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Livros

- Publicada em 20 de Agosto de 2021 às 03:00

Três faroleiros mortos, terror e ares sobrenaturais

capa livro O Farol - Ed. Intrínseca

capa livro O Farol - Ed. Intrínseca


/INTRINSECA/DIVULGAÇÃO/JC
Não por acaso o romance de estreia da editora e escritora inglesa Emma Stonex, O Farol (Editora Intrínseca, 352 págs., R$ 59,90, tradução de Carolina Selvatici e Diego Magalhães), entrou na lista de best-sellers do Sunday Times logo após seu lançamento, em março deste ano. A obra já foi traduzida para mais de 20 idiomas e foi considerada pelo The Telegraph como uma das melhores de 2021.
Não por acaso o romance de estreia da editora e escritora inglesa Emma Stonex, O Farol (Editora Intrínseca, 352 págs., R$ 59,90, tradução de Carolina Selvatici e Diego Magalhães), entrou na lista de best-sellers do Sunday Times logo após seu lançamento, em março deste ano. A obra já foi traduzida para mais de 20 idiomas e foi considerada pelo The Telegraph como uma das melhores de 2021.
A vida inteira, a autora foi apaixonada por faróis e por tudo relacionado ao mar. Inspirada numa história real de 1972, a narrativa traz o desaparecimento de três faroleiros de um farol remoto, no meio do mar, e os desdobramentos do misterioso acontecimento. Os indícios são intrigantes: uma porta fechada por dentro, uma mesa posta apenas para duas pessoas e dois relógios parados exatamente na mesma hora. O registro do faroleiro-chefe descreve uma terrível tempestade, mas o céu está limpo. Por quase duas décadas, as perguntas sobre o que ocorreu perduraram.
Em 1992, as viúvas dos faroleiros ainda lutam para deixar para trás as angústias e, afastadas por mágoas e desavenças antigas, as três têm a oportunidade de se reconectar com o surgimento de um escritor interessado em contar a história delas e dos desaparecidos. Para a verdade surgir, medos terão que ser enfrentados.
Desde a primeira página, a narrativa sobre os três homens isolados em meio ao mar envolve o leitor tratando de coisas sobrenaturais, de amor, de luto, de medos e mágoas íntimas e aterradoras, transitando, com grande habilidade ficcional, entre o real e o imaginário. A obra bem revela os desafios diários que o ofício de faroleiro impõe aos funcionários e às suas famílias e como acontecimentos insólitos, místicos, comoventes e misteriosos podem marcar uma atividade tão marcada pelo isolamento, pela solidão e por quilômetros de mar, calmo ou revolto, em torno do local de trabalho que parece uma prisão.
 

Lançamentos

Agora já posso revelar (Farol 3, 210 págs.), quarto livro solo de Flávio Dutra, traz, em sete capítulos, saborosos textos sobre bares, vida real, comunicação e contos sobre pandemia. Ele faz confidências, conta tudo, mas, jornalista experiente, preserva os nomes das vítimas. Lançamento: 26 de agosto, 17h, no Chalé da Praça XV.
 
 
Gandhi - Todos somos irmãos: Reflexões autobiográficas (L&PM Editores, R$ 48,90, 256 págs.) apresenta lições do grande líder indiano, pacifista, que batalhou por todas as pessoas, sem distinção, muito antes de se falar em ONU, diversidade e outros temas importantes da atualidade.
Vida vertiginosa (José Olympio, R$ 64,90, 336 págs.), de João do Rio, pseudônimo do grande jornalista carioca João Paulo Emilio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, é obra clássica sobre a belle époque, de franca modernização, com reformas higienistas, urbanísticas e de costumes, lideradas pelo prefeito Pereira Passos.
 

