Três momentos de cinema

Saudando a volta do cinema em telão, Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou, documentário premiado em Veneza realizado por Hector Babenco em parceria com Bárbara Paz, está atualmente em cartaz na cidade. O documentário é uma verdadeira aula de cinema com evocações de cenas de seus filmes permeado pela rotina hospitalar, documentada por Bárbara que estreia na direção. O filme rodado em preto e branco acompanha os últimos momentos do cineasta argentino, radicado no Brasil, que deixou em sua filmografia títulos como Lúcio Flávio, passageiro da agonia, Pixote, a lei do mais fraco, O beijo da mulher aranha, Ironweed, Brincando nos Campos do Senhor, entre outros. "Eu já vivi a minha morte, agora é só fazer um filme sobre ela", comentou. O resultado é uma declaração de amor ao cinema, à vida e ao cineasta morto em 2016.

A autobiografia de Woody Allen, lançada recentemente, é outro momento ligado ao cinema que os fãs do diretor e roteirista nova-iorquino não podem deixar de ler. Allen é coerente com sua história a cada página do livro, compondo um autorretrato repleto de humor e de suas tiradas espirituosas comuns em seus filmes. Woody Allen parte de sua infância no Brooklyn contando o início de sua carreira como roteirista-assistente de grandes nomes da comédia televisiva norte-americana, passando para o rádio, jornais e espetáculos da Broadway até se tornar um cineasta. A origem de seus desastrados romances, a paixão pelo jazz, a psiquiatria, bem como a história de sua família e sua formação cultural são contados de forma divertida, inclusive seus polêmicos relacionamentos amorosos.

 

A grande sensação cinematográfica da plataforma Netflix neste começo de 2021 é Lupin, livremente inspirado nos romances policiais de Maurice Leblanc, clássico da literatura policial francesa. O misterioso ladrão Assane Diop vivido pelo ator Omar Sy, de Intocáveis, está em busca da vingança pela morte do pai acusado do roubo de um colar valioso. Inspirado por Arsène Lupin, o ladrão de casaca da literatura francesa, o personagem já começa vivendo aventuras dignas de grandes filmes de ação e inteligência, emoldurado por imagens de Paris, em um ritmo empolgante. E como é para ser seguido e aguardado, esta primeira temporada de apenas cinco episódios termina em momento culminante, digno dos melhores suspenses policiais do cinema, já prevendo uma nova temporada em breve.