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Opinião Econômica

- Publicada em 18 de Dezembro de 2019 às 21:41

BC deveria parar de reduzir os juros

Opinião Econômica - Solange Srour

Opinião Econômica - Solange Srour


/arquivo folhapress/jc
Solange Srour
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Economista-chefe da gestora ARX Investimentos. É mestre em Economia pela PUC-Rio
A mais recente decisão do BC de reduzir a taxa Selic para 4,5% foi totalmente antecipada. A surpresa veio na mensagem. O comitê ressaltou que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela, sendo os próximos passos da política monetária definidos pela evolução do cenário futuro.
No entanto, houve a avaliação de que os últimos dados de atividade e a maior eficiência do mercado de crédito podem resultar em uma redução da ociosidade mais rápida do que o antevisto e, com isso, produzir pressão inflacionária. A comunicação provocou forte ajuste no mercado de juros, com a diminuição nas apostas em novos cortes.
A recuperação cíclica parece ganhar tração. O desemprego está elevado, mas há um aumento considerável no ritmo de criação de vagas formais, estimulando trabalhadores desalentados a voltar ao mercado de trabalho. O desempenho do comércio e do setor de serviços vem surpreendendo positivamente.
O PIB deve crescer perto de 1,1% neste ano, com a demanda interna privada avançando 2,5%. Para 2020, esses números devem ser, respectivamente, 2,5% e 3,0%. Isso ocorre porque o PIB está sendo puxado pelo consumo privado e pelo investimento. Os números só não são melhores porque um quinto do PIB, o consumo do governo, deve cair 0,5% neste ano e se manter estável em 2020.
Dois fenômenos estão acontecendo no mercado de crédito e devem ser o foco do BC no curto prazo. O primeiro é a maior participação do crédito com recursos livres, em detrimento do crédito direcionado.
O direcionado possui taxas de juros subsidiadas para alguns setores da economia, enquanto o livre trabalha com as taxas de mercado, balizadas pela Selic. Esse fenômeno aumenta a potência da política monetária, justamente quando o grau de estímulo não encontra comparativos na história.
O segundo é o começo da desintermediação financeira, com o desenvolvimento do mercado de capitais.
A diminuição dos empréstimos do BNDES impulsionou a busca por financiamento via emissão de dívida. Paralelamente, o mercado de fintechs de crédito e bancos digitais tem evoluído rapidamente, fomentando uma competição saudável com o mercado bancário tradicional.
O BC não deu pistas claras de qual seria sua próxima decisão, deixando as portas abertas tanto para o fim do ciclo quanto para um corte mais cauteloso. Há razões para isso.
Quando o ciclo de política monetária está no seu início, fica mais fácil descrever com detalhes a previsão mais provável das futuras decisões. No entanto, ao chegar perto do fim do ciclo, a autoridade monetária geralmente faz uma política de sintonia fina, não encontrando o grau de certeza suficiente para deixar os próximos passos explícitos.
A taxa de juros está estimulativa, e seus efeitos possuem defasagens. O BC não deve ficar adicionando estímulos até a inflação desviar da meta. A calibragem final exige muita arte e um certo sangue-frio.
Por fim, nossas metas de inflação estão em processo de queda. A última, estabelecida para 2022, é de 3,5%, mas é desejável que possa ser reduzida gradualmente para 3%.
Neste estágio do ciclo, a Selic atual parece ser condizente com a trajetória da inflação rumo às metas no horizonte da política monetária. O BC cumpre o seu papel de colocar a inflação no objetivo estabelecido, com a recuperação cíclica diminuindo nossa capacidade ociosa.
Os desafios do crescimento sustentável ficam a cargo do ajuste fiscal ainda a ser consolidado e da busca por uma maior produtividade da economia.
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