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Opinião Econômica

- Publicada em 23 de Março de 2021 às 21:59

O voto fala

Helio Beltrão
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Engenheiro com especialização em finanças e MBA na Universidade Columbia
Nesta terça-feira (23), acessei um estudo estatístico interessante e revelador sobre o comportamento de partidos, deputados e deputadas, baseado em seus votos na Câmara dos Deputados (bit.ly/3tKntrl). Interessou-me de imediato o foco em votos, pois creio que ações valem mais que discursos, promessas, plataforma partidária ou ideologia declarada.
O estudo de Caio Engelhardt Caminoski, especialista em integração e análise de dados, tem metodologia similar à do GPS Ideológico da Folha: é absolutamente agnóstico em relação à posição ideológica ou partidária. Ou seja, não passa prejulgamento algum sobre o deputado ou deputada ser de esquerda, direita, centro, governista, opositora, radical, ter bom senso, ser oportunista, absolutamente nada.
A metodologia se baseia em "distâncias": ou seja, simplesmente aproxima, graficamente, os deputados ou partidos que votam de forma similar e separa os que votam diferente. Quanto mais votos parecidos no período de análise, mais próximos estarão os respectivos pontos no gráfico. O resultado aparece como uma imagem com pontos espalhados em duas dimensões.
O estudo compilou os votos "sim" e "não" dos deputados e deputadas entre fevereiro de 2019, início do mandato, até março de 2021. Foram computados os votos dos 458 deputados e deputadas que estiveram ativos ininterruptamente nesse período.
O resultado é revelador em inúmeros aspectos, e destacarei três. Em primeiro lugar, pela análise fria da similaridade de votos, o PSDB ficou agrupado aos partidos tradicionalmente considerados como centro. E o centro como um todo (MDB, Cidadania, PSD e o próprio PSDB) agrupou-se surpreendentemente aos partidos de direita (PSL, Patriota, e DEM, por exemplo) e figurou bem distante dos partidos de esquerda, como PDT, PSB ou PT.
Ou seja, centro e direita têm votado parecido. É possível considerar um "cluster" centro-direita bastante uniforme, tomando por base esses dois anos. A polarização aparentemente apagou o centro, que nesse estudo apareceria como partidos ou deputados que votam algumas vezes com a centro-direita, e outras, com a esquerda.
Uma segunda revelação foi o aparecimento de um terceiro bloco independente da esquerda e da centro-direita, os parlamentares do Novo. Embora estejam mais próximos ao cluster de centro-direita do que da esquerda, formam um "cluster" independente de ambos (na parte superior do gráfico), que congrega alguns poucos deputados de outros partidos, como Kim Kataguiri (DEM), Paulo Eduardo Martins (PSC) e Luiz Phillipe Orleans e Bragança (PSL). Conclui-se que há hoje três "clusters" na Câmara, portanto: centro-direita, esquerda e Novo.
Assim, o estudo parece corroborar a utilidade de categorizar e interpretar posições políticas em mais que uma dimensão. Os parlamentares do "cluster" do Novo, por exemplo, não puderam ser classificados pela metodologia agnóstica nem como parte da centro-direita, nem como centro, e muito menos como esquerda.
Finalmente, ao mudarmos o foco para os votos dos deputados, é possível reclassificar alguns. Rodrigo Coelho, do PSB (partido tradicionalmente de esquerda), tem enorme afinidade com o "cluster" do Novo. Tiririca, do direitista PL, age como membro da esquerda. Kim Kataguiri se comporta como se fora deputado do Novo, e não do DEM. E revela que os dois partidos cujos deputados mais votam uniformemente, Novo e PT, estão em lados diametralmente opostos do diagrama final.
O trabalho de Caminoski revela a importância de julgar parlamentares por meio de suas ações, materializadas em seus votos, e menos por suas declarações públicas.
Helio Beltrão
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