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Livros

- Publicada em 06 de Maio de 2022 às 03:00

O TikTok, os EUA e as novas celebridades


EDITORA INTRÍNSECA/DIVULGAÇÃO/JC
TikTok Boom - Um aplicativo viciante e a corrida chinesa pelo domínio das redes sociais (Editora Intrínseca, 304 páginas, R$ 59,90, tradução de Alexandre Raposo, Carolina Selvatici e Diego Magalhães), de Chris Stokel-Walker, experiente jornalista britânico com trabalhos publicados regularmente nos mais diversos veículos como Wired, The Economist e Insider, autor do conhecido livro YouTubers: How YouTube Shook Up TV and Created a New Generation of Stars, revela muito sobre a rede social mais curtida do momento, que desafia nações e apresentou nova e impactantes celebridades.
TikTok Boom - Um aplicativo viciante e a corrida chinesa pelo domínio das redes sociais (Editora Intrínseca, 304 páginas, R$ 59,90, tradução de Alexandre Raposo, Carolina Selvatici e Diego Magalhães), de Chris Stokel-Walker, experiente jornalista britânico com trabalhos publicados regularmente nos mais diversos veículos como Wired, The Economist e Insider, autor do conhecido livro YouTubers: How YouTube Shook Up TV and Created a New Generation of Stars, revela muito sobre a rede social mais curtida do momento, que desafia nações e apresentou nova e impactantes celebridades.
Com seus vídeos curtos compartilhados pelos próprios usuários, a plataforma garante horas de entretenimento e possibilita que qualquer um se torne o próximo grande influenciador. Mas por detrás de cada coreografia ou meme, há uma misteriosa estrutura de algoritmos muito bem planejada para manter os olhares colados na tela. De certo modo, o TikTok desafia a hegemonia tecnológica dos Estados Unidos e deixa no ar suspeitas sobre questões de segurança a privacidade.
Na Índia o Tik Tok foi banido, e Donald Trump, quando era presidente dos Estados Unidos, considerou esta plataforma uma ameaça à segurança nacional. O livro percorre os bastidores da proprietária chinesa do TikTok, a ByteDance, cuja ambição é alcançar o patamar de gigantes tecnológicas norte-americanas como o Google. Com informações inéditas sobre o funcionamento do aplicativo, o autor desvenda o contexto sociopolítico que o transformou em embate entre as duas maiores potências de hoje: a China e os Estados Unidos.
Na conclusão escreveu o autor: "Minha esperança é que, ao ler este livro, você tenha uma visão mais completa das mudanças sísmicas que estão bem diante de nossos olhos e uma ideia mais matizada do que isso significa para todos nós. Mais do que isso, porém, espero que você preste atenção a esse aplicativo. Você pode achar que se trata apenas de dancinhas de adolescentes, mas quero que veja o aplicativo pelo que de fato é: um impulsionador fundamental da sociedade e um presságio do futuro da tecnologia."

