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Olhar da Fé

- Publicada em 27 de Fevereiro de 2020 às 16:27

Lembra-te: és pó

Por Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Por Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Causa certo desconforto contemplar um sepulcro aberto e, juntamente com uns poucos ossos, ver um pouco de pó ou cinza, resquícios de um corpo humano que se decompôs.
Na abertura do tempo quaresmal são impostas cinzas sobre a cabeça dos fiéis que participam da ação litúrgica. Elas simbolizam a caducidade da vida humana. Acompanha a imposição de cinzas a expressão: “Lembra-te que és pó, e ao pó retornarás”.
As cinzas usadas na ação litúrgica são antecipadamente preparadas, com os ramos do Domingo de Ramos. Eles eram verdes e secaram; agora são transformados em cinzas.
O gesto litúrgico expressa uma verdade: tudo se torna cinza. Nossa casa, roupas, móveis, o próprio dinheiro; plantas, bosques, florestas. Os animais de estimação – ou não. As pessoas com quem convivemos; pessoas que se tornaram grandes, que fizeram história; pessoas poderosas, pobres, ricas; gênios das ciências, das artes, dos esportes, enfim, tudo que é vida, aos poucos, torna-se cinza.
O gesto de impor cinzas sobre a cabeça dos fiéis nos convida a tomar consciência da caducidade que acompanha a vida humana. O rito, simples e austero, aponta para a humana fragilidade e ao mesmo tempo pede um acréscimo de fé. O gesto é um incentivo para que tomemos maior consciência do justo valor das coisas terrenas.
Durante 40 dias a comunidade de fé é convidada a desenvolver uma maior consciência da própria existência e, ao mesmo tempo, se exercitar no caminho de vida proposto por Jesus Cristo, por meio, sobretudo, das tradicionais práticas do jejum, da esmola e da oração. Trata-se de um caminho de conversão, isto é, de empenho por maior sintonia pessoal, comunitária e social com a proposta do Evangelho do Crucificado-Ressuscitado.
Anualmente, a Igreja do Brasil propõe, durante a Quaresma, o engajamento de todos os fiéis numa campanha denominada “da fraternidade”. É que o processo de conversão que cada fiel, particularmente durante este tempo, é convidado a assumir, possui dimensão pessoal, comunitária e social (cf. Tg 1, 27).
A Campanha da Fraternidade é um modo privilegiado pelo qual a Igreja do Brasil vivencia a Quaresma, recordando-nos que não se pode separar a conversão do serviço aos irmãos e irmãs, à sociedade e ao planeta. Ela representa um convite vigoroso a alargar o olhar e a perceber que o pecado ameaça a vida como um todo.

Comissão de Tutela de Menores já recebe denúncias

A partir de hoje (27), a Arquidiocese de Porto Alegre, por meio da sua Comissão Especial de Tutela de Criança, Adolescente e Pessoa Vulnerável, já iniciou os trabalhos nos pilares que denomina “Formar e capacitar” e “Acolher e encaminhar”. Os canais disponibilizados são o telefone (51) 99733-4957 (ligação ou mensagem de texto) e o e-mail [email protected]. Não serão aceitas denúncias anônimas. Compõem a comissão: Dom Jaime Spengler (arcebispo metropolitano), padre Fabiano Schwanck Colares (coordenador), padre Carlos José Monteiro Steffen (presidente, mestre em Direito Canônico e Doutor em Teologia, Vigário Judicial), irmã Maria Denise Mendes Ternes (secretária, psicóloga), Dra. Maria Regina Fay de Azambuja (procuradora de justiça e professora da PUC-RS), Dra. Daniela Moraes Weiler Bertoldo (delegada da Polícia Federal), Dra. Marys Eliane Rezende (advogada e assistente social), Dra. Berenice Rheinheimer (médica psiquiatra infantil), Dra. Shana Luft Hartz (departamento de vulneráveis da Polícia Civil), professora Ana Cristina Marson (psicopedagoga e orientadora educacional), professora Claudia Tavares (psicopedagoga) e Dr. Draiton Gonzaga de Souza (decano da Escola de Humanidades da PUC-RS e professor de Direito). A iniciativa da Arquidiocese de Porto Alegre nasce do pedido do Papa Francisco, que publicou, no ano passado, uma Carta Apostólica, sob forma de motu proprio (de livre iniciativa do papa, sem consulta a uma comissão ou um cardeal), chamada Vos Estis Lux Mundi (Vós sois a luz do mundo, em latim), em que o Santo Padre expressa a determinação de todas as Dioceses no mundo colaborarem de forma efetiva no combate ao abuso de poder, consciência e sexual de menores e vulneráveis.

Lançada a Campanha da Fraternidade 2020

Foi lançada ontem (26), Quarta-Feira de Cinzas, a Campanha da Fraternidade 2020, iniciativa, que acontece no tempo de preparação para a Páscoa, que propõe sempre um tema de estudo e reflexão, provocando as pessoas para ações concretas que promovam o bem, a paz e a vida. Na cerimônia de lançamento realizada na sede da CNBB Rio Grande do Sul, na capital gaúcha, estiveram presentes o presidente da CNBB Sul 3 e bispo de Caxias do Sul, Dom José Gislon; Dom Adilson Busin, Secretário da Conferência; e Juliana de Oliveira Pokorski, integrante da Pastoral do Surdo do Rio Grande do Sul. Em 2020, o tema da CF é “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”. Realizada em todas as comunidades, paróquias, dioceses, escolas, universidades, grupos, congregações e espaços católicos do Brasil, essa campanha pretende “conscientizar, à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida como Dom e Compromisso, que se traduz em relações de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na comunidade, na sociedade e no planeta, nossa Casa Comum”. Os exemplos do Papa Francisco que conclamou a Igreja, logo no início de seu pontificado, a vencer a “globalização da indiferença” e de Santa Dulce dos Pobres, canonizada pelo Santo Padre em outubro de 2019, são apresentados como sinais da presença samaritana na realidade brasileira.

Mensagem do Papa aos brasileiros na CF 2020

“Que a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, inseparavelmente vividas, sejam para todo o Brasil um tempo em que se fortaleça o valor da vida, como dom e compromisso”: esses são os votos do Papa Francisco aos brasileiros por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade. Este ano, o tema é “Fraternidade e vida, dom e compromisso”, com o lema “Viu e sentiu compaixão e cuidou dele”. “Alegro-me que, há mais de cinco décadas, a Igreja do Brasil realize, no período quaresmal, a Campanha da Fraternidade, anunciando a importância de não separar a conversão do serviço aos irmãos e irmãs, sobretudo os mais necessitados”, escreve o Santo Padre. Citando trechos dos Evangelhos de Mateus e Lucas e documentos pontifícios como Laudato Si’ e Evangelii gaudium, Francisco recorda que a superação da globalização da indiferença só será possível se nos dispusermos a imitar o Bom Samaritano. Esta Parábola nos indica três atitudes fundamentais: ver, sentir compaixão e cuidar. A Quaresma, escreve o Papa, “é um tempo em que a compaixão se concretiza na solidariedade”. Francisco conclui pedindo a intercessão de Santa Dulce dos Pobres para que a “Quaresma e a Campanha da Fraternidade, inseparavelmente vividas, sejam para todo o Brasil um tempo em que se fortaleça o valor da vida, como dom e compromisso”. Ouça a mensagem na íntegra em: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-02/mensagem-papa-francisco-campanha-fraternidade-2020.html
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