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Opinião Econômica

- Publicada em 27 de Setembro de 2018 às 22:07

Cartas, recados e vídeos

Opinião Econômica: Nelson Barbosa

Opinião Econômica: Nelson Barbosa


/Arquivo/JC
Nelson Barbosa
Faltam nove dias para a eleição e Fernando Haddad tem grandes chances de ir ao segundo turno presidencial. Caso isto aconteça, vale lembrar Pepe Mujica: na política, nenhuma derrota é definitiva e nenhuma vitória é final.
Faltam nove dias para a eleição e Fernando Haddad tem grandes chances de ir ao segundo turno presidencial. Caso isto aconteça, vale lembrar Pepe Mujica: na política, nenhuma derrota é definitiva e nenhuma vitória é final.
Muito ainda pode acontecer na próxima semana, pois temos tradição de denúncias infundadas, geralmente contra a esquerda, em véspera de eleição. Torço para que isto não se repita neste ano, apesar de esperar o pior do antipetismo vivandeiro.
O crescimento de Haddad já levou o mercado a cobrar uma carta, do PT, sobre suas intenções na economia. Política econômica é importante, mas não é a única coisa em jogo nas eleições deste ano. A eleição é para presidente, não um "The Voice Economistas".
Vivemos nossa maior crise política desde 1964 e, portanto, o foco dos principais candidatos tem sido mais institucional do que econômico.
Do lado do PT, houve a carta transferência de votos: diante do absurdo de se condenar alguém por um ato de ofício inexistente, a luta pela liberdade de Lula continua nos tribunais. Já nas urnas, Lula é Haddad e Haddad é Lula.
Do lado do PSDB, por enquanto houve duas mensagens importantes. A primeira foi a carta autocrítica, do presidente do PSDB, Tasso Jereissati, que lamentou a postura tucana de não aceitar o resultado eleitoral de 2014 e apoiar o governo Temer. Ainda falta reconhecer o erro do golpe de 2016, mas é um começo.
A segunda mensagem do PSDB, como apontou Ricardo Kostcho, foi a carta desespero de Fernando Henrique pregando a união da direita em torno de Alckmin. O pedido foi solenemente ignorado pelos demais candidatos que apoiaram o golpe de 2016. As coisas podem mudar até a eleição, pois esta campanha é imprevisível, mas Fernando Henrique parece não ter recebido apoio.
Também houve mensagem por parte de Jair Bolsonaro, neste caso um vídeo do hospital, colocando em dúvida o resultado das eleições caso ele seja derrotado. Desejo rápida e total recuperação ao candidato do PSL e abomino toda e qualquer violência, contra eleitores e candidatos. Dito isso, é preciso enfatizar que a postura de Bolsonaro em nada ajuda a estabilidade institucional do País.
Voltando ao PT, o crescimento das intenções de voto em Haddad gerou alguns recados do candidato ao mercado.
Os principais foram o elogio ou aceno ao BC de Ilan Godlfajn e a declaração de que a reforma da Previdência não é tabu, desde que discutida com a sociedade. Traduzindo do petistês, isto significa ouvir novamente patrões e empregados, antes de enviar proposta ao Congresso.
A postura de Haddad segue a tradição do PT, que consulta várias pessoas sobre o mesmo assunto antes de tomar decisões. Em vez de um posto Ipiranga, Haddad tem uma rede de postos BR para ouvir sugestões e construir soluções, e obviamente divergir entre si.
Também não podemos esquecer os vídeos do presidente Temer, que descobriu seu talento youtuber. Nesta campanha de alta tensão política, as declarações de Temer enumerando quem apoiou ou participou de seu governo são elegantes e impagáveis, além de úteis para informar ao eleitor em quem não votar.
E como lembrou Elio Gaspari, recomendo os vídeos de Marcelo Adnet, imitando os principais candidatos à Presidência. Nesta sexta-feira sai a versão Haddad, terça-feira Daciolo, enquanto Meirelles ainda não foi chamado.
No ambiente inflamável desta campanha, o humor é sempre bom para desanuviar o ambiente e mostrar que, assim como nós, todos candidatos são humanos. Não haverá salvador da pátria. Teremos de nos entender nós mesmos.
Professor da FGV-SP, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento (2015-2016). É doutor em economia pela New School for Social Research
 
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