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Livros

- Publicada em 13 de Agosto de 2021 às 03:00

O lado sombrio das relações familiares


FARO EDITORIAL/DIVULGAÇÃO/JC
Palavras interrompidas (Faro Editorial, 144 páginas, R$ 39,00), romance do cineasta premiado Marcos DeBrito, autor do best-seller A Casa dos Pesadelos, foi inspirado no novo curta do diretor, intitulado Almas que dançam no escuro, que será lançado em 2022. Marcos sempre se devotou ao cinema, mas sua paixão por palavras e contar histórias o levou a ingressar na literatura, tornando-se um dos principais autores do gênero thriller de suspense psicológico no Brasil.
Palavras interrompidas (Faro Editorial, 144 páginas, R$ 39,00), romance do cineasta premiado Marcos DeBrito, autor do best-seller A Casa dos Pesadelos, foi inspirado no novo curta do diretor, intitulado Almas que dançam no escuro, que será lançado em 2022. Marcos sempre se devotou ao cinema, mas sua paixão por palavras e contar histórias o levou a ingressar na literatura, tornando-se um dos principais autores do gênero thriller de suspense psicológico no Brasil.
A narrativa de Marcos é forte, envolvente e inicia com o pai que vai ao Instituto Médico Legal para reconhecer o cadáver da filha única, uma garota cuja morte está imersa em mistérios e suspeições. A jovem foi encontrada morta perto de um píer. Suicídio, acidente, assassinato, violência? O pai decide que em busca das respostas vai até o inferno, se preciso for.
No início, no IML, Carlos, o pai, não reconheceu a filha, com cabelos pintados de preto e uma estranha tatuagem no ombro. Depois ele, dolorosamente, reparou que era mesmo ela e que havia sinais de violência no braço. O choro do pai pela morte da filha - a dor maior - foi sentido e costuma ser o sentimento mais forte dos humanos, mas com o tempo e a mente se adaptando à perda, o sangue bombeado pela coração vai espalhando pelas veias o ódio, a raiva e o desejo incontrolável por retaliação.
Na procura de respostas e na busca por vingança, o pai se depara com segredos que a filha escondia e sua investigação o leva a conhecer uma enigmática figura que promete ajudá-lo a encontrar o responsável pela morte de Fernanda, mas não sem antes pedir algo valioso em troca. O que um pai é capaz de fazer para descobrir a verdade? Errar, culpar, matar outras pessoas?
O pai descobre que a filha estava envolvida com um rapaz que frequentava uma boate sinistra chamada Clube Inferno e a narrativa vai revelando a relação turbulenta do pai com a filha, em meio a um suspense psicológico que pega o leitor pelo colarinho e não solta. Uma história que mostra, acima de tudo, o lado sombrio da relações familiares.

Lançamentos

Dano Colateral - A intervenção dos militares na segurança pública (Objetiva, 344 páginas, R$ 59,90), da multipremiada jornalista e escritora paulista Natalia Viana, partindo de operações de segurança do Exército, mostra um retrato profundo e sombrio de vários acontecimentos envolvendo a atuação dos militares na segurança.
Na barriga do lobo (Arquipélago, 240 páginas, R$ 39,90), do escritor e jornalista curitibano Luís Henrique Pellanda, cronista de Plural, leva os leitores a um flanar curioso e criativo pelas ruas de Curitiba, antes e depois da pandemia. Pellanda contempla árvores, pássaros e esquinas e a vida de casa e alguns contrastes das grandes cidades brasileiras.
A Era da Ansiedade (Rocco, 304 páginas, R$ 52,00), do guitarrista Pete Townshend (The Who), mostra um astro decadente do rock, um negociante de arte drogado, um jovem compositor inglês em ascensão e uma bela irlandesa assassina envoltos numa espiral fora de controle, em meio a drogas, amores, desamores e famílias desfeitas e refeitas.
 

