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- Publicada em 13 de Maio de 2019 às 03:00

Modelo de negócios sustentável é desafio para IoT

Projeto iluminação inteligente em Jacarta (foto) permite controlar  90 mil luminárias de LED

Projeto iluminação inteligente em Jacarta (foto) permite controlar 90 mil luminárias de LED


SIGNIFY/DIVULGAÇÃO/JC
Em Jacarta, cidade da Indonésia com mais de 9 milhões de habitantes, quase 90 mil luminárias de LED nas ruas são controladas centralmente e gerenciadas de forma remota. Na segunda fase do projeto, que está em implantação, serão 150 mil atualizadas, o que transformará esse no maior projeto de iluminação pública inteligente no Sudeste da Ásia.
Em Jacarta, cidade da Indonésia com mais de 9 milhões de habitantes, quase 90 mil luminárias de LED nas ruas são controladas centralmente e gerenciadas de forma remota. Na segunda fase do projeto, que está em implantação, serão 150 mil atualizadas, o que transformará esse no maior projeto de iluminação pública inteligente no Sudeste da Ásia.
O uso de LED representa uma economia superior a 50% em eficiência energética. Mas isso é apenas parte de todo potencial que essa digitalização está trazendo para a cidade. Como cada ponto de luz é conectado à arquitetura do sistema de iluminação, os dados de desempenho são enviados diretamente para a central de operação da cidade, o que gera a inteligência de todo processo. Assim, à noite, quando o tráfego é baixo, o escritório de Jacarta pode reduzir a iluminação em 50%, resultando em economia de energia adicional. Eles também recebem dados atualizados dos status das luminárias, como notificações de falhas.
E é aí que mágica acontece. São resultados como esses que serão capazes de fazer com que a Internet das Coisas (IoT) deixe de ser vista como uma tecnologia disruptiva, mas cara, para algo possível de ser implementado em escala nas empresas e nas cidades.
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"É a falta de uma modelagem financeira para justificar os projetos de IoT que faz com que a adoção ainda seja incipiente, e não a ausência de tecnologia", projeta o diretor de Vendas e Comercial da Signify Brasil, Sergio Baptista da Costa, que acredita que essa adoção será massificada nos próximos anos. A empresa, antes chamada de Philips Lighting (operação de iluminação da Philips) e líder mundial em iluminação, é a responsável pela realização do projeto em Jacarta e em outras cidades, como em Los Angeles (EUA), onde estão sendo adicionados serviços aos sistemas de iluminação, como o sinal de Wi-Fi.
A visão de futuro deve ser a de deixar de perceber IoT como uma simples automatização de objetos e sistemas para perceber o valor estratégico dos dados gerados por esses sensores. Além disso, a tecnologia pode ser usada para ajudar as empresas a reduzirem custos e até mesmo pensarem em novos serviços e modelos de negócios para serem oferecidos ao mercado.
"A utilização desse sensores só para controlar luminárias possivelmente não justificaria o investimento. Mas, se nos dermos conta das outra fontes possíveis de economia, como a redução do custo dos fornecedores que cuidam da manutenção de uma cidade, na verdade sairá muito barato", afirma Costa.
O executivo cita o exemplo das concessionárias de energia, que têm um gasto muito alto com demandas judiciais dos consumidores decorrentes da queima de produtos elétricos em função da flutuação da rede elétrica. Hoje em dia, é difícil identificar quais os casos em que o problema ocorreu de fato por isso. "Mas, se a empresa de energia tiver um sistema de telegestão, conseguirá ver o histórico, analisar possíveis problemas da rede e reduzir gastos desnecessários" analisa o executivo.
Cofundador da Altus e da HT Micron e com grande experiência no mercado de tecnologia, Luiz Gerbase concorda que é fundamental que se crie um modelo de negócios adequado para a operação dos sistemas de IoT. "Essas soluções envolvem hardware, redes de comunicação e uma plataforma em nuvem, e a sua colocação no mercado é mais complexa que a simples venda de um produto", observa. Segundo ele, é preciso um estudo aprofundado do quanto o prestador de serviços cobrará e como o cliente final pagará. "Também é necessário verificar o retorno do valor investido", acrescenta Gerbase, que também é o fundador e CEO da Ayga, empresa especializada no fornecimento de soluções para gestão de negócios em tempo real com Internet das Coisas.
Encontrar o modelo de negócios ideal é um dos aspectos para destravar a adoção de IoT no Brasil. Os outros ainda envolvem o barateamento do custo dos sensores que são colocados nos objetos, a definição dos modelos ideais de conectividade e as questões legais e tributárias.
Nesse sentido, é grande a expectativa do mercado para o Plano Nacional de IoT, que deveria ter sido publicado em 2017. O documento já estava na Casa Civil e, com a troca de governo, voltou para ser avaliado pela nova gestão do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Mas parece não ter perdido o status de estratégico. "O tema continua sendo prioritário para a União e neste ano ainda deve ser publicado", acredita o coordenador de IoT do MCTIC, Guilherme de Paula Corrêa.
O documento é importante para ajudar esse mercado a deslanchar. A começar pelo fato de que o decreto definirá o que é IoT. Isso significa explicitar se essa tecnologia se enquadra como um serviço de telecom (pesadamente tributado) ou como Serviço de Valor Agregado (SVA), que roda em cima de telecom, mas não se confunde como tal.
Outra nuance importante é a definição do que são os sistemas Máquina-Máquina (M2M). "Desde 2014, existe uma discussão do que é sistema M2M e porque existe uma isenção fiscal para sistemas considerados como tal", relata Corrêa. O decreto definirá também agricultura, saúde, cidades inteligente e indústria como as quatro áreas encaradas pelo governo brasileiro como prioritárias para projetos de IoT desenvolvidos no Brasil.
"A IoT é muito transversal e pode estar em praticamente qualquer setor econômico, como nas residências e nas roupas vestíveis. Mas esses quatro setores serão o foco do governo, o que aponta um direcionamento para o mercado", aponta.

