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Opinião Econômica

- Publicada em 07 de Dezembro de 2020 às 21:11

Sempre tem um 'se' ou um 'mas' ocultos

Opinião Econômica - Marcia Dessen

Opinião Econômica - Marcia Dessen


William Botlender / Arte JC
Marcia Dessen
Planejadora financeira CFP ("Certified Financial Planner"), autora de "Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro"
Planejadora financeira CFP ("Certified Financial Planner"), autora de "Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro"
Todos os dias me deparo com propagandas que tentam atrair a nossa atenção contando apenas um lado da história, o positivo. Informações que não ajudam ou atrapalham as vendas são simplesmente omitidas. Vejamos alguns exemplos.
"A vantagem dos planos de previdência em relação aos fundos de investimento é a inexistência do come-cotas", mecanismo que cobra o Imposto de Renda antecipadamente. Mas o anúncio omite aspectos desfavoráveis, como a carência de 60 dias entre um resgate e outro.
As plataformas de investimento procuram atrair investidores sugerindo "aplicação em renda fixa sem custo". É verdade que os depósitos bancários, como CDB, LCI e LCA, não cobram corretagem nem taxa de administração. Mas, a instituição ganha um spread quando compra o título do esmissor a 120% do CDI, por exemplo, e o vende a 110% do CDI, ficando com a diferença. Um custo disfarçado.
"Você não paga para abrir e manter sua conta, investe em Tesouro Direto, renda fixa e FIIs com taxa zero." As letras pequenas explicam os asteriscos e lá está a informação completa: "A corretagem zero é válida apenas para ordens executadas pelo próprio cliente nas nossas plataformas digitais. Consulte as taxas operacionais variáveis cobradas para ordens executadas pelos canais de atendimento".
A tabela revela os valores fixos cobrados, adicionados de um percentual sobre o volume investido, além de informar o valor mínimo de taxa operacional. Para pequenos investidores, um custo inviável que pode reduzir ou anular eventuais ganhos.
Com a alta dos últimos meses, o "investidor já recuperou as perdas na Bolsa". Isso se aproxima da verdade se o investidor aproveitou a queda para comprar mais e recompor o percentual que tinha em ações quando a desvalorização ocorreu.
Quem aplicou R$ 10.000 em fevereiro, por exemplo, "perdeu" 45% do capital investido em março. Se o investidor não fez nada, mantendo a posição de R$ 5.500 esperando recuperar a perda, só voltará ao ponto de partida quando o Ibovespa subir 80% em relação ao piso de março.
"Poupança perde para a inflação"; quem limita o comentário crítico à poupança se esquece de listar as diversas aplicações que não entregaram rentabilidade real e também perderam para a inflação, como alguns fundos e planos de previdência que cobram taxa de administração elevada e depósitos bancários, sem falar da rentabilidade negativa dos produtos de renda variável, mas só a poupança leva a pecha de produto ruim.
"Compre seu carro ou sua casa sem pagar juros" é a chamada dos anúncios que vendem consórcio. É verdade que não pagamos juros como em um financiamento tradicional. Mas pagamos taxa de administração sobre o valor total da carta de crédito, independentemente do valor depositado. Dizer que consórcio é investimento, ah, nesse caso não é omissão, é mentira.
Para fechar com chave de ouro, título de capitalização. Dois exemplos, o primeiro, em texto conceitualmente correto, diz: "Você guarda dinheiro para realizar os seus sonhos, concorre a prêmios e ainda recebe seu dinheiro de volta no final".
Outro, menos correto, informa que, "ao final do plano, recebe todo o seu dinheiro de volta corrigido monetariamente". Mas deixa de esclarecer que o rendimento incide apenas sobre parte do valor acumulado, resultando em rentabilidade nula. Aliás, venda proibida para menores de 16 anos indica que o produto não é inofensivo.
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