A expressão inovação disruptiva, definitivamente, cai com uma luva para o setor financeiro. Na esteira das transformações que estão acontecendo no mercado na direção do digital, que já conta, por exemplo, com as primeiras experimentações do uso da infraestrutura de blockchain e do PIX, agora é o Open Banking o astro do momento, prometendo criar uma nova relação entre os clientes e a instituições financeiras.
Nesta sexta-feira (13), entra em ação a segunda das quatro fases do Open Banking, que permitirá o compartilhamento padronizado de dados pessoais pelas instituições participantes. Nesta etapa, os participantes registrados no Open Banking poderão trocar dados de cadastros e transações de clientes entre eles.
Isso significa o compartilhamento das informações de cadastro (como nome, endereço, renda e CPF), bem como dados de movimentação financeira (informações sobre contas, cartão de crédito e operações de crédito, como empréstimos e financiamentos). Tudo apenas mediante o consentimento do cliente.
A diretora da PwC Brasil, Elisa Simão, comenta que essa segunda fase, ao prever o compartilhamento dos dados, promove a abertura do sistema financeiro, tirando a exclusividade da instituição da qual o cliente é correntista na oferta de serviços financeiros.
“Na medida em que isso acontece, deveremos ter produtos mais assertivos e uma atuação de players que não são apenas os tradicionais do setor financeiro, mas também das fintechs e das empresas financeiras mais regionalizadas, que agora poderão atuar em novas praças”, comenta. Um exemplo é o surgimento no mercado de soluções que façam a comparação entre produtos e serviços, como um aplicativo que compare produtos e taxas cobradas entre diferentes instituições.
Melhor acesso ao crédito e maior possibilidade de acerto pelas instituições financeiras da avaliação de crédito e dos limites que podem ser concedidos aos clientes são alguns dos maiores benefícios da fase dois do Open Banking, segundo a especialista.
“Às vezes, o cliente recebe um crédito com valor inferior a sua capacidade de pagamento, pois as informações que as instituições tinham eram limitadas pela sua base de dados. Na medida em que agora, com consentimento dos clientes, eles passarem a ter contato com as demais, deveremos ter melhor acesso ao crédito e maior assertividade nas avalições”, projeta Elisa.
Na prática, o consumidor poderá conectar sua conta bancária a um aplicativo que analisará sua vida financeira, resultando em sugestões de investimentos ou até mesmo na recomendação de produtos e serviços mais personalizados e com condições que melhor se adaptem à sua necessidade. Outra possibilidade é reunir em um único aplicativo os dados de contas em diferentes instituições, consolidando as informações e proporcionando ao consumidor uma melhor visão de toda a sua vida financeira.
De acordo com o cronograma da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a terceira fase de implementação, prevista para começar no final de agosto, deve introduzir o pagamento de contas e a realização de transferências bancárias fora do internet banking ou do aplicativo do banco, por meio de um aplicativo intermediário. A partir do dia 30, as transferências via Pix serão as primeiras a permitirem estas transferências eletrônicas através do Open Banking.
A quarta fase começará em 15 dezembro de 2021 e deverá envolver o compartilhamento dos demais dados financeiros do cliente, como os de produtos e serviços de operações de câmbio, investimentos, seguros e contas-salário. Mas, essa etapa ainda está em discussões.