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Opinião Econômica

- Publicada em 22 de Outubro de 2019 às 21:12

O populismo ataca o Chile

Helio Beltrão

Helio Beltrão


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Helio Beltrão
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Muitos pensavam que o Chile estivesse imune ao populismo. Afinal tem, ao lado do Uruguai, a maior renda per capita da América do Sul, 78% maior que a brasileira.
Além disso, o Chile é há dez anos membro da OCDE, grupo de países que implementam as melhores práticas, que o Brasil sonha integrar no futuro.
Entre os 34 países da OCDE, possui a maior mobilidade social, que significa que a probabilidade do filho de um pai que pertence ao quartil de menor renda permanecer nesse mesmo nível é comparativamente a mais baixa; e que a probabilidade que suba ao quartil de maior renda é comparativamente alta. Finalmente, tem o décimo melhor sistema de aposentadoria do mundo, segundo a Bloomberg.
Mas o populismo se alimenta do potencial de riquezas a pilhar e acaba de regressar ao Chile com furor. Nem todos estavam alheios a esse risco. O analista político-econômico chileno Axel Kaiser advertiu em 2007 no livro "El Chile Que Viene" sobre a falsa sensação de segurança após seguidos anos de crescimento e previu a ruptura social que resultaria das péssimas políticas públicas do governo da socialista Michelle Bachelet.
As angústias da população têm fundamento. As tarifas de serviços de utilidade pública têm subido mais que o aumento de renda, em parte por conta da alta de 10% do dólar desde março. A qualidade dos serviços públicos se deteriora há muito tempo. Ademais, embora o crescimento seja robusto, estimado em 2,5% em 2019, não é suficiente para dinamizar a renda como outrora.
No entanto as demandas pacíficas das ruas, legítimas, estão sendo exploradas por grupos políticos e ideológicos com vistas a implementar uma nova Constituição no estilo de Hugo Chávez. Aliás, é um clássico na América Latina a dificuldade da esquerda em aceitar a perda de uma eleição e sua disposição em desestabilizar qualquer governo não alinhado com a suposta superioridade de seus ideais.
Seguindo a cartilha, a extrema esquerda (Frente Ampla e Partido Comunista) se recusa a dialogar e já pede a renúncia do presidente Sebastián Piñera. Ainda mais grave, tolera os atos generalizados de vandalismo e depredação que já causaram a morte de 15 pessoas, além de dezenas de milhões de dólares de prejuízo patrimonial. Por último, exige que os militares empenhados em restabelecer a ordem saiam das ruas. A violência é uma de suas armas.
A maior parte da população está apreensiva com a segurança de sua família e com a dificuldade de chegar ao trabalho. Muitos devem se dar conta de que serão vítimas da desordem que a esquerda incita. A maioria silenciosa vencerá desta vez? É difícil dizer.
Causa estranheza que os especialistas na mídia ao redor do mundo, inclusive no Brasil, unanimemente apontem a desigualdade de renda como a causa primordial dos protestos, desconsiderando a complexidade dos fatos. No Twitter, chegou a trending topic #1 no mundo a hashtag "PiñeraDictador". É prova de que os agitadores de esquerda estão vencendo a batalha de narrativas.
Caso triunfem, o pacote estará estabelecido: mais cheques para a população; tabelamento dos preços da energia elétrica, água e esgoto, transporte, remédios; aumento do salário mínimo. Aos populistas, sabemos, é irrelevante se há ou não dinheiro para tal.
A mentalidade marxista é prevalente na América Latina. Sua face visível é pavorosa como a de um joker. No Brasil, aprendemos muito entre os protestos de 2013 e 2015. Que também no Chile "o triunfo do homem verdadeiro surja das cinzas de seu erro", como dizia o comunista Neruda.
Engenheiro com especialização em finanças e MBA na Universidade Columbia, é presidente do Instituto Mises Brasil
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