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Opinião Econômica

- Publicada em 07 de Outubro de 2020 às 03:00

Reflexões sobre o modelo americano

Helio Beltrão

Helio Beltrão


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Helio Beltrão
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Engenheiro com especialização em finanças e MBA na Universidade Columbia
Em menos de um mês ocorrem as eleições nos EUA entre Donald Trump e Joe Biden. Para muitos no mundo, o sistema adotado para eleger o presidente americano soa arcaico e incompreensível, até mesmo uma violação ao princípio de um voto por cabeça, fundação do princípio democrático. Ao contrário do que se supõe, o sistema é não somente representativo como democrático e espelha os princípios que nortearam a criação do país.
No sistema americano, o presidente não é eleito diretamente pelo voto popular como no Brasil. Os americanos não votam para presidente por meio de uma eleição nacional direta. Lá, são os 50 estados que elegem o presidente por meio do chamado Colégio Eleitoral, previsto na Constituição.
Cada estado participa nesse Colégio com número de "votos" idêntico à quantidade de assentos que detiver no Congresso, sejam deputados ou senadores. O Colégio é formado, portanto, por 538 votos totais, que representam os 435 deputados na Câmara dos Representantes, os 100 senadores no Senado e mais 3 votos especialmente atribuídos ao distrito federal (Washington D.C.).
Os oito menores estados possuem 3 votos (referentes a um deputado e aos dois senadores), e a Califórnia, que tem a maior população, possui 55 votos. O presidente eleito é aquele que obtiver a maioria dos votos no Colégio: 270, portanto.
No dia da eleição, 3 de novembro, vale a soberania parcial de cada estado unida à vontade do povo. São 51 eleições, uma em cada estado, e os votos detidos no Colégio são integralmente carreados para o candidato que houver vencido a votação popular naquele estado.
A população, portanto, democraticamente determina como o estado deve orientar seus votos. Ou seja, caso venha a superar Trump na Califórnia por qualquer margem, por menor que seja, Biden levará todos os 55 votos que a Califórnia detém no Colégio.
Em 48 dos 50 estados, as respectivas Assembleias Legislativas soberanas determinaram há tempos a mecânica acima para carrear seus votos. Em raras ocasiões pode ocorrer que o presidente eleito pela regra constitucional do Colégio obtenha menos votos populares que o opositor, ao se agrupar o voto popular nacionalmente. Foi o caso na última eleição de Trump. Essa aparente violação da democracia é repugnante para alguns, em especial para os perdedores. Adicionalmente, tem a antipatia daqueles que preferem um país unitário, desconsiderando a soberania de cada estado.
Os fundadores dos Estados Unidos tinham ojeriza pela ideia de que a maioria deve decidir tudo. Para eles, democracia são dois lobos e uma ovelha decidindo sobre o que jantar. Fundaram um sistema para garantir vida, liberdade e propriedade, por meio de uma república e da participação ativa da população.
Durante a Constituinte de 1787 para determinar a Constituição, houve um longo impasse, superado apenas pelo "Great Compromise" costurado por Franklin. Tanto a soberania dos estados quanto a representação por população seriam adotados no Legislativo: a Câmara dos Representantes teria assentos proporcionais à população e o Senado teria dois assentos atribuídos a cada estado, independentemente da população. Os menores estados ficaram sobrerrepresentados no Senado e se protegeram da vontade irrestrita da maioria.
Paralelamente, no Executivo o "Great Compromise" especificou o Colégio Eleitoral. Como no Legislativo, os menores estados estão sobrerrepresentados. A Califórnia tem 80 vezes mais população que Wyoming, mas apenas 18 vezes mais votos no Colégio.
Uma alteração da regra atual do Colégio Eleitoral, como muitos desejam, colocará em risco tanto o federalismo quanto a governança descentralizada que explicam grande parte do sucesso dos Estados Unidos nos últimos 250 anos.
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