Crise do jornalismo atual

Em meio a tantas crises políticas, sociais, ideológicas, culturais, econômicas e éticas de nosso mundinho globalizado, é claro que o jornalismo, em todo o mundo, não poderia ficar de fora disso tudo. Democracias, mesmo as em crise como as atuais, necessitam de imprensa livre e veículos de comunicação consistentes. A crise do jornalismo profissional da atualidade retrata o mundo conturbado e, ao mesmo tempo, mostra como a sociedade interfere no jornalismo e o jornalismo na sociedade.
Tempestade perfeita - Sete visões da crise do jornalismo profissional (História Real, 368 páginas, R$ 56,00), obra editada e apresentada pelo jornalista e editor Roberto Feith, apresenta sete visões dos experientes e celebrados jornalistas Caio Túlio Costa, Cristina Tardáguila, Luciana Barreto, Helena Celestino, Marina Amaral, Merval Pereira e Pedro Bial sobre os desafios do jornalismo no Brasil.
O jornalismo profissional, sitiado por uma avalancha de fake news, minado pela perda de publicidade para plataformas digitais e fustigado pelos ataques do populismo redivivo, está atravessando uma crise histórica, de consequências existenciais, que coincide com a perda de eficácia e representatividade das democracias liberais. Os desafios e oportunidades da imprensa neste cenário tumultuado são os temas desta obra Tempestade Perfeita.
Marina Amaral, uma das fundadoras da Agência Pública e Helena Celestino, ex-editora executiva de O Globo, convergem na análise de que a produção de notícias sempre foi e ainda segue pautada pelo olhar do homem branco de classe média. Luciana Barreto, âncora da CNN Brasil, sublinha a falta de diversidade nas redações: "Os anos em que convivo em redações embranquecidas me permitem dizer que há um impacto imediato da ausência de diversidade no conteúdo que produzimos: falta perspectiva do nosso olhar sobre a notícia".
Caio Túlio Costa, ex-ombdusman da Folha de São Paulo e um dos fundadores da Uol, analisa com profundidade e de modo multifacetado o futuro das empresas da imprensa tradicional e traz sete eixos para a construção de um modelo de negócios eficaz e inovador para o jornalismo em um mundo digital.
Cristina Tardáguila, fundadora da Agencia Lupa e pioneira do "fact checking", relata a evolução da verificação de notícias no Brasil e alerta para o que ocorreu nas eleições norte-americanas e o que ocorre no Brasil, por vezes com anos de atraso, em termos de questionamentos e fraudes.
Pedro Bial mesclando ficção e realidade discute o conceito de neutralidade jornalística e a ideia de "clareza moral" e a tese de que a imprensa teria obrigação moral de ir além da simples publicação de um acontecimento.
Merval Pereira encerra a coletânea apontando o complexo desafio da imprensa atual: defender a liberdade de expressão e combater a desinformação, com a missão de defender as instituições.
A coletânea traz um recorte plural, mas expressa que o jornalismo enfrenta uma crise sem precedentes e procura novos modelos e renovações, ciente de que a imprensa é essencial nas democracias e que não vai perecer.
 

A propósito...

Realmente o maior mérito desta coletânea é o fato de apresentar visões diversas sobre a crise do jornalismo e os modos plurais de encará-la e enfrentá-la. Democracia, liberdade e informação de qualidade é o que importa. Roberto Feith escreveu no fim da apresentação: "A julgar pelas pesquisas mencionadas, a maioria dos brasileiros reconhece o valor dessa imprensa independente e atuante. Por isso, tal como os autores deste livro, me permito um ponderado otimismo. Novos modelos de financiamento serão construídos, formas eficazes de combater as notícias fraudulentas, encontradas. A tempestade perfeita será superada. Nesta era, na qual a informação de qualidade é o maior valor, a imprensa não vai perecer". É isso, vamos esperar que o jornalismo e a sociedade democrática sigam em frente. (Jaime Cimenti)