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Olha Só

- Publicada em 31 de Dezembro de 2020 às 03:00

Fogos em silêncio

PAN Réveillon na Praça das Flores - Nova Petrópolis CRÉDITO Adriana Monteiro Arrial DVG.

PAN Réveillon na Praça das Flores - Nova Petrópolis CRÉDITO Adriana Monteiro Arrial DVG.


/ADRIANA MONTEIRO ARRIAL/DIVULGAÇÃO/JC
Olha Só, a coluna desta despedida de 2020 não tem uma retrospectiva formal, nem fotos bonitas, nem lembranças de dias tão felizes assim. A coluna que se despede de 2020 e lança os olhos para 2021 quer apenas refletir um pouco sobre o que representou estar vivo e trabalhar neste ano tão atípico. Um ano que começou, como todos os outros, com fogos de artifício, festas à beira-mar, brindes de champanhe, abraços e beijos e afetos escancarados.
Olha Só, a coluna desta despedida de 2020 não tem uma retrospectiva formal, nem fotos bonitas, nem lembranças de dias tão felizes assim. A coluna que se despede de 2020 e lança os olhos para 2021 quer apenas refletir um pouco sobre o que representou estar vivo e trabalhar neste ano tão atípico. Um ano que começou, como todos os outros, com fogos de artifício, festas à beira-mar, brindes de champanhe, abraços e beijos e afetos escancarados.
Quem diria, o ano está terminando com fogos barulhentos proibidos, abraços, beijos e reuniões para brindes, canceladas. Cada um no seu quadrado. Até o Papai Noel dos shoppings foi afastado, ficou virtual. Tudo resultado de uma pandemia de um vírus esquisito, contagioso, que não sobrevive à água e sabão, ao álcool gel, à limpeza, mas se espalha com uma rapidez absurda, nos tira o gosto da festa, o aroma das comidas preferidas e nos leva pessoas queridas, artistas consagrados, médicos e profissionais da saúde aos borbotões. Nos obrigando a parar, a ficar em casa, a cuidar dos nossos pais, avós, nossos doentes. Sem abraços.
Um vírus tão potente que tirou as pessoas das ruas, roubou seus empregos, suspendeu casamentos, planos, viagens, amores. Prendeu as crianças em casa, obrigou os avós a verem seus netos pela câmera do celular, fez lavar as compras do supermercado, fez todo mundo se virtualizar. Nunca fomos tão cibernéticos. Fomos ao cinema, ao teatro, ao museu pela tela do computador. Nos exercitamos em casa, com a televisão ou o celular ligado. Compramos por aplicativos e recebemos comida por motoboys. Nos encontramos para o happy hour pelo Zoom, fizemos reuniões de trabalho, cursos, aulas, palestras, consultas médicas pela Internet. Crianças não foram à escola, aprenderam em casa, não brincaram, pais viraram professores, professores viraram mestres em informática. Muita gente não conseguiu estudar. As benesses não são para todos; as facilidades, muito menos. Os hospitais lotaram, os médicos foram testados ao extremo em sua força de trabalho.
E a gente com um gosto inexplicável na boca, sem saber o que será o amanhã. Os artistas mais uma vez provaram que só a arte nos salva do caos. Cantores populares abriram suas casas para lives, nos deram shows de graça. Nos abasteceram a alma de arte e reflexão. Sempre chega alguém cantando. Nunca cozinhamos tanto e lavamos tanta louça. Aprendemos a fazer bolos, cantar parabéns e fazer aniversário online. Gente empreendeu, se reinventou, se reciclou, até cresceu na crise econômica que se agigantou. Pessoas ressignificaram tarefas, serviços, criaram saídas para equações impensáveis.
Nos adaptamos ao isolamento social, mental, vital. Nunca entendemos tanto de laboratórios, vacinas, remédios, imunidades e solidariedade. Se enxergou o outro ali na esquina, ao sair de casa para colocar o lixo na calçada. Os limites se apagaram, éramos todos prisioneiros de um vírus letal. Nunca fomos tão iguais. Obrigados a usar máscaras, não vimos mais sorrisos, foi difícil reconhecer alguém na rua. Mascarados, perdemos a identidade, a familiaridade. Perdemos as expressões. Criamos outros laços. Tudo para não inalar o maldito vírus da Covid-19.
Tornou-se um suplício assistir telejornais, vendo gráficos e números subirem, aumentarem. Números que significam vidas. Não é fácil participar da história ao vivo. Fazer a história. O que nos restou foi ansiar pela vacina, por um pouco de bom senso das autoridades, rogar pela descoberta de uma saída e sonhar que 2021 seja o ano da cura. Para que possamos sair melhor dele, mais solidários, menos belicosos, menos materialistas, mais esperançosos. Feliz Ano Novo!
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