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Opinião Econômica

- Publicada em 05 de Setembro de 2019 às 21:17

Muito barulho por nada


/Arquivo/JC
Vamos combinar que o mundo já está complicado demais, com guerra comercial e geopolítica entre Estados Unidos e China, os sinais de recessão da economia global em 2020, os fenômenos climáticos cada vez mais intensos em toda parte, para nos distrairmos, no Brasil, com discussões que mais produzem calor que energia.
Vamos combinar que o mundo já está complicado demais, com guerra comercial e geopolítica entre Estados Unidos e China, os sinais de recessão da economia global em 2020, os fenômenos climáticos cada vez mais intensos em toda parte, para nos distrairmos, no Brasil, com discussões que mais produzem calor que energia.
Energia é o que o país mais precisa para sair da estagnação, não de retórica pensada para inflamar apoiadores e sem resultado prático nenhum para mover a economia e criar empregos. O produto econômico (PIB) vem crescendo apenas 1,1% ao ano desde 2017.
É o que explica a multidão de desocupados e subempregados, da ordem de 25% da força de trabalho de 106 milhões de brasileiros. E também a inflação girando abaixo da meta do Banco Central pelo terceiro ano seguido. Desemprego elevado, renda estagnada, crédito caro e alta ociosidade da produção não estimulam o consumo. Nem movem o investimento.
Tempo de sobra tivemos desde 2008, quando a grande crise de Wall Street varreu o mundo, para reformar a estrutura apodrecida do Estado brasileiro e criar as condições para liberar as forças criativas do setor privado.
Mas pouco se fez, embora medidas relevantes tenham sido aprovadas, como o teto do gasto público e a reforma da Previdência em fase final de votação no Senado.
E mais uma vez ressurge uma combinação desafiadora de eventos externos sem que tenhamos avançado reformas de 20 anos atrás.
Não enfrentamos o anacronismo tributário nem o desperdício de parcela relevante dos impostos com benefícios da burocracia e desonerações a setores econômicos.
O auxílio-moradia a juízes e procuradores, por exemplo, consome R$ 466 milhões por ano, em média. E falta dinheiro para bolsa de estudo, pesquisa, infraestrutura etc.
Por mais tentadores que sejam para o governante o discurso populista e as crises de proveta, não é disso que o país precisa. Tais crises não deixam a economia fluir, colocam-nos em posição de grande fragilidade diante dos desafios e esmorecem o ânimo empresarial para investir. Não têm serventia nenhuma.
Pela ótica empresarial, os progressos na área econômica já deveriam, a esta altura, estar refletidos nos índices de confiança. A reforma previdenciária está praticamente concluída, com resultado relevante para o déficit fiscal no médio prazo, e o nó tributário tende a ser desatado pelo Congresso com apoio dos governadores, o que é inédito.
A venda do controle da BR Distribuidora mostrou que o processo de privatização é para valer. E o Banco Central praticando juros nos níveis mais baixos já vistos compõe o quadro de avanços na área econômica.
A isso se agrega o início da fase final do acordo entre Mercosul e União Europeia, marco importante para uma das economias mais fechadas do mundo. Tais progressos são históricos.
Mas o ambiente interno é de tensão permanente. E no externo já não há o goodwill que sempre nos distinguiu. Em ambos, destaca-se a atuação errática reforçada por declarações inapropriadas do presidente.
Já não se dá como fácil o desfecho do acordo com a Europa e se vê com apreensão o posicionamento do Brasil em meio ao conflito entre China e Estados Unidos, os dois principais parceiros do país.
E isso a troco do quê? Tem muito em jogo para pôr em risco, a começar pelo crescimento econômico esquálido, que não tira as contas públicas do córner nem minora a tragédia social.
Empresário, conselheiro da Natura
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