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Opinião Econômica

- Publicada em 08 de Outubro de 2018 às 01:00

Semáforo mental

Opinião Econômica: Marcia Dessen

Opinião Econômica: Marcia Dessen


/ARQUIVO/JC
Marcia Dessen
Ana quer ajudar o irmão, que passa o mês todo, todos os meses, no vermelho, a mudar a forma de encarar o dinheiro e me escreveu pedindo indicação de curso sobre educação financeira. Ela quer que ele aprenda e mude a maneira de pensar.
Ana quer ajudar o irmão, que passa o mês todo, todos os meses, no vermelho, a mudar a forma de encarar o dinheiro e me escreveu pedindo indicação de curso sobre educação financeira. Ela quer que ele aprenda e mude a maneira de pensar.
Infelizmente, informação e conhecimento não são suficientes. Programas educacionais não mudam comportamento. Embora razão e emoção sejam indissociáveis, a emoção é mais poderosa do que a razão. Repetimos equívocos e temos dificuldade de aprender com a experiência.
Em "Decisões econômicas, você já parou para pensar?", Vera Rita de Mello Ferreira, psicóloga e psicanalista que trabalha na implantação da psicologia econômica no Brasil desde 1994, escreve de forma direta e bem-humorada sobre a importância e o peso das emoções nas nossas decisões.
"Escolher a melhor alternativa para proteger seu dinheiro, ser capaz de ganhá-lo, evitar perdê-lo, não desperdiçar, dar conta de tudo que precisa ser pago, fazer o pé de meia para a velhice - entre tantas outras decisões econômicas que precisamos tomar ao longo da vida - não costuma ser fácil", diz.
Segundo ela, há uma espécie de semáforo na nossa cabeça. Restringimos nosso universo de ideias àquelas que nos parecem compatíveis com o que acreditamos, desejamos e esperamos que aconteça.
O "semáforo" na nossa mente fica verde quando o que percebemos nos agrada e acreditamos ser real, factível ou provável; mas fica vermelho quando nos desagrada, achamos que não é verdade, não vai acontecer, não tem nada a ver.
Adoramos gratidão e alívio de tensão, imediatos; acreditar que está tudo bem e que seguirá assim eternamente; ganhar, tudo e qualquer coisa; ser aceitos e sentir que pertencemos a um grupo ou situação; ter companhia, inclusive para errar junto, melhor do que acertar sozinho.
Damos preferência para o prazer imediato, mesmo que o prazer futuro seja maior. Esse comportamento ajuda a entender por que preferimos gastar dinheiro agora, com coisas que nos darão satisfação imediata, a guardar dinheiro para o futuro, distante e incerto.
Temos aversão à incerteza, ambiguidade e complexidade. Queremos tudo simples, quanto mais simples, melhor. Ajuda a entender a preferência pela poupança na hora de guardar dinheiro.
Detestamos perdas e faltas; reconhecer que erramos, que somos limitados e que temos aspectos destrutivos; tudo o que contraria nossas crenças, expectativas e desejos; ficar de fora; pensar e tomar decisões.
Tomar decisões é uma tortura, preferimos que decidam por nós. Comum deixar o gerente aplicar nosso dinheiro, como se fosse dele, na opção que ele considera a melhor. Como?!
Ou então acompanhamos a escolha padrão, recomendada e pré-selecionada, a que não precisa pensar para escolher. Essa arquitetura de escolha foi bem-sucedida nas companhias que queriam aumentar a adesão dos funcionários ao plano de previdência que oferece incentivo fiscal e aporte da empresa em nome do funcionário.
Não aderir é impensável, é deixar dinheiro na mesa. Mesmo assim poucos aderem em razão do processo difícil, confuso, com muitas opções a considerar. O funcionário quer aderir, mas não o faz por inércia.
As empresas que simplificaram o processo conseguiram aumentar consideravelmente a adesão ao plano, ao apresentar um formulário que assinala, previamente, que a pessoa quer aderir e a porcentagem de contribuição.
O funcionário adere automaticamente e, embora tenha a chance de escolher outra opção, novamente por inércia, deixa o dinheiro lá. Que bom que decidiram por ele!
Planejadora financeira CFP ("Certified Financial Planner"), autora de "Finanças pessoais: o que fazer com meu dinheiro"
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