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Olhar da Fé

- Publicada em 15 de Julho de 2020 às 21:12

Pandemia: tempo oportuno para repensar o modo de viver e conviver

Dom Aparecido Donizeti de Souza, Bispo Auxiliar de Porto Alegre.
Dom Aparecido Donizeti de Souza, Bispo Auxiliar de Porto Alegre.
O ser humano, dotado de capacidades e virtudes, tem a possibilidade de escolher a maneira com a qual vê e se relaciona com um acontecimento ao seu redor. Certamente já se ouviu dizer que a mesma realidade pode ser vista a partir de pontos de vista diferentes. Sabemos que não basta ver as coisas, mas é preciso, sim, um olhar mais profundo, reflexivo e empático, no desejo de compreender melhor os pequenos e grandes acontecimentos da vida. Sem dúvida, o modo com o qual se vê a realidade, influencia no modo de viver e conviver seja consigo mesmo, com os outros, com o meio ambiente e com Deus.
A pandemia pela qual estamos passando, seguramente, traz em si a possibilidade para o ser humano repensar o todo de sua vida e perceber melhor quais são as motivações que o movem no seu modo de viver e conviver com seus semelhantes. Tudo indica que aquilo que se tem dentro de si aflora muito mais em tempos como esse que vivemos atualmente. Se são motivações altruístas, marcadas pelo desejo de promover a paz, o amor e favorecer uma vida mais digna para os seus, incluindo, sobretudo, os mais desprovidos de condições dignas de vida, certamente esse potencial vai aflorar muito mais. Mas também pode acontecer o contrário: caso predomine no coração humano desejos e sentimentos egoístas e mesquinhos, a tendência é que aflorem mais ainda causando efeitos danosos a si mesmo, aos seus e com consequências desastrosas para muitos outros ao seu redor.
O fato é que todo ser humano, no uso adequado de sua razão, tem capacidade para fazer escolhas diferentes. Não precisa deixar o lado egoísta, mesquinho, individualista predominar em seu ser. Pode, com certeza, discernir e escolher valores mais sublimes que orientem a vida no dia a dia, de tal modo que seja uma presença que favoreça a construção de um mundo melhor, mais humano, fraterno e solidário. Já na Sagrada Escritura encontramos o seguinte: “vê, eu ponho diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal... escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência, amando ao Senhor, teu Deus, dando ouvido à sua voz e apegando-te a ele...” (Dt 30, 15.19b – 20).
Assim sendo, esse tempo de pandemia pode ser aproveitado pelo ser humano como oportunidade para desenvolver valores mais sublimes e o mesmo se apegar ao que é mais essencial. O mundo pode ser melhor, mas isso depende da escolha de cada um no seu modo de viver e conviver com os seus, com o meio ambiente e com o próprio Criador de todas as coisas.
Mensageiro segue contribuindo na pandemia - O período de isolamento social agravou a situação das famílias em situação de vulnerabilidade social, mas o Mensageiro da Caridade mantém suas atividades com o objetivo de assegurar a dignidade para milhares de pessoas beneficiadas por suas ações e suas redes de cooperação. Segundo o Diretor Executivo, Luís Carlos Campos, graças à generosidade dos doadores foi possível auxiliar as famílias e especialmente as pessoas que perderam o emprego ou tiveram sua atividade produtiva suspensa porque atuavam no mercado informal. Diversas ações contribuíram para estimular a prática da solidariedade.
Veja algumas iniciativas:
  • Criação do hotsite ajude.mensageirodacaridade.org orientando os apoiadores para a doação de alimentos, roupas e recursos financeiros;
  • Live Show “Inspirando a Caridade pelo Mensageiro”, realizada no dia 26 de junho, com a apresentação musical de vários cantores católicos como Vini Elias.
  • Mobilização de recursos financeiros, por meio do apoio de empresas, iniciativas de voluntários e doações de bens que asseguraram o auxílio às famílias.
  • Centros sociais do Mensageiro da Caridade realizaram grande operação de apoio à população neste período de pandemia, utilizando recursos próprios e mobilizando apoiadores às unidades de atendimento social auxiliaram os núcleos familiares dos beneficiários e outras famílias do entorno da Vila Maria da Conceição e da Vila Cruzeiro.
  • Centro Social Madre Madalena seguiu atuando no acolhimento de demandas das famílias da comunidade e no acompanhamento dos participantes dos SCFV, com atendimentos individuais para encaminhamento de demandas, esclarecimento de dúvidas, orientação às famílias quanto aos cuidados de higienização necessários e recomendações sanitárias de prevenção ao COVID-19. Durante o mês de junho, serviu de base para as atividades do GT COVID-19 Vila Cruzeiro, que monitora e orienta a comunidade sobre os cuidados na pandemia. Distribuição de 160 cestas básicas e destaque para a parceria com a Partners of the Americas, ONG do Estado de Indiana (EUA), que vai realizar promoções beneficentes para destinar recursos ao Centro Social, a fim de apoiar o atendimento às famílias.
  • Centro Social de Cultura e Arte Pe. Irineu Brand realiza, por meio de parcerias com empresários do ramo alimentício e pessoas físicas, como a Doceria Charlie Brownie, que possibilitou a distribuição de 150 cestas básicas contendo ovos, leites, pães, margarina e achocolatado. Também foram entregues 150 cestas básicas com doações recebidas por pessoas físicas e parceiros. Através de uma parceria com a ONG Gerando Falcões, foram distribuídas 150 unidades da Cesta Básica Digital, cartão de alimentação com crédito de R$ 100 por mês e vale gás para dez famílias. As parcerias asseguraram a distribuição de 3.500 lanches entre sanduíches, sonhos, pães, brownies, cachorrinhos e cachorro-quente, além das 1.250 quentinhas para moradores da comunidade, 50 quilos de leite em pó para famílias com crianças. O Centro Social também auxiliou as famílias com a doação de 1.200 peças de roupas e 200 pares de sapatos, fraldas, cinco consultas gratuitas com médicos e 129 bens, como móveis e equipamentos hospitalares como cadeiras de rodas e camas hospitalares.
Carta Aberta ao Congresso Nacional - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou na tarde de segunda-feira (13) uma “Carta aberta ao Congresso Nacional” para solicitar a realização, o mais breve possível, de uma sessão do Poder Legislativo para que os vetos do presidente Jair Bolsonaro ao Projeto de Lei (PL) nº 1142/2020 sejam analisados e derrubados. O PL nº 1142, convertido em Lei 14.021, dispõe sobre medidas de proteção social para prevenção do contágio e da disseminação da Covid-19 nos territórios indígenas; cria o Plano Emergencial para Enfrentamento à Covid-19 nos territórios indígenas; estipula medidas de apoio às comunidades quilombolas, aos pescadores artesanais e aos demais povos e comunidades tradicionais para o enfrentamento à Covid-19; e altera a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, a fim de assegurar aporte de recursos adicionais nas situações emergenciais e de calamidade pública. Na carta, a entidade afirma ter sido louvável o processo de aprovação, no Legislativo Federal, do Plano Emergencial para Enfrentamento à Covid-19 nos territórios Indígenas, comunidades quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais (PL nº 1142/2020). Segundo a CNBB, o texto é fruto dos esforços coletivos de parlamentares, representações das comunidades tradicionais e organizações da sociedade civil. A CNBB afirma, no documento, que foi com indignação e repúdio que tomou conhecimento, no dia 7 de julho, que o presidente da República sancionou a lei com 16 vetos. Na avaliação da organização, esses vetos são eticamente injustificáveis e desumanos pois “negam direitos e garantias fundamentais à vida dos povos tradicionais, como por exemplo o acesso à água potável e segura, que “é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos” (Papa Francisco, Laudato Si, 30)”. A CNBB afirma ainda que os vetos do governo atentam contra a Constituição Federal uma vez que, “ao abolir a obrigação de acesso à água potável e material de higiene, de oferta de leitos hospitalares e de terapia intensiva, de ventiladores e máquinas de oxigenação sanguínea, bem como outros aspectos previstos no PL 1142/2020, como alimentação e auxílio emergencial, os vetos violam o princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, inc. III), do direito à vida (CF, art. 5º, caput), da saúde (CF, arts. 6º e 196) e dos povos indígenas a viver em seu território, de acordo com suas culturas e tradições (CF, art. 231)”. Íntegra da Carta Aberta da CNBB ao Congresso Nacional você acessa no link https://bit.ly/30gRAtl.
Relatório indica aumento da fome no mundo - A fome afeta um número crescente de pessoas: de acordo com um estudo anual da FAO/IFAD/UNICEF/PAM/OMS, nos últimos cinco anos, dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo entraram para as fileiras dos subnutridos crônicos e vários países estão lutando com múltiplas formas de desnutrição. De acordo com o último relatório sobre o Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no mundo, publicado na segunda-feira, 13 de julho, quase 690 milhões de pessoas sofreram de fome em 2019, ou seja, 10 milhões a mais que em 2018 e pouco menos de 60 milhões em cinco anos. A estes se somam bilhões de pessoas que, devido ao aumento de custos e à escassa disponibilidade de recursos, não têm acesso a uma dieta saudável ou nutritiva. O maior número de pessoas famintas encontra-se na Ásia (381 milhões), mas o fenômeno também está se espalhando na África (250 milhões) e América Latina e Caribe (48 milhões). O alarme lançado pelo relatório é que, até o final de 2020 em todo o planeta, a pandemia de Covid-19 poderá lançar outras 130 milhões pessoas na situação de fome crônica, um número que provavelmente crescerá mais como resultado dos surtos agudos de fome no contexto da pandemia. O Estudo da Segurança Alimentar e da Nutrição no mundo é o estudo com maior autoridade e reconhecimento publicado em nível mundial, que verifica os progressos alcançados no combate à fome e à desnutrição. O relatório é fruto da colaboração entre a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (IFAD), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PAM) e a Organização Mundial de Saúde (OMS).
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