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Olhar da Fé

- Publicada em 11 de Dezembro de 2019 às 16:55

Semear começos

Por Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Por Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
O tempo, enquanto corre para frente, em busca de um futuro cada vez mais promissor e de um bem estar cada vez mais universal, se volta também e sempre, de novo, para trás em busca de suas raízes, pois sem elas se corre e constrói em vão.
Ao longo dos séculos não faltaram homens que se dedicaram à reflexão sobre o tempo e os desafios que apresenta.
A reflexão bíblica destacou o valor do tempo: não se trata de repetição monótona de eventos cíclicos, mas de uma realidade que possui profundo significado sagrado.
A sensibilidade contemporânea compreende a existência humana como “um estar no tempo”. O indivíduo, situado no presente, faz memória do passado e prenuncia o futuro.
O presente de todo indivíduo está grávido do passado e voltado para o porvir, atento ao devir, projetado para o futuro.
O tempo litúrgico que precede o Natal, resgata fatos que precederam a história salvífica e que atingem, com o nascimento de Cristo, a plenitude dos tempos. É um tempo no qual a comunidade de fé é chamada a se preparar para a solenidade do Natal, quando se celebra o evento de um Deus que se deixou envolver pelos panos da fragilidade humana, e, ao mesmo tempo, é oportunidade, por meio dessa celebração, alimentar a expectativa da segunda vinda de Cristo.
Compreende-se, assim, por que esse tempo de advento confronta-nos com questões existências: quem somos? Onde nos encontramos? Deixamo-nos atingir pelas questões essenciais que caracterizam a existência humana? O mistério do Natal incide sobre o nosso viver e conviver? A ternura, o cuidado, a acolhida do diferente de mim, a solidariedade ainda encontram lugar na sociedade contemporânea?
Os discípulos e discípulas de Jesus de Nazaré, o filho de Maria e de José, combatem a ideologia do mundo, não com a violência, mas com a palavra da verdade, com a couraça da justiça e com a oração constante. Neste sentido espiritual, os cristãos constituem, como sempre, no tempo, uma Igreja combatente.
A expectativa da segunda vinda do Senhor, alimenta a esperança. Ora, a esperança “semeia começos” (Mounier), inaugura processos no tempo. Como, pois, não recordar a afirmação do Papa Francisco de que o tempo é superior ao espaço? A superação de uma visão estática da realidade para uma visão processual parece produzir, para alguns, dificuldades.
Natal é celebração de um Deus que sempre e de novo, no tempo, vem ao encontro de cada pessoa humana!
Ordenação Charqueadas - No domingo (8) mais de 600 pessoas, além de 30 padres e seis diáconos acompanharam a ordenação diaconal de Davi Jonas Dietrich e Neimar da Rosa, no início da noite, na Comunidade Cristo Rei, Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, em Charqueadas. A ordenação foi realizada com a imposição das mãos e oração consecratória do arcebispo metropolitano Dom Jaime Spengler, com a presença do bispo auxiliar, Dom Darley José Kummer, no 2º Domingo do Advento, Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. "Não esqueçam os pobres, não esqueçam o cuidado pela vida, não transcurem a vida sobretudo dos mais pobres. Hoje, em alguns setores, há dificuldade em se falar da pobreza, mas não podemos esquecer que o Natal é a solenidade da pobreza de Deus, que assume os panos da nossa fragilidade. E, da mesma forma, nós como ministros ordenados, de forma especial, somos convidados sim a estar ao lado de toda a situação onde a fragilidade humana e social também se manifesta", disse o arcebispo Dom Jaime durante a celebração eucarística.
Recursos projetos sociais - O Conselho Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou, nesta quarta-feira (11), uma reunião extraordinária para analisar projetos sociais sem fins lucrativos que ainda não haviam sido analisados nas últimas três reuniões ordinárias do fundo previstas no edital. Nesta reunião, foram aprovados 35 projetos que, ao todo, vão receber quase R$ 778 mil reais. “Essa reunião precisou ser realizada, pois, devido à crise econômica no país, toda a verba destinada ao fundo só foi completamente disponibilizada agora no final do ano”, explicou o coordenador de projetos do FNS, Franklin Queiroz. O FNS fecha o ano de 2019 com cerca de 240 projetos aprovados e mais de R$ 4 milhões de reais liberados. Todos desenvolvem trabalhos com a temática proposta pela Campanha da Fraternidade de 2019 – Fraternidade e Políticas Públicas. Conforme critérios estabelecidos no edital do Fundo, a iniciativa contempla projetos em diversas arqui/dioceses do Brasil que estão elencadas em três eixos: a) formação e capacitação; b) mobilização para a conquista de direitos e superação da vulnerabilidade econômica; e c) geração de renda. “Nós priorizamos, nas primeiras reuniões a pedido do secretário-geral da CNBB, dom Joel, os projetos ligados diretamente a geração de renda porque são esses que efetivamente garantem a pessoa colocar comida na mesa”, destaca o coordenador de projetos do FNS. Segundo o bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella, nessa última reunião predominaram os projetos de 12 estados ligados ao eixo da capacitação. Geograficamente, foram contemplados projetos dos estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Minas gerais, Piauí, Pernambuco, maranhão, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Goiás e Distrito Federal. No site do Fundo Nacional de Solidariedade, além da prestação de contas, há uma relação completa dos projetos que foram aprovados em 2019: http://fns.cnbb.org.br/fundo/informativo/index
Assassinato de indígenas - Várias entidades ligadas à Igreja Católica no Brasil manifestaram sua preocupação com o recente assassinato de indígenas. O provincial dos missionários combonianos no Brasil, padre Dario Bossi, fez um relato do que está acontecendo na região amazônica do Maranhão. Nos últimos dias, foram assassinados quatro indígenas: Foi um “Tiro ao alvo” contra os indígenas, comentam os responsáveis da pastoral indigenista do Maranhão. No dia 7, dois indígenas, Firmino e Raimundo Guajajara, no município de Jenipapo dos Vieiras, no limite da Amazônia oriental, estavam voltando de uma reunião de negociação com os projetos de instalações elétricas que atravessam suas terras e foram metralhados por um automóvel que ultrapassou a motocicleta deles. Outros dois ficaram feridos e um deles veio a óbito na segunda-feira (9). Na mesma segunda-feira, num clima de tensão e de protesto dos indígenas pela violência e a impunidade, o indígena Lo foi atropelado por um carro e se encontra no hospital. Um ataque da mesma brutalidade ocorreu na cidade de Manaus, contra o indígena Tuyuca Humberto Peixoto, que atuava na Caritas Arquidiocesana e era conselheiro municipal representando os povos indígenas. Espancado violentamente no dia 2, veio a óbito no sábado (7). No começo de novembro, logo depois do encerramento da assembleia sinodal sobre a Amazônia, em Roma, foi assassinado o líder Paulinho Guajajara, guardião da floresta na Terra Indígena Arariboia. Ainda não se identificaram os assassinos e mandantes deste crime. Cresce, no Brasil, um clima de impunidade e violência, especialmente contra as populações tradicionais e nos contextos de disputa por territórios. O desmatamento da Amazônia brasileira continua aumentando, o reconhecimento dos direitos dos povos indígenas é cada vez mais precário e, também por isso, aumentam os conflitos entre indígenas e não indígenas nos territórios. A Terra Indígena Arariboia, com presença também de indígenas isolados, é uma das poucas regiões do Maranhão que ainda preservam a floresta, mesmo tendo sido violentamente atacada por incêndios nos meses passados. Papa João Paulo II dizia que a Igreja sempre se preocupará em defender a dignidade dos povos indígenas, seus direitos à vida e ao respeito dos valores, tradições, costumes e culturas. O Sínodo da Amazônia renovou esta aliança, especialmente num contexto de crescente agressão a estes povos e seus territórios.
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