Primórdios do politicamente correto

Essa história toda de politicamente correto, de gente que se diz do bem e, sorrindo, quer mandar em todo mundo, com mil regras e teorias "científicas", achando que é a dona exclusiva do campinho pós-moderno, vem de longe, de muitas décadas. Lá pelo início dos anos 1990 os "imperadores do bem" já andavam tentando impor suas teses "politicamente corretas" e deitando sabedoria e autoridade em cima dos outros. O tempo foi mostrando as artimanhas daqueles que se faziam de bonzinhos para passar bem e dominar a cena.
O império do bem - A ditadura do politicamente correto (Avis Rara, 128 páginas, R$ 34,90), de Philippe Muray, autor que inspirou Michael Houlebecq, publicado originalmente na França na década de 1990 e agora pela primeira vez no Brasil, mostra uma obra que já apontava os sinais do autoritarismo que crescia no Ocidente travestido de politicamente correto.Esta é a primeira obra do autor publicada entre nós. O autor desmascara bem as formas de autoritarismo disfarçadas de civilidade e nos proporciona um necessário alívio, em meio a tantas formas novas de barbárie. Já em 1991 o autor tinha um solene medo da devoção a um Bem com B maiúsculo que não pode ser questionado, sendo a fonte de inúmeras tolices e o caminho mais curto para a intolerância. O império do bem vai inventando sempre novas modas para atrapalhar nossas vidas.
O ensaísta e romancista francês Muray nasceu em Angers, em 1945 e faleceu em Paris em 2006 , filho de pais que estimularam sua educação literária. Ele estudou humanidades em Paris e, em 1983, lecionou literatura francesa na Universidade de Stanford, na California. Polemista e satirista de talento, admirador de Balzac, Céline, Bloy, Bernanos e Péguy, ele criticou com veemência o que considerava os absurdos do mundo contemporâneo. Foi tratado como um antimodernista cultural e considerado por Michel Houllebecq como um dos maiores escritores do século XX , um gênio da criação literária.
Desde a publicação da obra de Muray, em 1991, o domínio do politicamente correto cresce sem parar e o homem contemporâneo vive perdido na ditadura dos clichês, no culto da bondade que avança sobre nossas vidas e vai restringindo nossas liberdades. Para Muray, a tirania atualmente é mais perversa porque é exercida em nome do Bem. Tal qual seus predecessores autoritários, monarquias, fascismos e comunismo, esse império nega os direitos básicos de expressão do indivíduo, mas o faz de uma maneira totalmente nova, com um sorriso no rosto e um ar festivo. A razão dançou. Não se pode questionar, nenhum dogma ou lei são claros. Nesse cemitério de inteligência, há apenas uma tábua de salvação: a sátira e o riso.
Com esta obra, o autor francês lançou luz sobre o mundo de três décadas atrás, quando tudo o que previu parecia um olhar pessimista sobre nossas sociedades. O futuro chegou e as profecias de Muray infelizmente se concretizaram.

A propósito...

O livro de Muray tem o mérito de mostrar e criticar os primórdios desse infernizamente "politicamente correto", que se mostrou uma nova forma de ditadura. É preciso conhecer as origens da coisa para poder refletir e agir de modo razoável. Perdidos em meio a tantas regras, leis e palavras de ordem, nos cabe tentar, ao menos, enfrentar esses males e impedir que eles avancem ainda mais na direção de uma onda cada vez maior do "grande" e "bom" autoritarismo. Os totalitarismos dos "bons sentimentos" precisam ser desvendados, analisados e entendidos e os cidadãos não podem permitir que, em nome de teses e bandeiras enganosas, seus direitos sejam desrespeitados. As pessoas e o tempo são os melhores juízes, os senhores da razão, e os "imperadores do bem" já devem estar sabendo que não se pode enganar todo mundo, todo o tempo.

Lançamentos

  • Júpiter Marte Saturno (Editora Uboro Lopes , 104 páginas, R$ 35,00), novo livro da professora e escritora Irka Barrios (com lançamento na Livraria Taverna em 7/5, com bate-papo da autora), tem 14 contos sobre o universo íntimo de personagens mulheres. A epígrafe da obra, coincidentemente, é um trecho de Lygia Fagundes Telles, grande escritora falecida há pouco.
  • Rio Grande do Sul - Político, Social, Histórico, Geográfico e Poético (AGE, 544 páginas), de Nelson Rech, escritor e profissional do mercado de capitais, é uma alentada obra que traz históricos dos municípios gaúchos, homenagens ao Brasil e ao RS e sonetos em homenagem aos 497 municípios de nosso estado.
  • Imagens invisíveis do passado (Editora Viseu, 450 páginas, R$ 76,80), do professor e escritor Sulivan Bressan, é um romance que narra a saga de um jornalista que reconstrói sua história com base nas anotações do pai em um livro sobre Fédon, filósofo grego que, ao perder a esposa e o filho, realiza o sonho de conhecer as Sete Maravilhas do Mundo Antigo.