Eletrodomésticos conectados começam a virar realidade

Wind Free Divulgação Samsung

Wind Free Divulgação Samsung


SAMSUNG/DIVULGAÇÃO/JC
Já faz tempo que ouvimos falar em equipamentos conectados. Nos nossos sonhos mais tecnológicos, os eletrodomésticos conversam entre si, a geladeira nos avisa se estiver faltando tomate e depois nos lembra disso quando chegarmos no supermercado. Um simples comando de voz aciona o micro-ondas e, em um dia quente, um clique no aplicativo do smartphone já liga o ar condicionado enquanto ainda estamos no trajeto, preparando o ambiente mais adequado para quando chegarmos em casa.
A sensação é que isso já está acontecendo há muito tempo, certo? Mas quantos de nós têm essas novidades em casa? Tecnologia para isso já existe, no entanto a maioria das aplicações começam a surgir agora. Até então, o que tínhamos eram lançamentos mais pontuais. A Samsung deve trazer para o Brasil ainda esse ano o Family Hub, um refrigerador que traz recursos avançados de Inteligência Artificial (IA) e IoT. O produto possui uma tela digital de avisos, pela qual os membros da família podem inserir notas, fotos e até rabiscá-lo diretamente.
Pelo smartphone, o usuário consegue conferir se esqueceu a porta aberta e até mesmo controlar tudo que tem dentro do refrigerador, tarefa possível graças a presença de três câmeras internas. Sempre que o consumidor fechar a porta, o sistema tira uma foto do que tem dentro. Se o indivíduo estiver indo para o supermercado e precisar conferir se tem ovos suficientes para a janta, basta acessar o aplicativo no celular e conferir a foto mais recente. Também é possível saber o histórico dos produtos ali armazenados. "Vou conseguir saber que horas roubaram o meu iogurte da geladeira", brinca o gerente de Produto da Divisão de Digital Appliance da Samsung Brasil, Ilan Kibrit.
Nos chamados produtos da linha branca, o primeiro lançamento da marca com IoT foi um ar condicionado, no ano passado. O Wind-Free possibilita ajustes e configurações de temperatura dos ambientes de forma remota, via também por conexão Wi-Fi. O modelo é o primeiro ar-condicionado sem vento do mundo e mantém um nível confortável de frescor em qualquer espaço, evitando a sensação desagradável de vento frio.
A integração do eletrodoméstico com a plataforma Samsung SmartThings permite que o consumidor controle o equipamento de forma remota, ou seja, é possível programar o produto de qualquer lugar e, ao chegar na sua casa ou escritório, encontrar o ambiente refrigerado e na temperatura de preferência do usuário. Além disso, o app permite acompanhar o consumo de energia do aparelho por meio de smartphones e tablets, oferecendo ainda mais comodidade. Já o assistente Bixby possibilita o controle do ar-condicionado (liga/desliga) por meio de comandos de voz.
Outro produto lançado pela empresa é a lava e seca QDrive, que possui controle via Wi-Fi por meio do aplicativo SmartThings. O consumidor pode controlar o equipamento por comandos de voz e, com auxílio de dispositivos inteligentes, recebe instruções de manutenção e recursos de monitoramento automático para manter o desempenho ideal do produto.
Se a pessoa colocar uma calça jeans, a máquina conectada avisa que é melhor não juntar com uma camiseta colorida. "O equipamento ajuda você a escolher as coisas, indica o ciclo com melhor lavagem e menos energia", conta. Para isso, basta o consumidor ir colocando no app o que está colocando e dar iniciar no celular.
A Samsung planeja, até 2020, lançar todos os produtos preparados para serem conectados. "O mercado brasileiro é mais carente de ofertas de IoT do que de demanda. Cada à indústria assumir o papel e ampliar as ofertas de soluções", relata o gestor.
A automatização residencial não é novidade. Há anos já ouvimos falar em controlar luz ou home theater por um painel. A grande diferença hoje em dia é a facilidade de o próprio usuário poder fazer isso, do seu próprio celular. "Um dos primeiros passos para aumentar a adoção é tirar a complexidade de acesso destes sistemas", acrescenta Kibrit.

