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Livros

- Publicada em 09 de Julho de 2021 às 03:00

Economia e política no Brasil

Lições amargas: Uma história provisória da atualidade (Editora Intrínseca, Selo História Real, 256 páginas, R$ 49,90 e e-book R$ 24,90), escrito por Gustavo Franco, renomado economista e ex-presidente do Banco Central, trabalhado sob o espectro da pandemia de Covid-19, toma com criatividade e força análises sobre a economia e a política no Brasil ao longo dos anos 2020-2021.
Lições amargas: Uma história provisória da atualidade (Editora Intrínseca, Selo História Real, 256 páginas, R$ 49,90 e e-book R$ 24,90), escrito por Gustavo Franco, renomado economista e ex-presidente do Banco Central, trabalhado sob o espectro da pandemia de Covid-19, toma com criatividade e força análises sobre a economia e a política no Brasil ao longo dos anos 2020-2021.
Franco teve papel fundamental no Plano Real, é mestre em Economia pela Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutor em Economia por Harvard. Foi o presidente mais jovem do Banco Central, em 1988, e na sua gestão registrou-se o índice mais baixo de inflação da história do BC. Ele leciona Economia na PUC-Rio desde 1986.
Neste seu 15º livro, Franco refuta o negacionismo em todas as suas manifestações, fala das reformas que o Brasil precisa, traça um rico panorama dos problemas que nos assolam há décadas e na atualidade e o faz com muitas referências históricas, literárias e da Economia. Franco não publica apenas títulos de economia e finanças, como também obras sobre Machado de Assis, Shakespeare, Fernando Pessoa e Goethe.
O autor fala de juros, responsabilidade fiscal, mercado de trabalho e comércio internacional, entre outros temas, e analisa que o adiamento na resolução dos impasses no País é uma das causas das mazelas que nos assolam. Com sua conhecida competência analítica, sua independência intelectual e um invejável domínio de dados, Franco reflete não apenas sobre nossos problemas, mas também mostra nossa forma de pensar sobre eles. Ele fala em "morte da expertise" para lidar com temas complexos, das consequências do "politicamente correto" originado na esquerda e trata dos populismos de direita.
Como se vê, pensamentos e reflexões úteis para buscar melhores rumos para o Brasil e os brasileiros. É obra menos sobre nossas dificuldades e mais sobre nossas incapacidades para enfrentá-las e sobre nossas eternas buscas por remédios milagrosos.

