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Coluna

- Publicada em 24 de Dezembro de 2020 às 03:00

Clássico de Patrícia Highsmith reeditado

O clássico romance policial de Patrícia Highsmith Em águas profundas (Intrínseca, 304 páginas, R$ 59,90 e e-book 39,90, tradução de Roberto Muggiati) acaba de merecer nova edição em capa dura e será dado de presente aos assinantes do Intrínsecos, o clube de leitura da editora.
O clássico romance policial de Patrícia Highsmith Em águas profundas (Intrínseca, 304 páginas, R$ 59,90 e e-book 39,90, tradução de Roberto Muggiati) acaba de merecer nova edição em capa dura e será dado de presente aos assinantes do Intrínsecos, o clube de leitura da editora.
Esse thriller da autora de O talentoso Ripley estava esgotado há décadas no Brasil e tem adaptação cinematográfica prevista para 2021, protagonizada por Ben Affleck. Patrícia Highsmith nasceu no Texas em 1921 e passou grande parte de sua vida adulta na França e na Suíça. Seu primeiro romance, Pacto sinistro, de 1950, foi sucesso e filmado por Alfred Hitchcock.
Ela escreveu mais de 20 livros e criou o personagem Tom Ripley, o sofisticado sociopata que apareceu em quatro romances dela. Patrícia ganhou os prêmios Edgar Allan Poe, O.Henry Memorial, Le Grand Prix de Literature Policière e o Award of The Crime Writers Association da Grã-Bretanha. Patrícia notabilizou-se por criar personagens e situações que aprofundam a análise psicológica e mostram que os seres humanos são bem complicados e cheios de mistérios.
Na narrativa Vic e Melinda estão longe de ser um casal feliz. O casamento é mantido por um acordo anticonvencional: Melinda pode ter quantos amantes quiser, contanto que não arraste o casal e a filha para o caos de um divórcio. Tudo ia bem até Vic passar a se irritar com os homens escolhidos pela esposa. Vic adota uma estratégia inusitada para assustar os amantes da mulher. Ele assume a autoria do assassinato de um deles. Só que a notícia se espalha e o bom marido passa a ser visto de outro modo por todos.
Bom, aí outros acontecimentos estonteantes virão e a trama vai sofrer reviravoltas, mudando as convicções de Vic e sua relação com a comunidade. Deixo o prazer da descoberta da trama intrincada, repleta de segredos, manipulação e sangue para os leitores antigos e novos dessa grande autora, que inovou muito no gênero policial.

Conto de Natal

Conta-se que há séculos, naquele pequeno reino situado no Norte da Europa Oriental, em meio a montanhas, ocorreu algo inusitado e inesquecível numa semana de Natal. No pequeno território uma peste rápida e devastadora, vinda não se sabe de onde, matou quase toda a população, algo em torno de 420 almas.
Nos primeiros dias, faleceram os habitantes pobres, vitimados por uma fulminante falta de ar, que alguns disseram ter sido provocada por uma nuvem escura que teria toldado o céu da pequena localidade. Mas não se teve certeza sobre isso e, dias depois, os religiosos, os poucos integrantes da elite, os amigos do Rei morreram igualmente asfixiados. Passados mais sete dias o Rei, a Rainha, a rainha-mãe, os príncipes e as princesas não resistiram e faleceram vítimas da misteriosa praga.
Bartoldo, o proprietário da pequena taberna, foi o único sobrevivente da tragédia e a ele coube enterrar a família real no pequeno cemitério do subsolo do castelo. Nos primeiros tempos depois da mortandade, Bartoldo circulou transtornado pelo minúsculo reino e chegou a pensar em se jogar no fundo de um poço. Aos poucos recuperou-se e se deu conta que a hora mais escura é a que antecede o amanhecer.
Bartoldo pensou que tinha sido objeto de escolha divina e, sentindo-se ungido, resolveu viver no castelo, usando as roupas do rei e servindo-se de seus aposentos, alimentos e vinhos. Ele recolheu todos os objetos de valor, como ouro, moedas, joias e obras de arte e os escondeu num salão escuro dos porões do castelo. Aproveitou que a cidadezinha tinha ficado deserta e entrou em todas as casas, retirando objetos de valor, que guardou junto com os tesouros reais.
Passadas algumas semanas, sem saber como, Bartoldo sentiu-se contagiado pela peste demolidora e, assustado, montou num cavalo que tinha sobrevivido à doença e rumou para o reino mais próximo, que ficava a algumas horas de onde ele estava. A viagem foi terrível e Bartoldo, com muita falta de ar, pensou que a qualquer momento tombaria sem vida no caminho.
Chegou ao reino vizinho e logo disse para os que o socorreram que ele achava que não sobreviveria e assinou um documento que destinava o tesouro escondido para os pobres do local. Os habitantes do reino vizinho tomaram conta dele, lhe deram alimentos, chás, ervas, unguentos e muita oração. Como por milagre Bartoldo recuperou-se dos efeitos da peste e, aos poucos, foi voltando à vida. Ele sentiu-se novamente beneficiado por Deus e ficou agradecido por ter conseguido permanecer mais algum tempo na terra.
Bartoldo conseguiu sobreviver, mas ficaram sequelas que o impediam de caminhar e falar muito e movimentar os braços como antes. Bartoldo nunca mais seria o mesmo e passaria seus últimos anos recolhido a uma pequena casa oferecida pelos cidadãos do reino vizinho, que passaram a auxiliá-lo nas tarefas cotidianas e a lhe darem todas as atenções possíveis.

a propósito...

Os moradores do reino vizinho que abrigaram Bartoldo ofereceram a possibilidade dele rasgar o documento que assinara, doando seus bens para os pobres e aí ele poderia voltar a morar no castelo, em meio a extremo luxo e conforto, com criados e tudo mais. Bartoldo recusou gentilmente a oferta e disse que viveria modestamente na casinha onde estava. Falou que o tesouro escondido no castelo deveria beneficiar os mais necessitados, como forma de agradecimento que ele fazia a Deus por ter permanecido vivo e por ele ter lhe dado duas grandes oportunidades de cumprir uma missão maior na existência. Bartoldo ainda viveu muitos anos e sentia-se feliz sabendo que os acontecimentos estranhos tinham proporcionado aos pobres coisas que eles jamais haviam sonhado em ter. Os dias da peste ficaram na memória. Dizem que no dia da morte de João havia um arco-íris triplo no céu. (Jaime Cimenti)
 

lançamentos

  • Nem sinal de asas (Editora Patuá, 232 páginas, R$ 40,00), romance de estreia da mineira Marcela Dantés, partiu de notícia no jornal espanhol El País, revelando que uma mulher solitária morta em 2012 teve o corpo mumificado encontrado apenas em 2017. Dores, silêncios, devaneios e solidão na pré-pandemia.
  • A cicatriz invisível (Avec Editora, 160 páginas, R$ 31,40), do jornalista e escritor Júlio Ricardo da Rosa, romance policial na tradição de David Goodis e Cornell Woolrich, traz o pacato jornalista esportivo reencontrando o amor de sua juventude e o relacionamento tórrido. Ela é casada, o marido é dirigente de clube de futebol, complicado.
  • Tempos ásperos (Editora Alfaguara, 280 páginas, R$ 47,90), do grande escritor Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de 2010, mostra o golpe na Guatemala nos anos 1950 e as conspirações internacionais nos temos da Guerra Fria. Realidade e ficção, fatos e lutas daqueles tempos estão bem narrados na obra.