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Opinião Econômica

- Publicada em 21 de Março de 2021 às 21:13

Títulos longos perdem valor

Marcia Dessen
Planejadora financeira CFP ("Certified Financial Planner")
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Planejadora financeira CFP ("Certified Financial Planner")
Francisco está assustado com a queda recente da rentabilidade do fundo de renda fixa no qual investe. Cristina não consegue entender por que perdeu tanto em aplicações de renda fixa.
Antes de mais nada, Francisco e Cristina ainda não perderam dinheiro. Só perderão se resgatarem suas aplicações. O que ambos observam, por enquanto, é que os ativos perderam valor, estão valendo menos do que valiam quando investiram. Vou tentar explicar o que aconteceu.
Em 4 de janeiro, a rentabilidade do título Tesouro Prefixado era 6,29% ao ano; pagavam-se R$ 737,65 para resgatar R$ 1.000,00 em 1º/1/2026. Para uma Selic de 2%, parecia uma boa opção de investimento.
Dois meses depois, o cenário era outro, mais pessimista. Inflação em alta, nova onda da pandemia, atraso na recuperação econômica, situação crítica das contas públicas são alguns fatores que explicam o aumento dos juros exigidos pelo mercado para emprestar dinheiro ao governo.
Em 2 de março, a rentabilidade do mesmo título prefixado com vencimento de R$ 1.000,00 em 1º/1/2026 subiu para 8,04% ao ano, e o valor de venda era R$ 688,13, ou seja, uma desvalorização de R$ 49,52 em relação ao preço de janeiro.
Como o valor de resgate não muda --esse é o parâmetro prefixado do título, e não a taxa de juros--, a única maneira de aumentar a rentabilidade é reduzir o valor do título.
Quem comprou o título em janeiro por R$ 737,65 vai ganhar 6,29% ao ano. E quem comprou em março por R$ 688,13 vai ganhar 8,04% ao ano. Em ambos os casos, a condição é que o investidor aguarde o vencimento do título em 1º/1/2026, quando receberá o valor prefixado de resgate, de R$ 1.000,00.
Quem investe por meio de fundos de investimentos não comanda a decisão de manter ou vender antecipadamente o título. Cabe ao gestor do fundo a decisão de comprar, vender ou manter o título em carteira.
O valor da cota reflete, diariamente, o preço dos ativos para que não haja transferência de riqueza entre os cotistas.
Se o valor dos títulos diminuiu em razão do aumento da taxa de juros implícita, conforme exemplo, é justo que os novos investidores paguem menos para entrar nesse fundo. Assim como é justo que os cotistas que queiram vender suas cotas recebam menos se optarem por resgatar.
O inverso é verdade. Se o valor dos títulos aumentou, em razão da redução da taxa de juros implícita, é justo que os novos investidores paguem mais para entrar nesse fundo. Assim como é justo que os cotistas que queiram vender suas cotas recebam mais se optarem por resgatar.
Bem, até aqui vimos que a relação entre taxa de juros e preço é inversamente proporcional: quando os juros de longo prazo sobem, o preço cai, e, quando os juros caem, o preço sobe.
Mas outro fator afeta o preço, o prazo dos títulos, que potencializa o efeito da oscilação da taxa de juros no preço. Quanto maior o prazo, maior será o impacto, positivo ou negativo.
Em fevereiro, as carteiras do IMA-B5 e IRF-M1 perderam valor pelo segundo mês seguido. O IMA-B5 , que reflete o desempenho dos títulos públicos indexados ao IPCA com mais de cinco anos, acumulou perda de 3,97% em 2021. O IRF-M1 , com prefixados acima de um ano, acumulou desvalorização de 3,37% no mesmo período.
Foi ruim o desempenho dos fundos que seguem esses parâmetros de referência, assim como os fundos multimercado que carregam esses títulos em suas carteiras. A boa notícia é que, quando e se o cenário contrário acontecer, redução dos juros e aumento do valor dos títulos, as perdas potenciais tendem a ser recuperadas.
Marcia Dessen
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