Mercado é de oportunidade para startups

O mercado de Internet das Coisas (IoT) é de grande potencial para as startups, que vão poder alimentar as grandes indústrias com soluções de IoT. Porém, elas precisarão contar com o apoio das grandes indústrias.
Isso porque, hardware demanda um investimento alto, que muitas vezes essas operações não tem condições de fazer. "As startups até podem desenvolver os sensores, mas na medida em forem vender para uma grande indústria e ela fazer um pedido, por exemplo, de 10 mil sensores, a pequena empresa não terá fluxo de caixa ou assistência técnica para fornecer" analisa o diretor da Distrito, Gustavo Araujo.
O caminho, recomenda, é incentivar grandes empresas de hardware a darem suporte a essas startups. Esse o tipo de trabalho que tem sido feito pela Leap, um ecossistemas de startups criado pela KPMG em parceria com a Distrito. "Convidamos as startups que precisam de escala e garantia para seus clientes a desenvolver esses sensores junto com grandes empresas", cita.
 

Custos mais baixos dos sensores deve viabilizar a Indústria 4.0

Gerbase acredita que mesmo as indústrias mais tradicionais irão aderir

Gerbase acredita que mesmo as indústrias mais tradicionais irão aderir


/ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Depois de alguns anos com os projetos sem sair do papel ou com começos tímidos de uso da Internet das Coisas, as indústrias começam a acelerar a adoção. Players como Natura, Bayer, Microsoft, Vale e Randon já estão desenvolvendo projetos nessa área. "2019 é o ano em que veremos IoT ganhar escala no Brasil", projeta o diretor da Distrito, Gustavo Araujo.
As sucessivas crises econômicas das últimas décadas acabaram sucateando boa parte da indústria brasileira e tirando do jogo global da competitividade players nacionais importantes Mas, isso está mudando. As indústrias, que até então estavam desconectadas, vão passar para outro nível.
"Nos próximos dez anos, veremos uma grande transformação da indústria. Tudo que estava off-line passará a estar on-line, o que resultará na geração de dados e, a partir deles, de criação de insights que permitem uma melhoraria da performance das operações", analisa Araujo.
Em um primeiro momento, sensoriar equipamentos industrias trará agilidade e maior capacidade de predição de problemas. Com o tempo, a expectativa é que o uso inteligente dos dados gerados pelos sensores resulte em uma maior performance e na criação de novos produtos e modelos de negócios.
"As indústrias mais tradicionais estão estudando os projetos de IoT e é uma questão de tempo para essa cultura se espalhar dentro das empresas", acredita o empresário Luiz Gerbase, CEO da Ayga. Os maiores potenciais de uso, segundo ele, são as aplicações como de gestão de ativos, como máquinas e equipamentos, e os negócios que envolvem dispositivos embarcados em equipamentos agrícolas, geradores de energia móveis e elevadores. Nestes casos, as companhias precisam saber onde estão as máquinas, qual o estado atual e que comportamento tiveram no passado recente, bem como insights de manutenção preventiva.
A evolução deve passar pelo barateamento dos preços dos sensores, o que tornará possível o sensoriamento das fábricas, realidade que até bem pouco tempo era impensável. "O custo dos dispositivos ainda é um é impeditivo quando as empresas fazem as contas do retorno do investimento. Mas, estamos evoluindo nisso e o Brasil tem plenas condições de desenvolver esses dispositivos", projeta.
Para isso, entretanto, o custo da microeletrônica tem que ser baixo. "Temos empresas como HT Micron que tem condições de desenvolver chips com tecnologia SIP que permite grande densidade de eletrônica a baixo custo. Aí sim vemos horizonte para o Brasil poder fazer esses equipamentos em volume e baixo custo", projeta.
Outro aspecto é primordial para pensarmos em um momento para a IoT. A conectividade de baixo custo começa a ser viabilizada no País. Estudo da Cisco projeta que, em 2022, as redes móveis darão suporte para mais de 4 bilhões de conexões Internet das Coisas (IoT) globalmente. IoT depende de hardware, software e conectividade.
