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Mercado Digital

- Publicada em 20 de Julho de 2021 às 22:01

BRF quer lançar até 2024 carne cultivada em laboratório

Células são cultivadas fora do corpo do animal com o fornecimento de nutrientes e ambiente propício

Células são cultivadas fora do corpo do animal com o fornecimento de nutrientes e ambiente propício


Auto X2/Divulgação/JC
As disrupções que nos últimos anos mudaram a nossa relação com os bancos, sistemas de saúde e transporte, estão chegando aos alimentos. Uma das mais impactantes delas é o avanço no desenvolvimento das proteínas alternativas.
As disrupções que nos últimos anos mudaram a nossa relação com os bancos, sistemas de saúde e transporte, estão chegando aos alimentos. Uma das mais impactantes delas é o avanço no desenvolvimento das proteínas alternativas.
“Essa será uma das maiores transformações em alimentos que a nossa geração já experimentou”, vislumbra o diretor de Inovação da BRF, Sergio Pinto.
A empresa planeja colocar no mercado, até 2024, os primeiros produtos derivados de carne cultivada em laboratório – as células são cultivadas fora do corpo do animal com o fornecimento de nutrientes e ambiente propício para o seu desenvolvimento.
“O nosso objetivo é que, ao colocar lado a lado um steak que cresceu em campo, com engorda de gado, e um produzido em laboratório, eles tenham exatamente a mesma aparência. Com a diferença de que nenhum animal precisou ser abatido”, explica.
Os benefícios, segundo o executivo, são muitos. A começar pela tecnologia que torna possível produzir alimento de forma mais eficiente, consumindo menos terra, água, energia e com zero de mal estar animal.
O cenário é propício para uma mudança nesse mercado. O consumo de proteína não para de aumentar no mundo e, por mais que se consiga implantar métodos mais eficientes para a produção tradicional, isso não será suficiente para abastecer a população global.
Sem falar que as proteínas alternativas atendem a uma realidade de maior consciência dos consumidores, já que muitos estão preocupados com os direitos dos animais. “Com novos ingredientes e revisão de processos conseguiremos chegar a produtos que emulem, com perfeição, a textura e o sabor de carne tradicional”, revela Sergio Pinto.
Da mesma forma, o executivo da BRF comenta que as pessoas poderão ingerir uma proteína de alta qualidade, que não precisará ser de origem animal, e que também não terá que necessariamente ter aparência e o sabor de carne. Isso porque, os avanços das pesquisas têm tornado possível alcançar alta qualidade com produtos de origem vegetal, e que não emulam sabor de algo preexistente.
É a combinação de novas tecnologias e habilidades de diferentes áreas, como especialistas em alimentos e geneticistas, que está fazendo com que esse tipo de produto seja algo factível.
A perspectiva ainda é que, com o avanço nos processos, no futuro seja possível que esse produto seja mais barato ou com preço similar ao tradicional – deve ser menos de R$ 30,00.
Mas, claro que os desafios ainda são grandes e passam pelo aculturamento do consumidor, que precisa entender o que exatamente é uma carne cultivada em laboratório, as questões regulatórias e as de tecnologia.
“Temos que definir qual será o papel do Brasil neste ambiente regulatório. Se vamos ser reguladores ou fomentadores dessa nova tecnologia que permite que países que países que não são potências agrícolas, como Singapura e Israel, passem a ser exportadores de proteína”, destaca o gestor.
Recentemente, a BRF foi a única empresa brasileira de alimentos a participar da segunda rodada internacional de investimento da Aleph Farms, startup israelense e um dos principais players mundiais em carne cultivada, desenvolvida a partir de células bovinas não geneticamente modificadas. A companhia investiu US$ 2,5 milhões nesta operação, somando-se a outras corporações e pessoas físicas.
A Aleph Farms usará os recursos para executar seus planos de comercialização de carne cultivada em larga escala global e expansão do portfólio. Com esse movimento, a BRF dá mais um passo em seu plano de atender à crescente demanda dos consumidores por novas e alternativas fontes de proteína, trazendo tecnologias inovadoras para o Brasil.
Para atender a essas novas transformações exigidas pelo mercado de alimentos, a BRF também avança na direção de modelos mais modernos de inovação. A percepção do executivo é a de que o sistema antigo, mais verticalizado, onde as empresas buscavam todas as respostas dentro de casa, está em desuso. “Imagina o potencial de colaboração de uma corporação com quase 100 mil colaboradores no mundo, como a BRF, e mais a soma da quantidade de cientistas e startups que estão no mercado, ao atuarem juntos na criação de novas soluções”, analisa Pinto.
Em 2019, foi criado o BRF Hub, iniciativa na qual o time interno interage com os diferentes agentes do ecossistema de inovação. A empresa já se relaciona com mais de 1 mil startups, está trabalhando com 16 programas de patentes e acaba de entrar no seu terceiro ciclo de inovação aberta. “Esse processo de colaboração nos colocou à frente de muitas tecnologias, que não estão prontas para chegar ao mercado, mas que representarão uma grande evolução”, projeta Pinto.
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