Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Coluna

- Publicada em 16 de Outubro de 2020 às 03:00

Os primeiros cem anos do Esportivo de Bento

Tenho repetido - e ninguém me contestou e nem vai - que a incomparável Bento Gonçalves é um presente de Deus para a humanidade. O Clube Esportivo de Bento, o alviazul da capital brasileira do vinho completou gloriosos cem anos em 2019, é parte essencial do legado divino e mereceu presente especial, um volume com 328 páginas, com centenas de fotos, links e ilustrações, intitulado Um século alviazul. Uma versão sonora o acompanha.
Tenho repetido - e ninguém me contestou e nem vai - que a incomparável Bento Gonçalves é um presente de Deus para a humanidade. O Clube Esportivo de Bento, o alviazul da capital brasileira do vinho completou gloriosos cem anos em 2019, é parte essencial do legado divino e mereceu presente especial, um volume com 328 páginas, com centenas de fotos, links e ilustrações, intitulado Um século alviazul. Uma versão sonora o acompanha.
Poucos times brasileiros completam cem anos com história tão singular como a do Esportivo. Financiada pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, a obra contou com o patrocínio máster da Ceran - Companhia Energética Rio das Antas e de 30 empresas locais. Organizado pelos jornalistas Alceu Savi Souto e Fabiano Mazzotti, o livro é fruto de dois anos de pesquisas e mostra a memória de muitas gerações sobre um clube que tem sua trajetória intimamente ligada com o desenvolvimento de umas das cidades mais progressistas do Brasil.
O volume tem apresentação de Luciano Hocsman, presidente da Federação Gaúcha de Futebol e mensagens de Anderson Zanella, presidente do Clube em 2018-2019; Gilberto Durante, presidente do Conselho Deliberativo e Elto Rinaldi, presidente da Fundação Clube Esportivo.
Laudir Miguel Piccoli, atual presidente do Esportivo, afirmou nas páginas finais: "Alcançar o 100º aniversário é para poucos. Chegar nele com o espírito aguerrido renovado, então, é para quem aprendeu a resistir e persistir em prol de uma causa maior".
Na introdução, Alceu Salvi Souto e Fabiano Mazzotti escreveram: "As páginas e fotografias mostram mais do que uma história. Revelam a evolução e transformação de uma entidade conduzida por inúmeras pessoas, cujos rostos são capazes de trazer à tona lembranças individuais em cada um que contemple o livro com a mesma ansiedade da vitória em dia de jogo".
Além das grandes façanhas da década de 1970 e do registro cronológico dos primeiros cem anos do clube, rumo ao milênio, a obra traz também o universo social, político, econômico e cultural de uma cidade que sempre foi, é e será riquíssima em seres humanos e patrimônios materiais e imateriais.

