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Opinião Econômica

- Publicada em 13 de Junho de 2019 às 21:20

Para levantar o astral


/Arquivo/JC
Semana passa, semana entra, e a agenda de assuntos quentes nas últimas décadas é uma sequência sem fim de confusões no setor público, escândalos na política e problemas econômicos ricos em diagnósticos e pobres em soluções.
Semana passa, semana entra, e a agenda de assuntos quentes nas últimas décadas é uma sequência sem fim de confusões no setor público, escândalos na política e problemas econômicos ricos em diagnósticos e pobres em soluções.
A mesma história se repete neste início de outro ciclo presidencial, com a economia estagnada e o desemprego nas alturas.
Se crescimento econômico aos soluços, tipo "para/anda", fosse normal, anormal seria a prioridade que nunca tivemos do investimento como motor do desenvolvimento. Se déficit público indicasse pujança social, a reforma da Previdência não estaria no centro das atenções de todos os governos desde 1995.
Aquilo a que assistimos há muito tempo é uma construção às avessas, indicando carência de visão sobre os fatores que tornam próspera uma nação.
O voo curto das ambições dos governantes tem sido tão recorrente quanto as muitas crises da economia em nossa história. Comuns a todas elas foram a demora dos governos em reagir a eventos externos, a má alocação das receitas de impostos e do endividamento do Tesouro, a falta de um plano para acelerar a produtividade e o crescimento de longo prazo, além de um misto de inépcia e inércia na administração da máquina pública.
Não dá para ter condescendência com um sistema de gestão pública que apresenta déficit nominal do Orçamento federal pelo menos desde 1991, implicando, como consequência, uma montanha de dívida sem a contrapartida do investimento público, que só fez definhar.
Está reduzido a 0,4% do PIB, R$ 28 bilhões, o menor em 10 anos, quando só para manter a infraestrutura existente deveria ser de 3%. O resultado se vê no colapso das vias urbanas, nas estradas esburacadas, na saúde precária. A lista de mazelas é extensa.
Essa é a razão da reforma da Previdência, como fora antes da fixação de teto para o aumento do gasto orçamentário. Simples: o dinheiro dito do governo, mas na verdade arrecadado à sociedade, acabou há muito tempo sem legar um estoque de ativos públicos e privados essenciais para a economia e o bem-estar da população.
Sobrou o recurso ao endividamento, hoje esgarçado, pois dependente da confiança de investidores e empresários na capacidade do governo e de políticos de cortar gastos, remover burocracias e mobilizar o crescimento, outra vez flertando com a recessão.
Tais mudanças deveriam estar sincronizadas com a reforma da Previdência, indicando os caminhos para o crescimento - o qual não se esgota no ajuste fiscal - e o senso de urgência para alcançarmos as transformações tecnológicas em curso no mundo.
O governo perde tempo e compromete sua credibilidade com sinalizações polêmicas, como as que desorganizam a educação, o ambiente e as relações externas, em vez de buscar ampliar a coesão reformista e a sua base de apoio no Congresso Nacional.
O seu capital político vem se esvaindo sem que tenha mostrado suas propostas para a educação, a saúde, a segurança e o ambiente, além de abertura comercial consistente e a reforma tributária, entre outras.
Não há nada errado com o Brasil, exceto a resistência dos entrincheirados no status quo do atraso e a dificuldade de nossas lideranças em aceitar o progresso. Como empreendedor, sinto-me obrigado a dizer: sem mudanças profundas, seremos um país muito chato.
Empresário, conselheiro da Natura
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