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Opinião Econômica

- Publicada em 26 de Janeiro de 2021 às 22:23

Histeria generalizada

Helio Beltrão

Helio Beltrão


JC
Helio Beltrão
Engenheiro com especialização em finanças e MBA na Universidade Columbia, é presidente do Instituto Mises Brasil
Engenheiro com especialização em finanças e MBA na Universidade Columbia, é presidente do Instituto Mises Brasil
Tenho notado alguma histeria de liberais e direitistas de diferentes tendências. É preocupante. O desequilíbrio emocional induz tolices, impede a visão desapaixonada das coisas como são e potencializa o pior em cada um. No atual ambiente de acirramento político e pandemia, tanto o presidente como alguns de seus opositores esticam a corda da exaltação excessiva.
Os erros do governo foram alçados pela parcela mais histérica à condição de "crimes de responsabilidade", que carecem de materialidade. Não se discute que suspeitas de crime precisam ser investigadas, como o caso das "rachadinhas". Porém é preciso ter os pés no chão e não misturar desejo e torcida com os fatos.
Este governo é barulhento, mais que os antecessores, prerrogativa legitimada pela própria democracia. Como mencionei em coluna anterior, o conjunto de todas as vozes dissonantes e antagônicas é que forma o verdadeiro tecido democrático.
O presidente optou por realinhar o debate político em termos que não sejam apenas tons de vermelho, como no passado recente. Isso obviamente não qualifica o presidente como "fascista", "genocida" ou outras atrocidades léxicas. Tal exagero enfraquece os argumentos do antagonista.
O governo cometeu erros na política externa, na gestão da pandemia, na timidez das reformas econômicas e, sobretudo, erros de comunicação. No fim de semana passado, em decorrência das trapalhadas com o início da vacinação, adotou postura distinta. Imediatamente após a queda nas pesquisas de popularidade, redirecionou com atraso o foco para a vacinação. Colocou no ar a campanha "Brasil imunizado, somos uma só nação". Parece ter finalmente compreendido que governar não se confunde com campanha política.
A incompetência do Poder Executivo na negociação e na distribuição de vacinas será avaliada pelos brasileiros em 2022, quando forem às urnas escolher o próximo presidente da República. Da mesma forma, serão avaliadas as atitudes de governadores e demais políticos.
As campanhas de impeachment com base em erros, e não em crimes, são fruto mais propriamente de preferências políticas e antecipação de campanha do que do funcionamento sadio das instituições.
Este ano será decisivo para o futuro do Brasil, com os desafios do controle da pandemia e da retomada do crescimento. São questões que dependem não só do Poder Executivo mas de todas as instâncias do poder público e, sobretudo, da iniciativa privada. O momento exige mais trabalho e menos foco em posicionamento político.
No Congresso Nacional, a bancada do Novo adota posição equilibrada, crítica e focada nas reformas de que o Brasil precisa. Independentemente do resultado da eleição para a presidência da Câmara, a candidatura Marcel van Hattem sinaliza o rechaço ao atraso e ao status quo da Realpolitik e o compromisso urgente com o futuro que desejamos.
Há questões críticas estruturais e conjunturais pela frente. Ainda somos um país pobre, com péssima qualidade na educação pública, fundado em um centralismo grotesco que restringe a livre a iniciativa e impõe privilégios.
Temos uma moeda enfraquecida em um movimento inflacionário sorrateiro. Temos energia cara, infraestrutura cara, uma burocracia asfixiante e um regime tributário insano. Não permitimos até hoje a abertura do comércio exterior.
Todos esses problemas terão que ser resolvidos por pessoas competentes e capazes de manter o equilíbrio emocional, que pavimentem um caminho para 2022 sem histeria.
Helio Beltrão
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