Porque hoje é segunda

O sol nasceu pontualmente, eterno, de novo, porque hoje é segunda, com esse gosto de ressaca, parecendo que Deus se arrependeu, ao menos um pouco, do que determinou do Dia da Criação. Ontem foi domingo desabrochante de primavera, dia de pernas para o ar, praças, churrasco, sushi, piquenique, crianças, cachorros, gatos, bicicletas, caminhadas, corridas, algodão doce, pipoca, churros, água de coco, cachorro-quente e refrigerantes, muito sol e pouca roupa, muito riso e pouco siso, azaração e sorrisos básicos ou nem tanto e fim de noite fantástico.
Hoje é segunda, os três poderes da República estão unidos, conversados, funcionando regularmente, independentes e harmônicos entre si, como manda a Carta Magna Cidadã. Harmonia fruto de reuniões gastronômicas e etílicas e abraços carnavalescos mas sem máscaras. A mídia, o quarto poder, está aí de olho, tipo gate keeper, mas mostrando, ocultando ou sombreando, tratando das velhas e novas novidades, cumprindo sua alta e difícil função social junto aos cidadãos, que se tornaram todos jornalistas amadores e estão muito bem informadinhos e opiniáticos como antigas lavadeiras.
Hoje é segunda, dia de correr atrás ou correr na frente e, para muitos, hora do simpático sorteio dos boletos. Muitos são chamados, mas poucos escolhidos, está lá na Bíblia, Mateus 22:14. Sempre dá tempo para pagar e morrer, como dizem as sábias nonnas italianas. Segunda é o dia dos cidadãos, das empresas e dos governos voltarem a pedalar, mas nas bicicletas metafóricas, de preferência sem maiores violações legais e na medida do possível com adequados equilíbrios orçamentários e fiscais, públicos ou privados.
Hoje é segunda, dia de trabalhar, renovar, brasileiramente, as esperanças. Brasileiro, profissão esperança, quem sabe nessa segunda o trabalho de parto do Brasil continue, mas um pouco mais rápido. Ou será que vai começar mesmo para valer semana que vem, como tem sido desde Cabral? Segunda, hora de esquecer o que foi e o que não deu. Hora de olvidar o que não dá para mudar, e pensar que a esperança é a última que morre, de preferência não de Covid. Brasileiro, profissão esperança-realista-otimista, quem sabe atualizamos a definição.
Porque hoje é segunda a vida segue, o tempo passa e os relógios, calendários, termômetros, oxímetros e outros medidores seguem emitindo seus dados, para que a gente não se sinta totalmente perdido no tempo e no espaço. Porque hoje é segunda, é preciso botar fé na ciência e ciência na fé e torcer por vacinas e pelo rápido passamento dessa pandemia, que parece desconhecer que uma visita boa é como o peixe, que depois de três dias passa a cheirar mal.
Porque hoje é segunda, amanhã é terça e, graças a Deus, logo chegará o fim de tarde de sexta, que ninguém é de ferro e os bares, botecos, ambulantes e restaurantes precisam dar muitos empregos, funcionar e servir novos ânimos. Porque hoje é segunda, é preciso atuar e rezar pelos deuses econômicos e por novas distribuições de renda, doses de humanismo e ideias para mundo e humanos melhores. Mundo e pessoas são um work in progress, um trabalho em andamento que não termina nunca.
 

a propósito...

Obrigado, Vinicius de Moraes, pela inspiração. Não te plagiei, viu?, pois estão de olho nos plagiadores, porque hoje é segunda. Nesses tempos bicudos melhor falar de segunda. No teu poema Dia da Criação estão os encontros e desencontros do sábado. Saudade de ti, do tempo da bossa nova, da Garota de Ipanema, do Tom, daquele Rio de amor que se perdeu e de quando era melhor falar em sábado, em meio a chopes cremosos no Bar Veloso. Porque hoje é segunda, já cumpri com minha tarefa e agora posso respirar aliviado e viver outras coisas. Vida é o que acontece lá fora, enquanto você está por vezes parado, fazendo planos. Como diz o Johnnie Walker, jovem de 200 anos e uísque mais vendido do mundo, keep walking! Mexa-se! Porque hoje é segunda e as filas andam. (Jaime Cimenti)

lançamentos

  • Brasil em projetos: História dos sucessos políticos e planos de melhoramento do Reino. Da ilustração portuguesa à Independência do Brasil (Editora FGV, 350 páginas, R$ 90,00 impresso e R$ 60,00 digital), do historiador Jurandir Malerba, traz a síntese da história de nossos planos, ideias, sistemas e projetos. Muitos desafios daqueles duzentos anos seguem até hoje.
  • Uma terra feita refém - O Líbano e o Ocidente (É Realizações, 84 páginas, R$ 39,90), do grande escritor, filósofo e comentarista cultural Roger Scruton, originalmente publicado em 1987, explica a antiga colonização de um país notável e pacífico, onde povos diferentes conviviam bem e que, depois da Guerra Civil, teve sua harmonia destruída.
  • Amor na vitrine - Um olhar sobre as relações amorosas contemporâneas (Bertrand Brasil, 376 páginas, R$ 34,90), da psicanalista, professora e escritora Regina Navarro Lins, percorre os relacionamentos desde a pré-história, passando pela Grécia Antiga, Idade Média, Iluminismo, século XIX, até chegar a nossos tempos de revolução sexual, pílula e outras mutações.