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Opinião Econômica

- Publicada em 11 de Julho de 2021 às 22:38

A rentabilidade do FGTS

Marcia Dessen
Planejadora financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.
Planejadora financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.
O que você acha de uma aplicação sem risco, isenta de Imposto de Renda, que rendeu 4,90% em 2020, enquanto o CDI bruto, antes de pagar IR, rendeu apenas 2,76%?
Que aplicação é essa, cujo dinheiro saiu do bolso do seu empregador, que conseguiu superar a inflação de 4,52% e rendeu o dobro do CDI líquido?
Pois essa foi a taxa de retorno do FGTS, que, além da rentabilidade tradicional de 3% ao ano, contou com a distribuição dos resultados dos investimentos do fundo.
No passado, período de alta inflação, a poupança pagava TR 6% ao ano, e o FGTS, apenas 3% ao ano, metade do que os poupadores conseguiriam se pudessem investir o dinheiro por conta própria e optassem pela poupança, por exemplo.
Era altamente recomendável sacar o dinheiro do FGTS, utilizando as poucas alternativas disponíveis, para tentar proteger esse patrimônio das perdas inflacionárias. Utilizar o saldo para comprar um imóvel residencial ou amortizar o financiamento imobiliário era (e continua sendo) um bom exemplo.
Os tempos mudaram, e a rentabilidade relativa do FGTS melhorou muito, por duas razões: redução da taxa básica de juros e distribuição de resultados aos participantes, ampliando a taxa de retorno sobre o saldo existente no último dia de cada ano.
Que lucro é esse que passou a ser distribuído aos trabalhadores? O patrimônio do FGTS, formado pelo saldo de todos os trabalhadores, é utilizado para financiar programas de desenvolvimento urbano, como a construção de casas populares, obras de infraestrutura e saneamento básico.
O FGTS recebe juros pelos empréstimos que faz, portanto, é justo que o resultado dessas operações de financiamento seja distribuído aos detentores desse capital. Antes tarde do que nunca...
A rentabilidade básica de 3% ao ano continua sendo creditada mensalmente, e a distribuição do lucro é feita uma única vez, no mês de agosto do ano seguinte.
Vamos olhar pelo retrovisor para avaliar a rentabilidade do FGTS entre 2017 e 2020 e compará-la com alguns indicadores, o IPCA e a taxa do CDI, que remunera os títulos privados, além de ser parâmetro de inúmeras aplicações financeiras no mercado.
A taxa de retorno líquida, isenta do Imposto de Renda, de 2017 a 2020, considerando 3% ao ano mais o lucro distribuído, foi 7,14%, 5,59%, 6,18% e 4,90%, respectivamente. Acumulou 26% no período. Nada mal...
Ganhou do IPCA: Com a distribuição do lucro, a rentabilidade superou com folga a inflação medida pelo IPCA, proporcionando juro real aos trabalhadores em cada um dos quatro anos desse período. Desempenho excelente em relação a outros investimentos.
Ganhou do CDI: A rentabilidade superou a do CDI em 3 dos 4 anos do período. Em 2017 o CDI levou vantagem, mas o FGTS não decepcionou e pagou 85% do CDI líquido do Imposto de Renda, considerando alíquota de 15%. Nos três anos seguintes, superou o CDI e pagou rendimento equivalente ao dobro do CDI líquido em 2020.
Ganhou da poupança: Como a rentabilidade mudou para 70% da Selic (sempre que a Selic for igual ou superior a 8,5%), a taxa de retorno do FGTS ganhou da poupança também.
Tudo isso para dizer que, se você precisa do dinheiro para despesas essenciais ou para reduzir dívidas, é compreensível que você renuncie a esse rendimento e saque os recursos que podem ser uma solução paliativa nesses tempos difíceis.
Entretanto, se for possível, avalie a possibilidade de deixar o dinheiro no FGTS. Com rentabilidade competitiva, vale a pena deixar esse capital trabalhando por você, aspirando a um futuro melhor.
Marcia Dessen
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