"IoT vai começar a tornar possível diversos modelos de negócios e isso vai impactar a indústria e gerar escala. O que inviabilizava era o custo da transmissão do dado, mas com a ampliação do uso o custo de adoção vai caindo e as tecnologias vão atingindo seu potencial comercial", analisa Araujo.
Para o dado sair do sensor e chegar até a rede da empresa na nuvem, precisa de rede de conectividade, que pode ser 2G, 3G, 4G - e, claro, o 5 G no futuro - ou redes low cost específicas para trafegar dados de IoT. É o caso da LoRa, uma tecnologia de comunicação de dados digital privada sem fio de longo alcance, e da SigFox, protocolo para rede pública.
"Qualquer sensor em uma fábrica ou em área rural que esteja dentro do raio de alcance, permite a conexão á custo mais barato que as redes 3G ou 4G", comenta Araujo, destacando que esse mercado precisa andar junto. "Antes tínhamos hardware e software, mas faltava a conectividade. Agora, a expectativa é que esse mercado cresce muito", acrescenta.
O líder de Inovação do SAP Labs, Matheus Souza, acredita que é justamente o custo da conectividade um dos motivos a travar os projetos, bem como a falta de uma percepção mais clara do retorno do investimento. Isso fez com que tecnologias como machine learning e blockchain avançassem mais rapidamente.
Mas a Internet das Coisas é uma aposta da multinacional, que apresentou no início do ano a plataforma SAP Leonardo Internet das Coisas (IoT), com foco em impulsionar a transformação digital em ambientes industriais e indústria 4.0. A ideia é apoiar a melhoria dos processos de negócio usando a inteligência orientada por dados e o contexto operacional de máquinas, produtos, cadeias de fornecimento, consumidores e parceiros.
"O conceito adotado pela companhia é o de empresa inteligente. Tecnologias como blockchain, Internet das Coisas e machine learning agora estão dentro do sistema standard da marca, de forma integrada, explica Souza. Antes, os clientes da SAP adquiriam a solução de ERP e iam adicionando outras camadas de soluções para ter mais inteligência. "Agora eles podem ativar os serviços, customizar a aplicação ou adotar alguns dos pacotes disponíveis, como para fazer o controle de veículos ou de ativos", relata.
 

Segurança dos dispositivos conectados ainda é alvo de preocupação do mercado

A segurança é outro tema que preocupa o mercado de Internet das Coisas (IoT). Recentemente, um adolescente de 13 anos hackeou um drone para destacar a importância da segurança nos dispositivos conectados. A demonstração aconteceu no evento anual Cyber Security Weekend 2019 da Kaspersky Lab, na Cidade do Cabo, África do Sul. Reuben Paul precisou apenas de dez minutos para invadir o drone e assumir o controle do dispositivo explorando protocolos inseguros.
"O foco na usabilidade é justificável já que os dispositivos IoT estão em fase de adoção ou consolidação como itens importantes em nossas vidas. Mas os fabricantes precisam entender também que um problema sério de segurança pode inviabilizar todo o investimento feito", alerta o analista de segurança da Kaspersky Lab, Thiago Marques. Na América Latina, ocorrem mais de 30 mil tentativas de infecção neste tipo de gadgets no ano passado, sendo que roteadores e câmeras de vigilância foram os alvos mais afetados. Brasil (72%), México (13%) e Argentina (4%) lideram a lista de países mais afetados
Dados de um estudo global da Symantec apontam que o Brasil é o 3º maior alvo de ataques a objetos conectados. De todas as ameaças detectadas pela empresa de cibersegurança no segmento de Internet das Coisas, 9,8% ocorreram no Brasil. A China aparece em primeiro lugar (com 24%), seguida dos Estados Unidos (10,1%). Os ataques acontecem em câmeras, normalmente muito baratas, que têm microfone, repassam dados às empresas e podem ser acessadas de forma remota.
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