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Livros

- Publicada em 22 de Outubro de 2021 às 03:00

Odisseia, a mãe das narrativas

Odisseia, de Homero, uma das mais importantes obras da literatura universal, surgida no século IX a.C., é considerada uma das obras mais importantes da literatura ocidental. Ao lado da Ilíada, é considerada uma das mães de todas as narrativas e é a fundadora da arte de contar histórias, inventora do herói errante e sempre estimulou e segue estimulado renomados escritores.
Odisseia, de Homero, uma das mais importantes obras da literatura universal, surgida no século IX a.C., é considerada uma das obras mais importantes da literatura ocidental. Ao lado da Ilíada, é considerada uma das mães de todas as narrativas e é a fundadora da arte de contar histórias, inventora do herói errante e sempre estimulou e segue estimulado renomados escritores.
Em nova edição, Odisseia (L&PM Editores, 456 páginas, R$ 35,90), com tradução do grego, apresentação, notas e análise do professor Donaldo Schüler, um dos maiores helenistas e tradutores brasileiros, está à disposição dos leitores e lembra o título do famoso livro do genial Italo Calvino: Por que ler os clássicos.
Em seus 24 cantos, que na Grécia eram declamados de memória pelos aedos, que os transmitiam de forma oral, narra as aventuras de Odisseu (em latim, Ulisses) após sua participação na Guerra de Troia, na atual Turquia, e as peripécias que passou ao voltar para casa, na ilha de Ítaca, para junto da mulher e do filho.
A primeira parte narra a busca de Telêmaco pelo pai, Odisseu, aventureiro. A segunda é concentrada no relato do próprio herói, Odisseu, que narra suas desventuras. Na terceira e última parte o herói conta sua volta para Ítaca e como terá que derrotar os pretendentes que o julgam morto e que cobiçam Penélope, sua mulher e seus bens.
Homero, a quem se atribui a Ilíada e a Odisseia, teria nascido em Esmirna no século IX a.C. e pouco se sabe sobre ele, que teria dirigido uma escola de retórica e em seguida teria viajado por todo o mundo mediterrâneo. Donaldo Schüler ao traduzir a obra do grego, logrou o êxito de manter a sonoridade original, aliando as falas à linguagem coloquial. No século XVII discutiu-se se Homero teria escrito sozinho as duas obras ou se seriam "obras anônimas da criatividade popular". Estudos posteriores mostraram que Homero partiu de elementos da tradição oral para elaborar, com requintes de narração, os clássicos que até hoje encantam a humanidade.

Como viver na Babel digital

Definitivamente, estamos imersos em um mar interminável de palavras, sons, imagens, verdades, mentiras, fake news, dados científicos e nem tão científicos, informações, deformações e tudo mais. Não está fácil conviver com tantos dados, tanta rapidez e tantas tentativas das empresas, dos governos e das pessoas querendo controlar os outros utilizando as velozes e cambiantes inovações tecnológicas.
O grande pensador da comunicação Marshall McLuhan cunhou o eterno termo "aldeia global" e ensinou que no futuro cada ser humano seria seu próprio editor. O que ele, grande visionário que previu os fenômenos sociais e filosóficos que viriam, certamente não imaginava era a quantidade e a velocidade de informações que os cidadãos do século XXI enfrentariam.
Liberdade e Resistência na Economia da Atenção (Arquipélago Editorial, 192 páginas, R$ 49,90, tradução e prefácio à edição brasileira de Christian Schwartz), livro de estreia de James Williams, pesquisador de Oxford e ex-estrategista do Google debate justamente a fragilidade da atenção humana na era das redes sociais e nos auxilia a evitar que as tecnologias digitais nos distraiam dos nossos verdadeiros propósitos.
James Wiliiams nasceu em 1982 na Flórida, mas viveu a maior parte da infância em Abilene, no Texas. PhD e pesquisador em Oxford, tem estudos voltados para o avanço da liberdade de pensamento e do bem-estar em ambientes digitais de design altamente persuasivo. Trabalhou no Google por mais de 10 anos e lá ganhou o Founder's Award, maior prêmio da empresa, por seu trabalho com pesquisa em publicidade. James é cofundador da campanha Time Well Spent e consultor nos setores industrial, acadêmico, governamental e terceiro setor. James contribuiu para jornais britânicos como The Observer e a revista norte-americana Wired.
Neste livro de estreia o autor traz reflexões desde a filosofia antiga até a visão contemporânea multidisciplinar sobre a era digital. O autor vai além de nossas angústias individuais, da preocupação excessiva com a própria imagem e da ansiedade em manifestar opiniões ou a sensação de tempo desperdiçado em redes sociais. Para ele a falta de atenção nos desvia não somente de fazer aquilo que queremos fazer, mas ameaça a possibilidade de sermos quem queremos ser e capacidades como a reflexão, o autocontrole e a conexão com nossas vontades. Para ele a era digita nos desvia de "querer o que queremos querer".
Para James, as tecnologias digitais determinam a elaboração de nossa visão do mundo e de nossos valores e ameaça mesmo a própria condição da sociedade em sustentar sistemas democráticos, que tem na vontade da população um fundamento basilar. O autor aponta a recuperação da atenção humana como o desafio moral e político de nosso tempo e a possibilidade de vivermos melhor neste universo digital, buscando investir na linguagem e em novas formas de refletir e debater o problema.
James alerta que o preço da atenção são todas as coisas que perdemos. O preço são possíveis futuros perdidos. "Você paga pelo episódio extra de Game of Thrones com a conversa íntima que poderia ter tido com seu filho sobre a ansiedade dele", diz James.
 

A propósito...

Num mundo de mercados do luxo onde alguns tem dezenas de Rolls-Royces na garagem, casas de centenas de milhões, barcos e aviões particulares gigantescos e outros requintes infinitos de consumo, num mundo no qual alguns dominam ou tentam dominar a atenção e a informação, o livro de James Williams nos convida a pensar sobre o que realmente interessa na vida. Sua obra é uma inspiração para controlarmos a informação e a tecnologia e não deixar que elas e seus algoritmos nos tirem de nossos caminhos e essências mais verdadeiros. Temos que pensar em dormir bem, comer bem, fazer bons exercícios e conviver bem com a família e os amigos e pensar que não somos obrigados a ler, ouvir e ver tudo. Nossas telas interiores, sonhos e liberdades são mais importantes e precisamos preservá-los.

Lançamentos

  • Reportagem - Da Ditadura à Pandemia (Editora Telha, 211 páginas, R$ 35,00), da consagrada jornalista e comunicadora polivalente Márcia Turcato, traz histórias dela e de muitos jornalistas que lutam por fazer uma boa imprensa, uma imprensa "gatekeeper" (porteira) que ajude as pessoas em meio à desinformação, às fake news e a tudo que anda por aí.
  • Beatles - Do Moderno ao Pós-Moderno - Comunicação, Visual, Sedução, Imaginário Social e Cultural, Mito (Metamorfose, 264 páginas, R$ 39,00) de Maria Tereza Jorgens Bertoldi, jornalistae pós-doutora em Comunicação pela Umesp, fala da comunicação visual dos Beatles como sedução no imaginário social e cultural. Eles seguem influenciando a pessoas e bandas.
  • Dante - Canto Quinto - Do Inferno (Libretos, 64 páginas, R$ 45,00), tradução de Eduardo Guimaraens, de 1920, em edição ampliada, com organização de Maria Etelvina Guimaraens, integrante do projeto Eduardo Guimaraens por suas netas e netos, comemora os 700 anos da morte de Dante Alighieri.