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Opinião Econômica

- Publicada em 22 de Março de 2021 às 21:17

Fed não tem medo da política fiscal

Samuel Pessôa
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Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV) e sócio da consultoria Reliance
Na semana passada, houve a reunião do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) do banco central americano, também conhecido por Fed (de Federal Reserve).
Foi a primeira reunião após a definição da política fiscal do governo Joe Biden. Com maioria na Câmara e no Senado, o presidente Biden empregou a "reconciliation", instrumento do regulamento das Casas legislativas que permite contornar, em temas orçamentários, o direito ilimitado da minoria de obstruir votações (conhecido por "filibuster").
Sem precisar negociar com os parlamentares republicanos, Biden aprovou robusto pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão, ou 9% do PIB.
Com o pacote de 4% do PIB que Trump tinha aprovado no fim de 2020, teremos impulso fiscal de 13% do PIB norte-americano em 2021 e 2022, com pico no 2º trimestre de 2021.
A cada três reuniões, os membros do Fomc divulgam as suas projeções para a evolução das diversas variáveis macroeconômicas. As principais são: crescimento, inflação, taxa de desemprego e taxa básica de juros.
O Fomc nos informou que a economia crescerá 6,5% em 2021 e 3,3% e 2,2%, respectivamente, em 2022 e 2023. O crescimento em 2021 compensará toda a perda com a epidemia em 2020. O ano abriu com a economia crescendo entre 1,5% e 2,5%. Deve se acelerar muito no 2º trimestre, com o avanço da vacinação e a elevação do impulso fiscal.
Se os números do Fomc para a atividade se materializarem, na virada de 2021 para 2022 a economia americana ultrapassará a tendência de crescimento que vigorava em 2019. Em 2023, estará 1% além dessa tendência.
Esse foi o objetivo de Biden ao passar o rolo compressor na minoria, isto é, empregar a "reconciliation", e aprovar um pacote fiscal robusto, muito além do que seria possível em uma negociação com o Partido Republicano.
Garantir uma recuperação rápida, além do impacto positivo sobre o mercado de trabalho, é a fórmula para tentar não perder a maioria nas Casas do Parlamento na eleição de meio de mandato, no fim de 2022. De certa forma, não repetir o erro de Barack Obama.
Ao contrário das preocupações de alguns economistas democratas -como, por exemplo, Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro (homólogo de ministro da Fazenda, por aqui) de Clinton e ex-chefe da consultoria econômica da Presidência de Obama-, o Fomc não enxerga inflação à frente ou superaquecimento da economia.
Segundo o comitê, a inflação, após atingir 2,2% em 2021, fruto da base muito deprimida de 2020, retornará a 2%. Não será necessário elevar juros até o fim de 2023. Alta, se houver, ficará para mais tarde.
Já o mercado pensa diferente. Considera que o impulso fiscal superaquecerá a economia e será necessário iniciar o ciclo de alta no primeiro semestre de 2023.
A diferença parece estar na forma como o mercado enxerga a dinâmica do mercado de trabalho na recuperação deste ano e seus impactos sobre a inflação.
Os mercados de títulos públicos já sentiram essa alta de juros, e a rentabilidade dos títulos do Tesouro americano de dez anos, as famosas T10, já se elevou.
Ao contrário de leituras muito influenciadas por argumentos de economia política, não é verdade que, quando o mercado discorda do comitê, é na direção de maiores elevações de juros. Ao longo da década de 2010, era claro para o mercado que seria muito mais difícil subir juros do que o Fed imaginava.
A ver quem está certo desta vez.
Samuel Pessôa
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