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Mercado Digital

- Publicada em 22 de Maio de 2019 às 17:30

Warren quer democratizar acesso a bons investimentos

O CEO da Warren, Tito Gusmão, diz que no Brasil só os super ricos conseguem fazer bons investimentos

O CEO da Warren, Tito Gusmão, diz que no Brasil só os super ricos conseguem fazer bons investimentos


WARREN/DIVULGAÇÃO/JC
O CEO da corretora digital Warren, Tito Gusmão, costuma dizer que no Brasil só os super ricos conseguem fazer bons investimentos. Como ele nunca se conformou muito com isso, uma das suas missões à frente da fintech é justamente garantir que o acesso a grandes fundos e práticas como a devolução de comissões esteja disponível para qualquer pessoa que tiver R$ 100,00 para aplicar em algum projeto de vida, como uma viagem, comprar o carro ou pagar a faculdade do filho. E, mais do que isso. A ideia é conseguir fazer com que esse processo seja eficiente, justa, divertida e 100% digital. “Queremos democratizar o acesso a bons investimentos”, diz. Há dois anos no mercado, a Warren já é uma das startups mais promissoras do País.
O CEO da corretora digital Warren, Tito Gusmão, costuma dizer que no Brasil só os super ricos conseguem fazer bons investimentos. Como ele nunca se conformou muito com isso, uma das suas missões à frente da fintech é justamente garantir que o acesso a grandes fundos e práticas como a devolução de comissões esteja disponível para qualquer pessoa que tiver R$ 100,00 para aplicar em algum projeto de vida, como uma viagem, comprar o carro ou pagar a faculdade do filho. E, mais do que isso. A ideia é conseguir fazer com que esse processo seja eficiente, justa, divertida e 100% digital. “Queremos democratizar o acesso a bons investimentos”, diz. Há dois anos no mercado, a Warren já é uma das startups mais promissoras do País.
A mais recente rodada de investimento rendeu um aporte de R$ 25 milhões de um pool de investidores liderado pela norte-americana Ribbit, do Vale do Silício (EUA), com a participação dos argentinos do fundo Kaszek Ventures, criado pelos fundadores do Mercado Livre, e dos gaúchos da gestora de recursos Chromo Invest, que tem fintechs como a BizCapital no portfólio. Com isso, eles passam a ter 15% da operação.
E já existem outros fundos internacionais de olho na empresa, que tem a sua sede em Porto Alegre, 50 mil clientes e a meta de multiplicar esse número de contas por oito, atingindo um patrimônio sob gestão de R$ 5 bilhões até o final de 2020. Para conseguir isso, uma das estratégias é usar os recursos que estão sendo captados para ganhar fôlego e investir pesado em campanhas de marketing. “Vamos começar a comunicar o nosso alinhamento com cliente e fazer muita campanha contra os bancos tradicionais para mostrar como eles ferram as pessoas” promete Gusmão.
Empresas & Negócios – A Warren acaba de receber um aporte de R$ 25 milhões. A que você atribui isso?
Tito Gusmão – A Warren ajuda a resolver dois problemas muito importantes nesse mercado de investimento. O primeiro deles é que o nosso fluxo de investir é fácil. Não escolhemos o produto. É a pessoa que diz qual o objetivo dela e a nossa plataforma auxilia a fazer a alocação para os melhores produtos. Isso é um grande ganho porque hoje investir é difícil para a maioria das pessoas. E aí, muitos deixam o dinheiro na poupança ou delegam para um gerente do banco ou assessor de corretora. Só que o modelo deles é de comissionamento, e eles vão indicar os produtos bons para a companhia. A indústria de investimento é toda conflitada. A outra questão que atacamos é que, no nosso modelo de remuneração, ganhamos um fee (taxa) de 0,5% ao ano em cima do que a pessoa aportou, e nosso produtos tem custo zero. No caso dos produtos de terceiros que começamos a ofertar, devolvemos (a comissão) para o cliente. Somos a primeira corretora do Brasil 100% alinhada com cliente. Quem é muito rico não investe em uma corretora tradicional ou banco, e sim em outros modelos, como de Family Office. Agora, uma pessoa com R$ 100,00 vai conseguir fazer isso em plataforma que oferece melhores produtos e de forma 100% alinhada com eles.
Empresas & Negócios – Por que o mercado financeiro precisa inovar?
Gusmão – A indústria que estamos disrrompendo é gigante. Mas, ao mesmo tempo, está toda errada. Os quatro principais bancos do Brasil têm R$ 4 trilhões em custódia. Esse dinheiro está basicamente em poupança, fundos de investimento e previdência. Tudo muito ruim. O maior fundo de investimento do País cobrava 4% de taxa de administração, agora cobra 3% para entregar Selic que rende 6%. Ou seja, o banco fica com metade do rendimento das pessoas. É um assalto a mão armada.
Empresas & Negócios – Qual é o maior desafio de inovar em um mercado tradicional como o financeiro?
Gusmão – O nosso calcanhar de Aquiles é passar a percepção de segurança, porque nosso negócio pressupõe que as pessoas invistam seu dinheiro suado para a gente ajudá-las a atingir seus objetivos, como se aposentar, guardar dinheiro para os filhos fazerem faculdade ou viajar para a Austrália. Mas vamos conseguir vencer essa barreira com o tempo. Hoje, temos 120 profissionais, muita tecnologia e uma área de compliance e jurídica. Todo dia mandamos reports para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como os bancos tradicionais, e também para Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e outros órgãos.