Reflexões sobre a sociedade

Vivemos numa época com número e velocidade de mudanças jamais imaginados, bem como nos ensinou Alvin Toffler, no clássico livro O choque do futuro, publicado em 1970. Nesse ambiente pós-moderno em que estamos imersos, poucas referências e valores duram muito e todos os dias somos surpreendidos com novas e velhas novidades, de um modo que nos deixa digitalmente intoxicados. Os valores mudam muito e rápido, as pessoas comuns e as lideranças também e, assim, vamos tocando velozmente o barco, sem saber bem para onde, nesses mares de pandemia.
Obras recentes como Sapiens - Uma breve história da humanidade, de Yuval Noah Harari, e Humanidade - Uma história otimista do homem, de Rutger Bregman, nos ajudam a tentar entender, ao menos um pouco, quem somos, de onde viemos e para onde vamos.
Ensaio sobre Nós - Proposições realistas sobre as pessoas e a sociedade (Chiado Books, R$ 46,00, 388 págs.), livro de estreia do porto-alegrense Lineu Hardessem, formado em Direito pelo Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, é uma alentada obra que propõe uma reflexão multidisciplinar sobre o comportamento humano. Depois de muitíssimas leituras e pesquisas, o autor une áreas como Filosofia, Psicologia, Antropologia, Economia e Política e discorre sobre tópicos como crenças, sistemas de poder, dilemas éticos e desigualdade, entre outros temas contemporâneos relevantes.
Unindo formação acadêmica com a "universidade da vida", Lineu, grande autodidata e leitor voraz, procura entender os fenômenos naturais e o comportamento humano, bem como reflete sobre nossas complexas relações sociais. Ele adverte que os textos da obra podem causar desconforto em alguns leitores, de vez que não tem medo de desafiar crenças e preceitos enraizados em nossa cultura.
Diz ele: "A cultura ocidental carrega o mito da felicidade como ideal de vida. Uma vez que que a felicidade seja tomada como modelo de referência, todo aquele que estiver abaixo de certo padrão imaginário pode sentir-se incompleto, infeliz ou inferior. Isso pode ser uma fonte de infelicidade".
A primeira parte da obra trata de conhecimento, obscurantismo, ciência, a lei do menor esforço, cultura, pensamento racional, mundo real, dignidade humana e outros tópicos. A segunda parte do livro trata de moral, ética na política, na economia, realismo, espiritualidade e fé, a ficção do estado moderno e muitos outros temas ligados ao dever ser.
Na terceira e última parte, o autor se concentra nos problemas de nosso tempo, na busca da civilização perdida e discorre sobre amadurecimento civilizatório, poder e sobre os grandes debates de nosso tempo.
Na introdução, o autor escreveu: "Um dos grandes desafios da Humanidade é, portanto, formar consensos mínimos que possibilitem uma convivência pacífica. Se houver algum consenso, ainda que não seja absoluto, sobre o que é verdadeiro, pode haver também um consenso sobre o que é bom. Dessa forma as pessoas podem cooperar mais pelo bem coletivo. O consenso é a condição oposta ao conflito e pode ser a a solução para ele. O consenso não é fácil e nunca devemos esperar que seja absoluto".
 

a propósito...

Nesses tempos em que estamos, na maior parte do mundo, muito divididos sobre muitos temas e em meio a gigantescas crises políticas, éticas, morais e econômicas, um livro ousado como o de Lineu Hardessem nos auxilia a buscar consciência sobre quem somos, sobre nossas semelhanças e diferenças e tentar, ao menos, buscar caminhos que nos tornem melhores individualmente e proporcionem uma evolução na construção do coletivo. A tarefa é gigante, eterna e mesmo infinita, mas não podemos deixar de acreditar em pessoas e mundo melhores. Nunca saberemos tudo e nunca chegaremos a verdades definitivas, mas é bom observar a Nova Zelândia, a Austrália, o Canadá, o Japão e os países nórdicos, entre outros, para ver experiências humanas e avaliar acertos e desacertos, próprios dos seres humanos. (Jaime Cimenti)