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Opinião Econômica

- Publicada em 16 de Novembro de 2020 às 21:33

A estratégia Biden

Opinião Econômica: Nizan Guanaes

Opinião Econômica: Nizan Guanaes


/Arquivo/JC
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Empreendedor
Em 1973, passei seis meses como estudante de intercâmbio em Pisgah, Iowa, no chamado "Bible Belt" dos EUA (o cinturão da Bíblia, com forte presença religiosa). A cidade é uma rua, e hoje tem menos de 300 habitantes.
Meu "pai" americano era fazendeiro, e minha "mãe", professora. Dolores e Donald Messenger eram muito diferentes de mim, mas muito amados, e me fizeram compreender a América profunda.
Donalds e Dolores foram às urnas no dia 3 e quase elegeram Donald Trump de novo. O presidente, grande comunicador, fala a língua deles, mesmo vindo da elite nova-iorquina.
O meu partido nos EUA, o Democrata, exagerou em determinado momento ao parecer governar as United Nations. Trump venceu em 2016 com a estratégia de governar os United States. "Make America Great Again", seu slogan, era tão bom que virou muito mais do que um slogan. Não fosse a pandemia, Trump talvez vencesse de novo. Mas sua gestão do vírus foi tão horrorosa que ele perdeu a campanha antes da campanha.
O meu Partido Democrata foi pragmático. Nas primárias, diante de alternativas mais à esquerda e mais vibrantes como Bernie Sanders, escolheu um centrista sereno, boa gente, religioso, que sempre foi o cara para se sentar com o oponente republicano no Senado e superar impasses.
Foi a estratégia serena desse político tarimbado, vice de Obama por oito anos, conhecedor da América profunda e do mundo, que conseguiu conquistar uma parte decisiva dos Donalds e Dolores e garantir a vitória.
Outro pilar da estratégia de Biden foi a escolha de sua vice, Kamala Harris, a primeira mulher e a primeira mulher negra a ocupar o posto. A energética e carismática filha de imigrantes trouxe vitalidade à chapa. E, para um candidato que começará a governar com 78 anos, ter uma vice energética e carismática é um hedge fundamental.
Kamala também representa os progressistas da Rainbow Coalition e as alas à esquerda do partido, preteridas nas primárias por despertarem extrema desconfiança nos eleitores mais ao centro e à direita.
Nasci no Pelourinho, fui locutor de rádio, vendedor de loja e, disciplinadamente, por causa da minha profissão, nunca deixei de ser antenado com o Brasil profundo e as emoções que o movem.
As pessoas de marketing ficam muito ligadas a tudo de novo no mundo, mas às vezes não sabem falar com o Nordeste, com o interior de Goiás, com o gaúcho da fronteira ou o ribeirinho da Amazônia. São pessoas que pensam diferente da visão predominante nos grandes centros ricos e cosmopolitas.
Nos EUA, são quase dois países diferentes. Pesquisa da Brookings Institution mostrou que Trump venceu em 2.497 condados que representam 29% da economia americana, enquanto Biden venceu em 477 condados que geram 70% do PIB. Quem consegue erguer pontes transita pelos dois. Biden conseguiu, e precisa governar para ambos.
Um dos maiores gurus e coachs da minha vida, Geraldo Walter dizia: "Quem pensa com raiva pensa mal". Biden venceu porque, em vez de odiar e desprezar os eleitores de Trump, entendeu que eles também fazem parte dos EUA.
E a vontade de entender essa população foi apoiada por táticas eficientes de mobilização do eleitor. Os democratas só ganharam porque estimularam, meses atrás, o voto antecipado e por correio (essencial num país com pandemia severa e voto facultativo).
Meu conselho a você, empresário: não despreze o seu Trump, como Biden não desprezou. O produto dele pode ser mais tosco, menos chique, mais básico, mas, se estiver ganhando mercado, não despreze. Admire e compreenda os Donalds e Dolores Messenger dele e adapte-se. Aprenda a falar com eles, e o seu resultado será melhor.
 
Nizan Guanaes
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