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Olhar da Fé

- Publicada em 17 de Fevereiro de 2021 às 20:35

Desafiados ao diálogo

Por Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Por Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Os cristãos são chamados a viver coerentemente o amor a Deus e o amor ao próximo. O tempo da Quaresma representa uma oportunidade privilegiada para avaliar a intensidade do exercício do amor. Não é suficiente cultivar uma formalidade marcada por esteticismos; é necessário que o exercício seja intenso e metódico. Por isso, a Igreja do Brasil exorta suas comunidades a cultivar o diálogo com Deus e entre pessoas que se reconhecem como tal, qual exercício de amor.
O diálogo pressupõe capacidade de silenciar para colher aquilo que o outro está querendo expressar. Sem silêncio e capacidade de escuta, o diálogo é impossível. Diálogo é distinto de discussão. Na discussão, se parte de diferentes posições, eliminam-se as diferenças, para que, ao final, se alcance unanimidade numa posição comum, aceita por todos que nela participam.
O diálogo implica disposição para movimentar a própria posição, ceder, dar lugar, questionar a si mesmo, vivificar as próprias palavras e conceitos. Para dinamizar espaços de diálogo, é necessário, por vezes, abandonar a própria posição e fixação das palavras para se dispor à atitude do servo inútil, isto é, daquele que não faz reivindicação da sua posição, defesa dos próprios conceitos, mas se dispõe a realizar o caminho, e se abre para acolher a Verdade, não simplesmente como gostaria que ela fosse, mas como a vida mostra e ensina.
O autêntico diálogo é um itinerário de busca e iluminação, de gestação e de libertação. Ele se caracteriza pela serenidade de duas pessoas que procuram a verdade. Pode também ter a peculiaridade da verdade que se coloca como a luz, e a mentira que se opõem; é o encontro-desencontro entre a oferta e a rejeição da vida. Este é o caminho da fé, como se pode colher em vários relatos evangélicos.
Para quem se empenha em testemunhar a fé no cotidiano, a pergunta que sustenta toda forma de diálogo traz a marca da antropologia cristã: o que está em questão mata ou vivifica o ser humano?
Numa sociedade em que se verifica a deterioração da ética, a exacerbação do individualismo sem conteúdo e a autorreferencialidade, o enfraquecimento dos valores espirituais e do sentido de responsabilidade, se impõe a necessidade de espaços de diálogo para superação dessas situações, sobretudo para resgatar a importância de Deus no convívio social e da dignidade do outro.
Exasperações, exacerbações e polarizações não conduzem a lugar algum. Elas são as armas para alimentar controvérsias e contraposições, cujo único objetivo é desqualificar e eliminar o outro.
A Quaresma, através de suas práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração, oferece uma oportunidade para o resgate da importância do diálogo, qual caminho para a construção de uma sociedade justa e fraterna.
CONIC RS e CNBB Sul 3 lançam Campanha da Fraternidade Ecumênica - O Conselho de Igrejas Cristãs do Rio Grande do Sul e o Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil realizaram nesta Quarta-Feira de Cinzas (17), a abertura da quinta edição da Campanha da Fraternidade Ecumênica. Em 2021, o tema da Campanha é “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”, extraído da carta de São Paulo aos Efésios, capítulo 2, versículo 14. O lançamento da CFE no Rio Grande do Sul aconteceu por meio de uma coletiva de imprensa virtual, coordenada pelo pastor Adelcio Kronbauer, presidente do Conic-RS e pela secretária Executiva da CNBB Sul 3, Sandra Zambon. Como convidados para o momento participaram Dom José Gislon, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil no Rio Grande do Sul; Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da CNBB; o pastor Sinodal Gilciney Tetzner, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil; e a bispa Meriglei Borges Simim, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – Diocese de Pelotas. Na ocasião, Dom José alertou para a realidade de pandemia que estamos vivendo e reforçou que o “distanciamento social rompeu a convivência social, espiritual, familiar e comunitária”. “Em nosso país vemos crescer o ódio em detrimento da busca e do fortalecimento de uma convivência pacífica e fraterna, que nos une como irmãos e irmãs residentes na casa comum. A Campanha da Fraternidade Ecumênica é uma oportunidade que o Espírito Santo nos oferece para peregrinarmos para dentro do nosso coração e nos colocarmos em diálogo com o Cristo Jesus. [...] O diálogo com Cristo abre o nosso coração para acolher quem não conhecemos”, destacou Dom Gislon. Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e vice-presidente da CNBB, finalizou a fala dos convidados lembrando as cinzas da celebração desta Quarta-feira – que nos apontam a finitude do ser humano – e as práticas quaresmais do jejum, da oração e da esmola. “Numa sociedade em que se verifica a deterioração da ética e a exacerbação do individualismo, se impõe a necessidade de espaços de autêntico diálogo para resgatar a importância de Deus no convívio social e da nobreza de cada ser humano” concluiu Dom Jaime. Também participou da coletiva a pastora Cibele Kuss, secretária Executiva da Fundação Luterana de Diaconia, e os membros da Coordenação do Conselho Regional de Igrejas Cristãs. A Campanha será realizada em todo o Brasil pelas Igrejas integrantes do CONIC, nas comunidades, paróquias, dioceses, escolas, universidades, grupos e congregações. Para assistir ao vídeo do lançamento acesse o link: https://youtu.be/rWQ3YJ00ixg
44ª Romaria da Terra será lançada na próxima terça-feira (16) - Desde a 43ª Romaria da Terra, em Mormaço, na Diocese de Cruz Alta, os romeiros e romeiras da terra aguardam para se reunir em Ilópolis, na Diocese de Santa Cruz do Sul. Com o adiamento da 44ª Romaria para 2022 – conforme nota publicada em agosto de 2020, foi confirmada a realização do encontro no dia 1º de março de 2022. Em 2021, devido a pandemia do Coronavírus, não será possível realizar a Romaria como em edições anteriores. Mas esse marco histórico não ficará esquecido. No dia 16 de fevereiro, próxima terça-feira, às 19h, será realizada uma programação especial de resgate histórico das romarias e lançamento da 44ª Romaria da Terra. O evento será transmitido nas redes da CNBB Sul 3, Comissão Pastoral da Terra, Cáritas, Rede Soberania, Brasil de Fato, Diocese de Santa Cruz do Sul e Romaria da Terra do RS. A Diocese de Santa Cruz do Sul sediará pela terceira vez a Romaria da Terra no Rio Grande do Sul. A primeira edição aconteceu no dia 27 de fevereiro de 1990 em Herveiras e refletiu o tema “Povo que luta defende a vida”. A segunda foi realizada em 08 de fevereiro de 2005 na Linha Sítio em Cruzeiro do Sul e teve como tema “Nossas sementes, nossas raízes, nossa vida”. Agora têm o desafio de organizar a Romaria da Terra para o próximo ano de 2022. A 44ª Romaria da Terra em Ilópolis-RS, paróquia Santuário São Paulo Apóstolo, refletirá o tema Agricultura Familiar e Agroecologia: Sinais de Esperança e terá como lema Irmãs e Irmãos Cuidemos da Mãe Terra.
Mensagem do Papa: a Quaresma é uma viagem de regresso a Deus - O Papa Francisco presidiu a missa com o Rito de imposição das Cinzas, na manhã desta Quarta-Feira de Cinzas (17), na Basílica de São Pedro, no início do tempo da Quaresma. “Convertei-vos a mim. A Quaresma é uma viagem de regresso a Deus” que “lança um apelo ao nosso coração. Na vida, sempre teremos coisas a fazer e desculpas a apresentar, mas agora é tempo de regressar a Deus”, disse o Pontífice em sua homilia. A seguir, acrescentou: “A Quaresma é uma viagem que envolve toda a nossa vida, tudo de nós mesmos. É o tempo para verificar as estradas que estamos percorrendo, para encontrar o caminho que nos leva de volta a casa, para redescobrir o vínculo fundamental com Deus, do qual tudo depende. A Quaresma não é compor um ramalhete espiritual; é discernir para onde está orientado o coração. Tentemos saber: Para onde me leva o 'navegador' da minha vida, para Deus ou para mim mesmo? Vivo para agradar ao Senhor, ou para ser notado, louvado, preferido? Tenho um coração 'dançarino' que dá um passo para a frente e outro para trás, amando ora o Senhor ora o mundo, ou um coração firme em Deus? Sinto-me bem com as minhas hipocrisias ou luto para libertar o coração da simulação e das falsidades que o têm prisioneiro?” Saiba mais sobre a mensagem do Santo Padre no link: https://bit.ly/3pzaDJL.
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