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Livros

- Publicada em 02 de Julho de 2021 às 03:00

O resgate das memórias perdidas

Há quem diga que a memória é onde as coisas acontecem muitas vezes, há quem goste de inventar memórias, de precisar delas para viver e há quem pretenda censurá-las e apagá-las, como forma de esquecimento, de poder, de eliminação de pessoas e lembranças.
Há quem diga que a memória é onde as coisas acontecem muitas vezes, há quem goste de inventar memórias, de precisar delas para viver e há quem pretenda censurá-las e apagá-las, como forma de esquecimento, de poder, de eliminação de pessoas e lembranças.
A polícia da memória (Editora Estação Liberdade, 320 páginas, R$ 65,00, tradução do japonês de Andrei Cunha), da celebrada escritora japonesa Yoko Ogawa, já traduzida em muitos idiomas e detentora dos principais prêmios literários no Japão por obras como Diário da Gravidez; A fórmula preferida do Professor; O Mundo do Silêncio (publicados no Brasil pela Estação Liberdade); O enterro de Brabman e A marcha da Mina - um tocante romance distópico.
Finalista do International Booker Prize 2020 e do National Book Awards 2019, a narrativa, com sua prosa insólita e sensível, leva o leitor ao mundo das memórias perdidas. Uma ilha é vigiada pela "polícia secreta", que busca e elimina vestígios de lembranças: objetos, espécies e até famílias inteiras somem sem deixar traços e sem que as pessoas sequer se atentem, ou percebam os desaparecimentos, pois as recordações furtivamente também já se foram.
Uma escritora tenta manter intactos resquícios de histórias, de algo que possa permanecer. A tarefa é difícil, pois tudo ao redor desaparece, e ela não pode contar sequer com a própria memória. O leitor é convidado a, instintivamente, acessar o seu próprio arcabouço de lembranças e procurar recordações para preservar. Isto, de certo modo, acontece em nossa época de pandemia, quando criamos outro mundo, já que o outro não existe mais.
Trabalhando com a memória, acessamos também o que criamos e que se mistura ao real. A polícia da memória propõe uma viagem ao mais profundo do ser, e uma pergunta que circunda toda a narrativa permanece: se pudesse, o que você preservaria intacto, e não perderia da memória? Na memória existe a história, a real e a inventada, que se mescla constantemente. Sem memória, se apaga a existência.

A melhor obra sobre a Imigração Italiana

A Imigração Italiana no Rio Grande do Sul é um de nossos mais importantes e belos acontecimentos históricos. Iniciada em oficialmente em 1875, na verdade a imigração teve movimentos precursores em 1870 e, passados 151 anos, podemos analisar os primeiros anos dificílimos dos imigrantes. Hoje, assistimos o desenvolvimento de milhões de descendentes daqueles que tiveram que deixar a Itália diante da situação crítica em que estavam.
O gigantesco projeto 150 Anos da Imigração Italiana - Rio Grande do Sul, tendo como organizadores Ademir Antônio Bacca e Luís H. Rocha, foi aprovado pela Lei Rouanet e foi proposto pela Associação dos Amigos dos Moinhos do Vale do Taquari. O projeto apresenta três grandes volumes encadernados e ilustrados com fotografias, reproduções, mapas e gráficos. O primeiro volume tem 536 páginas; o segundo, 288; e o terceiro, 324.Transportes Bertolini e Beconal Construção Naval da Amazônia são os patrocinadores master; e Ceran e Grupo Zaffari também patrocinaram a obra.
Sem dúvida, o conjunto dos três grandes livros é a maior e mais importante obra já lançada sobre a Imigração Italiana em nosso Estado. O primeiro tomo trata da situação do Vêneto antes da grande imigração, da instalação das primeiras colônias, especialmente em Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Garibaldi e de muitos temas relevantes como memórias, língua, tradições, mulheres na imigração, canto, arquitetura, medicina, religião e muitos outros. Os textos são de Luís Alberto de Boni, Carmen Faggion, Paulo José Massolini, Loraine Slomp Giron, Ademir Bacca e Sediane DallAgnol Roman, entre outros.
O segundo volume apresenta textos sobre dezenas de famílias como Bertuol, Caleffi, Dallonder, Toniolo, Zaffari e sobre a Agência Consular de Santa Maria, Cooperativa Aurora, Cooperlate, Hospital Tacchini, Sindijoias, Sociedade Anita Garibaldi e Gemellaggi - Pactos de Amizade, entre outros temas. O texto de apresentação do volume é do professor de História César Augusto Prezzi. Como se sabe, as fortes e religiosas tradições familiares foram bases do sucesso do projeto de imigração, que projetou e projeta ainda para o futuro grandes realizações em vários campos sociais, culturais, políticos, econômicos, religiosos e científicos.
O terceiro volume trata em seus capítulos das dezenas de cidades da imigração. Os textos estão acompanhados de lindas fotos em cores e em preto e branco e demonstram a grande extensão e importância da imigração. Na apresentação, Darcy Loss Luzzatto fala do "Talian", o Dr. Roberto Bortot, Cônsul Geral da Itália, fala da imigração e da importância desta obra e Paulo Vicente Caleffi, professor universitário e hoje nosso deputado federal, trata da formação e do crescimento das cidades, ressaltando que algumas cidades descobriram vocações e seus habitantes se especializaram em produtos importantes, como é o caso de Bento Gonçalves, a grande Capital Brasileira do Vinho, que igualmente apresenta forte indústria e turismo essencial.
 

a propósito...

Depois de 151 anos, se pode e se deve pesquisar e estudar sobre o muito que foi feito a partir da vinda dos saudosos agricultores italianos, que, com tanto esforço, religiosidade, trabalho e dedicação construíram cidades que são orgulho para o Estado, para o Brasil, para a Itália e mesmo para o mundo, eis que muitas exportam produtos de qualidade para dezenas de países e são conhecidas pelos turistas. Mas a imigração italiana é, graças a Deus, um trabalho em contínuo e eterno andamento, um "work in progress", uma obra infinita, que envolve filhos, netos, bisnetos, trinetos e todos quantos, de uma forma ou de outra, estão envolvidos e agraciados pelos bens espirituais e materiais que a imigração trouxe para nosso querido Rio Grande do Sul, rico mosaico de etnias e de grandes façanhas. Terra boa onde a fértil semente italiana brotou como nunca. (Jaime Cimenti)
 

lançamentos

  • Jerusalém de Nós (É Realizações, 88 páginas, R$ 39,90), peça do dramaturgo Leo Lama, trata de Smadar Elhanan, 14 anos, que pediu para ser liberado de cuidar do irmão de cinco anos e ir à turística rua Bem Yehuda, para comprar um presente para uma colega. Ele não voltou. Morreu com mais quatro pessoas num atentado a bomba.
  • O Parque das Irmãs Magníficas (Editorial Tusquets/Planeta, 208 páginas, R$ 49,90), da premiada escritora argentina Camila Sosa Villada, mostra Camila indo ao Parque Sarmiento em Córdoba para conhecer os travestis, de noite. Com medo, lembrou do pai que não gostava de ver o filho vestido de mulher. Tinha medo de violência.
  • Resiliência, Força e Liderança (Editora Heloisa Belluzzo, 230 págs., R$ 56,00), livro da publicitária e escritora gaúcha Maria Helena Rodrigues, traz dicas para aprimorar talentos inatos, lidar com adversidades e perdas, identificar as próprias forças e recursos internos e ser um líder assertivo promovendo engajamento, eficiência e fluidez dos colaboradores.