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Opinião Econômica

- Publicada em 08 de Março de 2020 às 20:25

Compre na baixa e venda na alta

Opinião Econômica: Marcia Dessen

Opinião Econômica: Marcia Dessen


/ARQUIVO/JC
Marcia Dessen
ARQUIVO FOLHAPRESS/ARTE JC
Planejadora financeira CFP (Certified Financial Planner), autora de Finanças pessoais: o que fazer com meu dinheiro
O desempenho do mercado acionário em 2019 foi generoso. Além das ações e dos fundos de ações, os fundos e planos de previdência que investem parte dos recursos nesse mercado foram beneficiados e registraram resultados superiores à taxa de juros básica da economia.
Aí veio a onda de provocações aos investidores conservadores, fortemente impelidos a parar de perder dinheiro na renda fixa, induzidos a migrar para investimentos mais rentáveis.
Não é simples assim. Embora a rentabilidade passada tenha sido alta, não significa que a trajetória seja tranquila e previsível, nem que o resultado seguirá positivo. A rentabilidade futura será determinada por eventos esperados, mas ainda desconhecidos.
O investidor da renda variável está acostumado a conviver com muita volatilidade, tem nervos de aço para atravessar períodos de muita turbulência e não entrar em pânico quando seu capital se desvaloriza, por exemplo, 10% em um único dia.
Quem é do ramo aproveita a queda de preços para investir mais. Quem entrou nessa sem estar preparado se apavora, resgata a aplicação tentando salvar o dinheiro que sobrou e, provavelmente, nunca mais investirá em ações. Como voltará para o mercado de renda fixa, não recuperará a perda.
Um mesmo mercado provoca reações muito diferentes nos investidores em razão do conhecimento (ou falta dele) acerca do mercado e do nível de tolerância a risco que esse investidor está disposto a correr para tentar ganhar mais.
O investidor em ações aceita o risco de mercado, tem tempo para esperar a recuperação dos preços em períodos de crise e dinheiro para comprar mais e recompor sua carteira.
Quem investe R$ 10 mil em ações e perde 30%, por exemplo, tem, agora, um capital de R$ 7 mil. Não faz nada, aguardando a recuperação. O mercado reage, acumula valorização de 30%, e o capital desse investidor é R$ 9,1 mil, ainda inferior ao capital originalmente investido.
Por quê? A queda de 30% incidiu sobre o capital de R$ 10 mil, e a alta de 30%, sobre um capital menor, de R$ 7 mil. Para voltar ao valor inicial, a carteira precisa de uma alta de quase 43%.
Quem acredita na recuperação do mercado e tem tempo e recursos disponíveis aproveita a queda dos preços para investir mais
R$ 3 mil, recompondo o capital originalmente alocado. Assim, a perda será recuperada quando a valorização atingir 30%, mesmo índice que gerou a perda.
Quem entra em pânico e resgata R$ 7 mil realiza o prejuízo de R$ 3 mil e se refugia na segurança da investimentos mais conservadores e menos rentáveis, anulando a chance de recuperar a perda.
A experiência certamente deixa algumas lições:
- Investir em ações, fundos de ações ou fundos multimercado que investem em ações não é adequado para todos os investidores;
- Não aceite recomendações genéricas de investimento que priorizam análises do mercado ou de produtos com baixa (ou nenhuma) adequação ao investidor;
- Investimentos conservadores são menos rentáveis, porém adequados para investidores com baixa (ou nenhuma) tolerância a perdas, única reserva da família, horizonte de tempo curto e necessidade de liquidez diária;
- Diversificação é importante, mas não elimina riscos e perdas. Um dos riscos aos quais o mercado acionário está exposto é o risco sistemático que atinge o conjunto de ações negociadas no mercado. O Covid-19 e seu impacto na economia mundial é o exemplo mais recente.
A diversificação não é um antídoto para esse tipo de risco; não existe proteção contra o risco sistemático.
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