Empresas & Negócios – Qual é o nível de influência da Inteligência Artificial nas decisões de produtos a Warren vai indicar?
Gusmão – Eu brinco que fazemos o RoboCop (referência ao filme de ficção científica americano em que um policial dava origem a um cyborg que protegia as pessoas de Detroit), ou seja, usamos o bom do ser humano com o bom da máquina. Temos um comitê de produtos que se reúne mensalmente para olhar asset allocation (quando se decide onde alocar o dinheiro) das carteiras. O algoritmo mostra até onde podemos sugerir e temos ferramentas internas de mapeamento de fundos, que analisa as questões mais técnicas, como performance histórica. E, feito isso, temos uma discussão, entre pessoas para definir tudo.
Empresas & Negócios – Como você vê o movimento atual de os bancos buscarem essa migração para o conceito digital?
Gusmão – Os bancos têm muito dinheiro e há um movimento forte de criarem ou comprarem fintechs. Mas esse mundo digital tem um lance de storytelling que muito forte, e acaba sendo complicado para as instituições tradicionais. É muito mais fácil trazermos uma pessoa para trabalhar aqui na Warren do que o para um banco. Especialmente quem quer mudar mundo, revolucionar. Os bancos são gigantes, mas acho que vão sofrer.
Empresas & Negócios – Você morou 10 anos fora de Porto Alegre. Como percebe hoje o ecossistema de inovação local?
Gusmão – Vejo muitas coisas fantásticas acontecendo aqui. Tem que ter uns malucos desbravando, pois aí a sociedade vai criando oportunidades e crescemos todos juntos. Temos que ajudar a mostrar para as pessoas que o Rio Grande do Sul, definitivamente, não é só vender cavalo criolo, soja e participar da Expointer. Há um tempo eu dei uma palestra na Apple, ali na Purcs, e é incrível ver o que eles tem aqui, O mesmo aconteceu quando fui a Pelotas. Lá tem empresas de tecnologia desenvolvendo soluções para grandes clientes nacionais e internacionais.
Empresas & Negócios – Em que áreas o Estado precisa investir para acelerarmos esse movimento?
Gusmão – Uma das dores que temos aqui é a falta de desenvolvedores. Na verdade, no mundo todo temos déficit destes profissionais. Aliás, quando meus dois filhos tiverem idade mínima, vou colocar eles em escolas de desenvolvimento. Se formos pensar em políticas públicas, a criação de profissionais é sempre válida. Mas acho que as pessoas tem que ser resolvedoras e o governo atuar não atrapalhando. Aí abrimos espaço para surgirem empreendedores para resolver problemas e trazer riqueza para a economia.
Empresas & Negócios – Como está estruturada a oferta da Warren?
Gusmão - Temos quatro produtos próprios: fundo de renda fixa título do tesouro, fundo de renda fixa de crédito privado, fundo ações de empresas brasileiras e fundo de ações americanos, para investir Google, Facebook etc. Recentemente, lançamos o Fundo multimercado Omaha, com expectativa de rendimento entre 150% e 170% do CDI (a Warren surgiu operando com uma oferta limitada de fundos próprios na prateleira em renda fixa ou variável e agora também oferece 250 produtos de terceiros das principais gestoras do País). Queremos educar as pessoas. Hoje ainda estamos deixando muito dinheiro na mesa, mas isso não preocupa, pois estamos olhando a longo prazo. Somos jovens, estamos há dois anos no mercado, e está na hora de colocar gasolina nesse carro. A nossa base hoje é de cerca de 50 mil usuários, e queremos dobrar até o final do ano. Neste mesmo período, queremos ter sob gestão é R$ 1,3 bilhão – hoje são R$ 300 milhões.
Empresas & Negócios – Você começou a sua história profissional da XP Investimentos que, naquela época, já era uma opção para os investidores aos bancos tradicionais. Como foi dar esse passo e empreender em um modelo de fintech?
Gusmão – Eu acho que gosto desse mundo de empreendimento e investimento porque nunca ganhei mesada. Se eu quisesse comprar um chocolate, precisava lavar a louça. Comecei a minha carreira na XP Investimentos, empresa da qual também fui sócio. Acompanhei todo crescimento da operação, mas a empresa se tornou muito grande e foi perdendo a cultura. Fui para Nova Iorque (EUA) para cuidar do escritório da XP e respirar novos ares, e resolvi empreender. Busquei dois sócios, criamos um protótipo e apresentamos em uma grande feira de tecnologia nos EUA - entre 500 empresas, ficamos entre as 10 melhores e essa foi a validação que precisávamos. Nesta época, o Marcelo Maisonave, que tinha fundado a XP, também saiu da empresa e se juntou como sócio. Íamos lançar a Warren nos EUA, mas ele nos mostrou que o melhor caminho era jogar em casa, e começamos aqui. Éramos quatro fundadores e, no meio do caminho, o Pedro Englert e o Eduardo Glitz também saíram da XP e compraram uma participação na Warren. Hoje somos 17 sócios, pois todos colaboradores que vestem a camiseta entram para o time.
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