Opinião de menino

Sim, eu sei, você está aflito por uma opinião. De preferência, opinião que, democraticamente, seja exatamente o que você quer ouvir. Democracia é você fazer o que eu quero, ditadura é você querer que eu te obedeça, disse alguém. Você quer apoio e vejo que não está muito interessado no que os outros estão pensando. Você está, tipo assim, unipolar. Melhor bipolar, tomar duas cervejas.
Claro, esse negócio de ouvir, escutar, olhar com empatia no olho do outro, tentar entender/aceitar o que as outras pessoas dizem é complicado, difícil. Claro que você sabe que realmente ama ou gosta de alguém quando consegue aceitar/tolerar que ele é diferente de você. Mas todo mundo (ou quase todo mundo), lá no fundo, nestes tempos egoístas, está mais para Narciso, gosta de espelho, de ver que o outro é tão maravilhoso como ele.
Aprendi muitas coisas importantes com minha querida, eterna professora Adyles Ross de Souza, no quarto ano primário, em 1964 (sim, aconteceu alguma coisa boa naquele ano), numa escolinha pública de madeira que o Brizola mandou construir na encantada Bento Gonçalves, meu berço, meu céu e meu futuro túmulo, quando eu completar 105 anos. Quero minhas cinzas debaixo dos parreirais dos Benedetti, na Linha Salgado, depositadas ao som da voz de Tony Bennett.
A professora disse que precisávamos ter amor pelo Brasil, pela democracia, pela liberdade e que não deveríamos ser racistas com o único colega afro-descendente da classe e nem com os outros. Ela ensinou que todos mereciam respeito e consideração, que todos somos iguais perante a lei e que deveríamos sempre lutar por ter direito a expressões e escolhas próprias. Era início de abril de 1964 e a professora, de boa fé, nos disse que estávamos livres do comunismo autoritário e que poderíamos escolher onde morar, o que comer, para onde ir, o que estudar e que profissão exercer. Bondosa, a professora disse que eu sabia escrever redações. O comentário mudou a minha vida. Enquanto eu tiver alguma memória, aquela manhã não vai terminar.
Tinha 12 anos em 1966, quando fomos viver em Porto Alegre, no Bom Fim. Meu tornei gut-goi, judeu honorário. Fui aluno do Julinho, fiz parte da "Geração Amordaçada", participei de passeatas e torci pela democracia e pela liberdade. Lá por 1983-84, gritei Diretas Já, de noite, na frente da prefeitura de Porto Alegre, coração de estudante explodindo, sonhos de ver o Brasil ser passado a limpo, pela sociedade civil, de baixo para cima. O Dilamar Machado disse, no palanque, que nunca tinha visto tanta roubalheira no País.
Hoje eu tento pensar no Brasil ainda com esperança, enxergando as coisas boas e criticando as ruins, respeitando a liberdade, a democracia e torcendo para que tenhamos soluções pacíficas, alguma união nacional possível e rezo para que alternativas violentas fiquem afastadas. Nenhum de nós realmente ganharia com guerra civil, assassinatos e extremismos de qualquer tipo. Torço pela ciência, pela vacina, pela melhora na economia e por atitudes do bem por parte das autoridades constituídas.
 

a propósito...

Não fico em cima do muro, não vou para a grande muralha da China como alguns pássaros brasileiros de bico grande e aguardo com a serenidade restante os próximos capítulos da tumultuada novela federal. O escândalo de hoje não se enterra com o jornal de ontem. Se enterra com o próximo post daqui minutos. Na overdose de news e de fake news, de tapas e beijos, amores e ódios, lembro das lições da professora Adyles, que segue me ensinando a partir de outras dimensões e mostrou que algumas palavras, na hora certa, podem mudar a vida de uma pessoa. O menino é o pai do homem, disse Wordsworth. Ainda acredito na democracia, na paz, na liberdade e não concordo com quem disse que "a história acabou". Como dizia o Fernando "Bambino" Sabino, "quando eu crescer eu queria ser menino". Menino de Bento, torcendo pelo Brasil, pelo Esportivo e pela Seleção, acreditando que tem alguma ordem nesse caos e que o Inter vai ser campeão. (Jaime Cimenti)

lançamentos

  • Jardim de Bolso - Lições para uma vida serena (Editora Foco, 122 páginas, R$ 39,00), de Gilmar Marcílio, escritor, filósofo e palestrante e colaborador do jornal Pioneiro, apresenta densos e embasados textos sobre a capacidade que podemos ter de observar a teia vertiginosa da vida e buscar paz, serenidade e alegria.
  • Linha de Voo (Edição dos Autores, FAC/RS, 92 páginas, gratuito), de Antônio Augusto Bueno e Bebeto Alves, veio após as mostras Voo da Pedra (2019) e Plano de Voo (2020) e apresenta novos trabalhos autorais dos dois artistas visuais contemporâneos. As imagens e textos falam de liberdade e pássaros, sob curadoria de José Francisco Alves.
  • O sopapo contemporâneo - Um elo com a ancestralidade (MS2 Editora, 210 páginas, gratuito), de José Batista, músico, luthier, pesquisador e projetista do sopapo no Projeto CaBoBu, revela o elo do sopapo com a ancestralidade africana. Batista mostra a história do instrumento, desde o tambor charqueador até o sopapo dos carnavais pelotenses, vendo-o como um ser vivo, guardião da história e da memória dos escravos.