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Olhar da Fé

- Publicada em 23 de Abril de 2020 às 12:22

Como crer em tempos de crise?

Dom Leomar Antônio Brustolin, bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre.
Dom Leomar Antônio Brustolin, bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre.
A realidade ameaçadora que vem do novo coronavírus (COVID-19) pode levar ao escândalo e ao protesto à fé. Como crer em tempos de pandemia? Há mais perguntas do que assentimento. As respostas prontas não servem, pois a situação é inusitada e é preciso refletir sobre as inquietações da humanidade. Nunca passamos por semelhante experiência, e seria inconsequente uma fé que não se deixasse tocar pela dor e a perplexidade. Essa, porém, pode ser uma ocasião para descobrir o que é essencial no ato de crer e purificar expressões de uma fé tacanha.
Crer não significa ter tudo claro e provado cientificamente, quem tem fé não está livre das dúvidas. Acreditar é confiar, dar fiança. Contudo, a própria fé deseja compreender. “Creio para compreender e compreendo para crer” (intellige ut credas, crede ut intelligas), escreveu Santo Agostinho de Hipona no Sermão 43.
Segundo uma etimologia medieval, crer significa cor dare (dar o coração). Indica colocar-se incondicionalmente diante do Outro: de Deus. Testemunhar a fé não é dar respostas prontas, mas transmitir a paz, é colocar toda a esperança numa verdade maior, capaz de orientar o sentido e conduzir o rumo da vida. Isso não é fantasia e nem alienação, é alteridade, empatia e solidariedade. É alteridade porque a verdade não está só em mim, há os outros com os quais me relaciono, e há também o grande Outro que cria e sustenta toda a existência. Empatia, porque a fé não resolve todos os problemas, mas garante que nenhum sofrimento é vivido na solidão, Deus está com quem sofre, e quem sofre está com Ele. Solidariedade, porque os cristãos sabem que não há caridade maior do que dar a vida pelos amigos. Jesus Cristo, na cruz, não respondeu às inquietações humanas sobre a dor, a morte e o sofrimento inocente. Ele foi solidário a todo o que sofre.
A fé livra da crise de sentido, da falta de ética, e abre um horizonte de esperança singular. Mas não anula a provação, o limite e a dor. Ela ressignifica tudo. Todo que crê tem direito de suplicar por milagres, mas deve saber que não pode manipular e nem condicionar a Deus a partir dos desejos e necessidades humanas.
Quem crê há de enfrentar com realismo, prudência e modéstia os revezes da vida. Se perder a esperança, testemunhará que cansou de crer, tornando-se um descrente. Se exigir sinais para confirmar sua fé, pode ser humilhado em sua falsa expectativa. Ter fé é ter uma confiança que dificilmente poderá ser entendida "de fora", e que só pode ser vivida por alguém que, na sua intimidade mais profunda, já ouviu as palavras de Cristo: Não se perturbe! Vinde a mim, eu vos darei descanso! Estarei sempre convosco! E quem crê responde confiante: Nada me faltará!
Mensagens semanais de esperança - Com o objetivo de levar fé e esperança a todos que enfrentam o drama mundial da pandemia do novo coronavírus, a Arquidiocese de Porto Alegre vem produzindo mensagens gravadas por parte do seu clero e que podem ser acessadas por todas as pessoas que buscam uma palavra de ânimo e conforto. Já foram publicados 9 vídeos, todos intercalando as bênçãos dos bispos e do arcebispo metropolitano da capital, Dom Jaime Spengler. As mensagens curtas, com menos de 1 minuto e meio, cada, estão disponíveis no canal da Arquidiocese de Porto Alegre no YouTube. Acesse a playlist completa em https://bit.ly/3cFrrbY
STF vota aborto - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu nota esta semana sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de pautar para a próxima sexta-feira (24), em sessão virtual, o tratamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 5581, ajuizada pela Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP), que pede, dentre outras questões relacionadas ao zika vírus, a descriminalização do aborto, caso a gestante tenha sido infectada pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti. A CNBB posicionou-se publicamente contra a votação e reiterou sua imutável e comprometida posição em defesa da vida humana com toda a sua integralidade, inviolabilidade e dignidade, desde a sua fecundação até a morte natural comprometida com a verdade moral intocável de que o direito à vida é incondicional, e disse que o mesmo deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana. “Não compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurando-o a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e excludente; causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto. São imorais leis que imponham aos profissionais da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática do aborto”, diz um trecho da nota encaminhada à Suprema Corte. A nota, na íntegra, pode ser acessada em https://bit.ly/34VkC3u
Jornada Mundial da Juventude é adiada - Com a pandemia do coronavírus dois dos próximos grandes eventos da Igreja católica precisaram ser adiados. Em comunicado, a Sala de Imprensa da Santa Sé explicou que "devido à atual situação sanitária e às suas consequências sobre o deslocamento e aglomeração de jovens e famílias, o Santo Padre, junto com o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, decidiu adiar por um ano o próximo Encontro Mundial das Famílias, previsto para se realizar em Roma, em junho de 2021, e a próxima Jornada Mundial da Juventude, prevista para Lisboa, em agosto de 2022.” Assim, o Encontro Mundial das Famílias em Roma irá se realizar em junho de 2022, e a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, em agosto de 2023.
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