Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Olhar da Fé

- Publicada em 01 de Julho de 2020 às 21:47

Como preservar a liberdade de um povo

Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O filósofo francês M. Onfray publicou recentemente uma obra intitulada “Teoria da ditadura”. Nela ele identifica fases para a implantação de uma possível ditadura: destruir a liberdade, empobrecer a língua, abolir a verdade, suprimir a história, negar a natureza, propagar o ódio, aspirar ao império.
A destruição da liberdade se efetuaria por meio do controle social, eliminando a vida pessoal e a solidão, padronizando a opinião, cerceando o pensamento e oferecendo “circo” para as multidões. O empobrecimento da língua ocorreria pelo uso de uma linguagem ambivalente. A eliminação da verdade se daria pela multiplicação de notícias falsas e manipulação da imprensa com a imposição de uma orientação única e precisa.
Regimes políticos autoritários usualmente recorrem a medidas de emergência, à subordinação do poder legislativo ou judicial ao executivo, à promoção da ignorância ou não respeito às minorias, à subordinação do Estado aos interesses de grandes grupos financeiro-econômicos, empresariais ou aos assim denominados “investidores internacionais”, à difusão de ataques contra a liberdade de expressão, a disseminação de fake news, ao desmerecimento da participação popular nos espaços de participação sócio-política, etc.
Quando o cidadão não pode agir sobre si mesmo e, respeitados os princípios éticos, interagir livremente com as pessoas com as quais convive, então se pode dizer que se está sob um regime de dominação.
O direito a participar da vida pública não pode ser negado aos cidadãos; da mesma forma tal direito não pode ser só formalmente declarado e impedido seu exercício; também é inconcebível um aparato burocrático que nega ou impede ao cidadão a possibilidade de agir como ator da vida social e política. Da mesma forma, tentativas de cidadãos ou entidades de “negociar” as condições mais vantajosas para si com as instituições, como se estas estivessem a serviço de necessidades egoísticas, precisam ser combatidas com vigor, pois ferem o princípio do bem comum.
A dignidade e liberdade de uma sociedade consistem em privilegiar a vida, pois ela é dom e compromisso! Para isso, faz-se necessário a união entre todas as pessoas que continuam a crer no triunfo final da vida sobre a morte.
 
Criada Conferência Eclesial da Amazônia - Em um comunicado oficial da Assembleia do Projeto de constituição da Conferência Eclesial da Amazônia, após dois dias de deliberações, o anúncio da criação do organismo. O comunicado, que tem data de 29 de junho de 2020, Solenidade de São Pedro e São Paulo é assinado por dom Miguel Cabrejos Vidarte, Presidente do CELAM e pelo cardeal Cláudio Hummes, OFM, Presidente da REPAM. Dom Cláudio foi eleito presidente da Conferência Eclesial da Amazônia. A proposta dos Padres sinodais é de de "criar um organismo episcopal que promova a sinodalidade entre as Igrejas da região, que ajude a delinear o rosto amazônica desta Igreja e que continue a tarefa de encontrar novos caminhos para a missão evangelizadora" (DF, 115), e o pedido do Papa Francisco, unido a seus quatro sonhos para este território e para toda a Igreja, em sua exortação pós-sinodal Querida Amazônia, "que os pastores, os consagrados, as consagradas e os fiéis leigos da Amazônia se empenhem na sua aplicação (QA, 4) encontrou uma resposta na Assembleia do Projeto de Constituição da Conferência Eclesial da Amazônia, realizada virtualmente nos dias 26 e 29 de junho de 2020.
 
Povos indígenas - Uma ação protocolada esta semana no Supremo Tribunal Federal pede que o governo tome medidas para proteger os povos indígenas da pandemia da Covid-19. O novo coronavírus já se espalha por Terras Indígenas (TIs) em todo o Brasil e contaminou ao menos 9.414 indígenas, provocando 380 mortes. A petição tem autoria da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), em conjunto com o PSB, PCdoB, PSOL, PT, REDE e PDT. O principal objetivo é que o governo execute um plano emergencial para proteger os povos indígenas do Brasil, em especial os isolados, que não têm contato com outros indígenas e não-indígenas e são especialmente vulneráveis à pandemia da Covid-19. A peça contém um pedido de medida cautelar, ou seja, um pedido para o Judiciário determinar a ação imediata do poder público. Um relatório elaborado pelo Instituto Socioambiental (ISA), que embasou a ação, mostra o avanço das invasões sobre terras indígenas durante a pandemia. O estudo faz um alerta para a possibilidade de aumento dessas invasões no segundo semestre, fenômeno que tem sido tendência nos últimos anos. Garimpeiros, grileiros e desmatadores não paralisaram suas atividades durante a pandemia. Pelo contrário: elas foram intensificadas. A situação é crítica, pois os invasores estão em constante circulação entre as cidades e as TIs e podem levar o coronavírus a esses territórios. A ação solicita que o governo instale barreiras sanitárias nas 31 Terras Indígenas com presença de povos indígenas isolados e de recente contato, impedindo a entrada dos invasores. Algumas das TIs vivem um cenário dramático. É o caso da TI Uru-Eu-Wau-Wau. Dados do Deter (sistema de alertas do Inpe) mostram que o desmatamento nos primeiros meses de 2020 já foi maior que no mesmo período do ano anterior. Em abril deste ano, uma liderança Uru-Eu-Wau-Wau foi assassinada dentro da sua própria terra. O principal suspeito é um invasor.
 
Jovens e saúde mental - O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) promove, em 12 de agosto, o Dia Internacional da Juventude Ecumênica sobre o tema “Jovens e saúde mental”. Esta é a segunda edição da iniciativa. A primeira foi realizada em Genebra, na Suíça, no ano passado. A ideia nasceu do Dia Internacional da Juventude instituído pela ONU, em 12 de agosto de 1999, a fim de destacar a importância da participação dos jovens no desenvolvimento da sociedade. O CMI está programando um momento de oração virtual e conversas com especialistas e preparou um livreto para que as Igrejas locais possam preparar os eventos. O tema deste ano para o dia foi escolhido com base nos temas que os próprios jovens pediram para abordar. O CMI também oferece uma série de instrumentos de orientação para as paróquias e famílias, com informações sobre o tema, sugestões, textos litúrgicos ou aprofundamentos adaptáveis em diferentes contextos. O Dia Internacional da Juventude Ecumênica deste ano irá propor reflexões sobre a industrialização, conflitos intergeracionais, vida moderna, Covid-19, emergência climática, expectativas culturais e migração. A Organização Mundial da Saúde define a saúde mental como “um estado de bem-estar no qual uma pessoa pode se realizar, superar as tensões da vida cotidiana, desempenhar um trabalho produtivo e contribuir para a vida de sua comunidade”. O bem-estar inclui aspectos emocionais, psicológicos e sociais. Atualmente, estima-se que cerca de 10% a 20% dos adolescentes no mundo sofrem de condições de saúde mental não tratadas e não diagnosticadas. Segundo a OMS, entre os problemas mais comuns estão distúrbios emocionais, comportamentos infantis, distúrbios alimentares, psicose, automutilação e comportamentos de risco. O Dia Internacional da Juventude Ecumênica deseja fornecer um ponto de partida para envolver as Igrejas do CMI no tema da saúde mental entre os jovens, identificar questões-chave que afetam a saúde mental dos jovens e promover o dia em diferentes níveis.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO