é volátil? É volátil porque essa é a sua natureza. Quem investe em títulos, por exemplo, espera ganhar mais do que os que deixam o dinheiro parado em conta porque títulos são mais arriscados do que dinheiro em caixa.
Quem investe em ações espera retorno superior ao dos investimentos em títulos justamente porque é forçado a suportar maior incerteza, e essa lógica continua se estendendo pelas diversas fatias do mercado disponíveis para diversificar.
A disposição para aguentar a volatilidade tende a recompensar o investidor disciplinado, e muitas vezes, a maior recompensa vem logo depois de grandes turbulências. A maior tolice é tentar adivinhar quando esses tempos de volatilidade começarão e terminarão. Seja motivado pelo medo ou pelo orgulho, o prognóstico é o que mais prejudica os investidores.
Isso significa que devemos ficar inertes em momentos assim? Grandes investidores compram quando investidores menores estão com medo para aproveitar ao máximo o próximo movimento de alta do mercado.
Precisamos de um pouco de perspectiva. Normalmente ficamos presos no curto prazo e a ciência comportamental ajuda a explicar esse fato: superestimamos a dor e as perdas enquanto subavaliamos a alegria e os ganhos, tanto na vida, quanto nas finanças. E, ao mesmo tempo, damos grande importância aos acontecimentos recentes, enquanto subavaliamos o resultado de longo prazo, adotando um viés cognitivo que favorece eventos recentes em relação aos históricos. Memória curta...
O antídoto para essa espiral descendente é entender que não investimos para hoje, este mês ou mesmo este ano, mas por anos ou décadas. Portanto, a desvantagem intermitente inevitável não resulta em perdas, necessariamente, mas em desvalorizações temporárias que mais cedo ou mais tarde serão superadas.
Isso não sugere, é claro, que devemos ter um portfólio investido apenas em renda variável. Qualquer exposição patrimonial deve ser bem diversificada e mesmo as carteiras mais agressivas devem incluir ativos conservadores. E como a natureza humana nos faz sofrer com as perdas mais do que nos alegramos com os ganhos, é prudente errar do lado conservador da carteira.
Uma vez concluído o processo de construção do portfólio, devidamente equilibrado de acordo com nossa capacidade e disposição para suportar riscos, é imperativo que mantenhamos a disciplina em tempos voláteis. Na verdade, a única maneira de o mercado nos recompensar é manter a disposição de tolerar suas excentricidades.
Marcia DessenPlanejadora financeira CFP (Certified Financial Planner), autora de
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