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Coluna

- Publicada em 19 de Março de 2021 às 03:00

A trajetória brilhante de Jerry Seinfeld

Jerry Seinfeld é consagrado comediante de stand-up desde a década de 1970 e é o criador, ator e roteirista de Seinfeld, série multipremiada e considerada pelo público e pela mídia especializada uma das mais bem sucedidas na história da televisão.
Jerry Seinfeld é consagrado comediante de stand-up desde a década de 1970 e é o criador, ator e roteirista de Seinfeld, série multipremiada e considerada pelo público e pela mídia especializada uma das mais bem sucedidas na história da televisão.
Será que isso presta? (Editora Intrínseca, 480 páginas, R$ 69,90, e R$ 46,90 e-book, tradução de Jaime Biaggio), lançado há poucos dias no Brasil, às vésperas da estreia da icônica série de sua autoria na Netflix, apresenta uma verdadeira revisitação da fulgurante carreira de Seinfeld no stand-up norte-americano.
Respeitado como o papa do gênero humorístico que diverte a plateia com apresentações solos de humor, com nomes como Rafael Portugal e Fábio Porchat entre seus expoentes no Brasil, Seinfeld apresenta uma coletânea que já nasce como referência no universo do stand-up comedy.
O livro de Jerry está dividido em cinco grandes partes, apresentando uma seleção de textos do humorista desde os anos 1970 até a década de 2010. A obra partiu da pergunta que todo comediante faz ao criar um novo texto antes de apresentar ao público - Será que isto presta? Seinfeld, nessa autobiografia humorística, conta que foi fisgado pela comédia ao assistir o premiado filme Lenny, de 1974, com Dustin Hoffmann no papel do polêmico artista de stand-up. Ele fala de sua hilária viagem que teve início nos 21 anos de Jerry, quando chegou pela primeira vez ao lendário Catch a Rising Star, templo do stand-up em Nova York, numa noite de testes, em 1975.
Desde os seus famosos seis minutos no gigante Tonigtht Show até suas criações mais recentes, passando pelo divertido programa Comedians in Cars Getting Coffee, apresentado por Seinfeld atualmente, a obra encanta a todos os que apreciam a linguagem universal do humor.
Seinfeld, em sua longa carreira, ficou conhecido pelo humor observacional e irônico e preferiu deixar a política, as piadas sujas e os palavrões fora de seu repertório. Não por acaso, 76,3 milhões de pessoas assistiram o episódio final de seu programa e, certamente, milhões o assistirão na Netflix.

Veraneio pandemônico

Esse veraneio, com esses isolamentos, protocolos e pânicos, teve tudo a ver com essa pavorosa pandemia que completa um ano, comemorando as tais bodas de papel, mas no caso é um papel que gostaríamos de rasgar ou queimar de uma vez. Mais do que nunca a saudade e a nostalgia daqueles veraneios "raiz": Fuca da família, cheio de gente, rancho básico e calção desbotado do ano anterior, parada para o puxa-puxa, o sonho, a rapadura e a cachacinha azulada de Santo Antônio da Patrulha e a gloriosa chegada no chalé de madeira alugado no Braço Morto de Imbé.
Lamber gostosamente o primeiro Chicabom (o primeiro Chica você não esquece), pescar sardinha até pela barriga, sem isca, na ponte Imbé-Tramandaí, andar de bicicleta, usar Paraqueimol para os excessos do sol, comer pastel na avenida Emancipação, comprar Pato Donald no armazém da esquina, adquirir peças do artesanato produzidos dos índios, surfar com a planonda de isopor, que se desmanchava aos poucos, ver os dois vizinhos gringos tomarem um garrafão de cinco litros de vinho em algumas horas, essas e outras lembranças ficaram na memória. Memória, onde as coisas acontecem muitas vezes.
O veraneio tinha a simplicidade da rede, do sol, da areia, do mar, das gaivotas e do luar noturno. O teco-teco largava um fardo com exemplares da Folha da Tarde nas dunas. Nada de ruídos, conexões, telefones, geringonças e apurrinholas eletrônicas atuais, que nos deliciam e torturam. Havia dias e noites bem definidos e as pessoas, como os cavalos e os pássaros, acordavam com a claridade dos primeiros raios de sol.
Esse veraneio 2021 entrega seus últimos suspiros em março, como sempre o melhor mês de praia, com suas lindas cores de mar e seu clima agradável, ficou marcado de modo indelével pela pandemia. Alguns, muitos, desafiaram as regras e lotaram os hospitais, outros obedeceram os protocolos chatos e aproveitaram o possível. Muitos ficaram nas cidades, esperando melhores dias, fugindo até de perigosos elevadores, onde o vírus poderia pintar.
Vida que segue, fila que tenta andar, vacinas bem-vindas e o mar segue com seu tamanho gigante-oceânico, suas calmarias e suas ondas eternamente indo e retornando, como se ele não se importasse muito com o mundo e seus assustados viventes. Profundo, raso, escuro, claro, aconchegante e mortal, o mar não está nem aí ou, melhor, sempre esteve e sempre estará. Ele sabe que a pandemia um dia termina, como terminaram outras pestes no planeta.
Tipo assim os mais velhos, o mar manja tudo sobre bom tempo, vendavais, mar de almirante e tsunamis devastadores. Tudo é passageiro, menos o motorista, o cobrador, o piloto e a aeromoça. Muitos cobradores já passaram, aliás. Eterna como a Sé de Braga e andar a pé é a sabedoria popular. Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe, segue ensinando a sagrada voz das ruas, para quem quer ouvir.
O tempo, o vento, o mar, a lua, as estrelas, o sol e as velhas novidades seguem por aí, enquanto aguardamos por dias melhores.

a propósito...

Crônica de final de temporada no geral é escrita para reclamar dos altos valores de IPTU cobrados do Litoral Norte e da pouca atenção das prefeituras aos veranistas. Crônica de final de temporada, por vezes, é para reclamar dos preços, da precária estrutura de saúde, limpeza, segurança e saneamento e para dizer que o ideal seria um diálogo maior e melhor entre veranistas, autoridades e moradores do litoral. Verdade que com a pandemia muitos veranistas passaram a viver longas temporadas no litoral e, alguns, até mesmo se mudaram para suas casas de verão, transformando as feições da economia e de outros aspectos da vida nos municípios da região. Esta crônica de final de veraneio registra esta temporada complicada e de certa forma triste, esperando que no próximo verão a gente retome o normal, seja qual for este normal. (Jaime Cimenti)

lançamentos

  • O Projeto Decamerão (Editora Rocco, 336 páginas, R$ 79,90), traz 29 histórias de autores convidados pelo The New York Times, como Margaret Atwood e Mia Couto, inspiradas no clássico O Decamerão, de Boccaccio. São contos envolvendo tempos, personagens e ambientes da pandemia que anda aterrorizando por aí.
  • A invenção da natureza: A vida e as descobertas de Alexander von Humboldt (Editora Crítica, 600 páginas, R$ 76,91) mostra a vida extraordinária do explorador, geógrafo e naturalista Humboldt (1769-1859), o alemão que inspirou Darwin e Simón Bolivar e causou inveja a Napoleão Bonaparte.
  • O misterioso caso de Styles (Globo Livros, 288 páginas, R$ 44.90, tradução de Ive Brunelli) primeiro romance da genial Agatha Christie, traz o primeiro mistério do lendário detetive Hercule Poirot, marca registrada da autora, envolvendo questões de morte natural ou envenenamento, na enorme e isolada casa de campo.