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Olhar da Fé

- Publicada em 06 de Novembro de 2019 às 21:49

Fugir da morte

Por Dom Leomar Antônio Brustolin, bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre.
Por Dom Leomar Antônio Brustolin, bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre.
Mário Quintana, ao sugerir a inscrição para um portão de cemitério, escreveu "Na mesma pedra se encontram, conforme o povo traduz, quando se nasce - uma estrela, quando se morre - uma cruz. Mas quantos que aqui repousam hão de emendar-nos assim: Ponham-me a cruz no princípio... E a luz da estrela no fim!". O poeta traduz, em versos, a necessidade de integrar vida e morte, vendo até luz no fim e sombras na vida. Essa sabedoria integradora, entretanto, continua desafiando muitas pessoas de nosso tempo.
O pesquisador francês Philippe Ariès, sustenta que num mundo sujeito à mudança, a atitude tradicional perante a morte aparece tão apagada dos nossos costumes que se tem dificuldade em imaginá-la e compreendê-la. A postura antiga em que a morte era ao mesmo tempo próxima e familiar opõe-se demasiado à atual, onde causa tanto medo que já não se ousa pronunciar o seu nome. Nesse sentido, a contemporaneidade refere-se à morte como algo que não deve fazer parte da vida, pois é sinal de fracasso perante a onipotência humana, devendo ser mascarada, silenciada e disfarçada.
Se, por um lado, nos tempos antigos, o contato com a morte estava mais evidente, principalmente pelas limitações da ciência e da tecnologia, por outro lado, a fragilidade perante a morte torna o ser humano atual mais vulnerável ao processo que causa em sua vida.
A morte apresenta o medo de deixar o que se tem. É ficar sem nada, é não levar nada. Por isso, outro grande causador do medo da morte é o apego, caracterizado como, talvez, o maior problema do ser humano e o maior responsável pelo pavor da morte que atormenta as pessoas. Sendo sentimento de posse, de ser dono de, a morte é oposição ao apego. Sobre isso, Jesus ensina com uma parábola significativa: "A terra de um homem rico deu uma grande colheita. E o homem pensou: 'o que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita'. Então resolveu: 'Já sei o que vou fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores e neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: meu caro, você possui um bom estoque, uma reserva para muitos anos; descanse, coma e beba, alegre-se!’ Mas Deus lhe disse: 'Louco! Nesta mesma noite você vai ter que devolver a sua vida. E as coisas que você preparou, para quem vão ficar?’” (Lc 12, 16-20).
Portanto, saber viver, como o poeta escreveu, supõe ver a luz da estrela no fim, quando a verdade se manifestará na essência e não apenas no tempo da aparência. Na vida há cruz e luz, na morte, há medos e verdade. Cada há de aprender a viver integrando o seu morrer.
Bárbara Maix - Na quarta-feira (6), a Catedral Metropolitana de Porto Alegre realizou missa em celebração à memória litúrgica da Bem-Aventurada Bárbara Maix. A data, estabelecida em 2010 pelo Papa Bento XVI, também recordou os 9 anos da beatificação da religiosa, que nasceu na Áustria, mas que viveu sua vocação e missão no Brasil, doando-se aos empobrecidos, especialmente às crianças e adolescentes órfãos. Neste ano, a celebração se reveste de maior alegria, por conta da retomada da causa de canonização, ocorrida em outubro passado, quando a Diocese de Caxias do Sul (RS) instalou o tribunal para investigar um presumido milagre atribuído à religiosa, que fundou a Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria.
Audiência com o Papa - A nova presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) eleita em maio deste ano, para o quadriênio (2019-2023), participou de sua primeira audiência com o Papa Francisco, no dia 31 de outubro. Dom Jaime Spengler, 1º vice-presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre, juntamente com os demais integrantes da presidência da instituição, Dom Walmor Oliveira de Azevedo (presidente), dom Mário Antônio da Silva (2º vice-presidente) e dom Joel Portella Amado (secretário-geral), reuniu-se com o Santo Padre no Palácio Apostólico, em Roma. Após este que foi o ponto alto da visita de três dias a Dicastérios e Congregações do Vaticano, a presidência da CNBB concedeu entrevista ao jornalista Silvonei José Protz, da rádio Vaticano, no estúdio que leva o nome do São João Paulo II, local onde o então Papa gravou 21 programas, tendo sido inaugurado mais tarde pelo Papa Emérito Bento XVI.
Reconciliação no Oriente Médio - Tradicionalmente, a cada mês, o Papa divulga vídeo com a sua intenção de oração. Neste mês de novembro, o Papa Francisco pede orações para que nasça um espírito de diálogo, encontro e reconciliação entre as comunidades religiosas do Oriente Médio. O Pontífice enfatiza que existem muitas comunidades cristãs, judaicas e muçulmanas "trabalhando pela paz, a reconciliação e o perdão". Tendo em conta tal realidade, ele pede que a busca de diálogo e unidade dentro de cada uma dessas comunidades seja realizada sem temer as diferenças. Na região, os muçulmanos representam pouco mais de 93% da população. A comunidade cristã, por outro lado, constitui aproximadamente 5%; e a judaica, que está concentrada principalmente em Israel, é de quase 2%. Durante sua visita a Bari em julho de 2018, o Papa Francisco também mencionou a importância da reconciliação quando se dirigiu aos cristãos do Oriente Médio com as seguintes palavras: “A paz não virá graças às tréguas sustentadas por muros e testes de força, mas pela vontade real de ouvir e dialogar”. Assista ao vídeo completo: https://youtu.be/LL4-0VZayg4
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