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Opinião Econômica

- Publicada em 16 de Abril de 2020 às 21:55

Armadilha da liquidez

Rodrigo Zeidan

Rodrigo Zeidan


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Rodrigo Zeidan
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Professor da New York University Shangai (China) e da Fundação Dom Cabral. É doutor em Economia pela UFRJ
O Banco Central soltou mais de R$ 1 trilhão para o sistema financeiro, mas quase nada chegou às empresas. O crédito está bem paradinho nos bancos. A razão para isso é simples: o risco de pequenas e médias empresas (PMEs) disparou, já que é difícil saber que firmas vão estar em pé ao fim desta crise.
Assim, os bancos, para não contaminar seus balanços com créditos ruins, simplesmente sentam em cima dessa montanha de dinheiro. Os critérios de concessão de crédito ficaram mais restritivos. Pior, cada dia de inação em relação a esse problema custa milhares de empregos e aprofunda a crise.
O fenômeno de o sistema financeiro travar quando mais se precisa de crédito se chama armadilha da liquidez. Estamos presos dentro dela. Para sairmos, alguém tem que assumir os riscos de emprestar para PMEs -para fazer a ponte entre o período pré e pós-crise.
Há três soluções possíveis: criar novas regulações para punir bancos privados que segurem crédito, mandar algum banco público assumir mais riscos (BB, Caixa ou BNDES) ou dar mais poderes ao Banco Central.
Dessas opções, a melhor seria o BNDES, com garantia do Tesouro, assumir esses riscos, já que tem relacionamento com os bancos públicos e privados para isso.
O BNDES poderia assumir mais de 50% dos riscos dos empréstimos para PMEs, por exemplo, dadas algumas condições. Por exemplo, entre as condições para cobrir grande percentual dos custos correntes das empresas, estaria o de manter empregos. Informação sobre os custos das empresas os gerentes de contas dos bancos possuem. Embora um BNDES parrudo não fosse necessário em 2013, seria fundamental hoje.
O governo está indo por outro caminho e de forma muito lenta. O Banco Central lançou a ideia de uma proposta de emenda à Constituição que lhe daria poderes para comprar diretamente crédito do mercado, alterando o artigo 164, que define o papel da autoridade monetária.
A ideia é que os bancos privados poderiam emprestar para empresas, empacotariam esse crédito novo em títulos e o Banco Central os adquiriria, trazendo para si a ameaça de inadimplência. Mas com grandes poderes vêm grandes responsabilidades, como escreveu Stan Lee.
Essa maior autonomia deveria ser usada somente em épocas de grandes crises, quando o sistema financeiro está preso na armadilha da liquidez. Caso contrário, poderíamos cair em um risco maior ainda: o de ter um desgoverno usando o Banco Central para aumentar ainda mais o direcionamento de crédito na economia brasileira.
Não é para sair nada perfeito, mas uma solução para o empoçamento de crédito tem que vir logo. O cenário de incerteza é mortal, com o presidente dizendo uma coisa e seus ministros falando outra, enquanto alguns governadores mantêm uma quarentena mais forte e outros não.
O presidente do Banco do Brasil anunciou R$ 100 bilhões em novos empréstimos, mas disse que não ia aceitar nenhuma alteração no perfil de crédito da sua carteira.
Ou seja, esses R$ 100 bilhões são ilusão. Como o são os mais de R$ 1 trilhão "liberados" pelo Banco Central. E, pior, nem teremos dados sobre o mercado de trabalho para saber o tamanho da crise. Os dados do cadastro de empregados (Caged) não estão sendo publicados.
Ao anunciar, em 2012, que faria "tudo o que fosse necessário" para impedir que a zona do euro se esfacelasse, Mario Draghi salvou a economia europeia. Tudo o que for necessário para salvar empregos, grita a sociedade brasileira.
 
Rodrigo Zeidan
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