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Livros

- Publicada em 03 de Setembro de 2020 às 21:41

Política, formação e crime no thriller de Tailor Diniz

Só os diamantes são eternos (Folhas de Relva, 145 páginas, R$ 39,90), romance mais recente e 17º livro do consagrado escritor, jornalista e roteirista de cinema e televisão gaúcho Tailor Diniz, tem por pano de fundo os anos de chumbo do golpe militar de 1964 e entrelaça narrativas que envolvem histórias de formação, política e crime. As ações se passam no Rio de Janeiro, em Porto Alegre e numa pequena cidade rio-grandense, próxima da fronteira com o Uruguai e a Argentina.
Só os diamantes são eternos (Folhas de Relva, 145 páginas, R$ 39,90), romance mais recente e 17º livro do consagrado escritor, jornalista e roteirista de cinema e televisão gaúcho Tailor Diniz, tem por pano de fundo os anos de chumbo do golpe militar de 1964 e entrelaça narrativas que envolvem histórias de formação, política e crime. As ações se passam no Rio de Janeiro, em Porto Alegre e numa pequena cidade rio-grandense, próxima da fronteira com o Uruguai e a Argentina.
Tailor publicou, entre outros, Linha reta (finalista do Prêmio Oceanos); Crime na Feira do Livro, traduzido para o alemão, e A superfície da sombra, traduzido na Bulgária e adaptado para o cinema. Como roteirista de televisão e cinema, já recebeu prêmios nos Festivais de Gramado e de Brasília e seu trabalho mais recente é como corroteirista da série Chuteira preta, disponível em streaming pela Amazon Prime.
Só os diamantes são eternos traz, em primeiro plano, a trajetória de um ex-agente da repressão, cabo aposentado há 30 anos, que pretende apagar seu passado a todo custo e assim vai atender, depois de refletir muito, um pedido do antigo chefe, o Coronel Tibiriçá. Em paralelo um homem narra sua vida desde a infância, marcada pelo inexplicável desaparecimento do pai e posterior morte da mãe.
Com sua conhecida habilidade narrativa e com uso de diálogos vivos e narrativas ágeis em primeira e terceira pessoa, Tailor vai relacionando episódios da "pequena história" e da "grande história", entremeados por breves colagens de cenas de televisão. O romance paira muito além de uma mera história policial e mescla, com mestria, histórias de formação, nuances psicológicas dos personagens, acontecimentos políticos e os crimes ocorridos.
Com mais esta obra, Tailor Diniz novamente confirma sua posição de destaque no cenário da literatura de suspense no Brasil e já se sabe que provavelmente o romance, por sua força, será adaptado para o cinema.

A pátria amada

Quando eu tinha uns oito anos na inexcedível Bento Gonçalves, a pátria amada calçava chuteiras, como dizia o Nelson Rodrigues, para ser bicampeã mundial. “A Copa do Mundo é nossa/ com brasileiros/ não há quem possa”, a gente cantava. Tempos bons de pré-bossa nova, JK construindo Brasília. Desfilávamos de uniforme limpinho e conga no pé, na Marechal Deodoro e a vida era feita para nós, estudantes.
Em 1964, na sala da escolinha mandada construir por Brizola, a professora nos tranquilizou, dizendo que estávamos livres do comunismo, que teríamos liberdade para escolher o que estudar e a profissão, onde morar, onde ir e que poderíamos pensar e falar o que quiséssemos. A pátria estava salva do inimigo internacional, que tirava a liberdade das pessoas.
No final dos anos 1960, em Porto Alegre, estudava no borbulhante Julinho e cheguei a participar das passeatas que saiam da Filosofia da UFRGS e iam até o centro para protestar contra o acordo MEC-USAID, os famigerados D.Lei 477, o AI-5 e outros bichos. Pedíamos mais pão e menos canhão, abaixo a ditadura e etc. A pátria idolatrada já estava imersa em tons de chumbo. “O que tu achas da situação?” “Não acho nada. Um amigo achava e não acho meu amigo.” uns diziam.
Adulto, coração de estudante, fui para a frente da prefeitura pedir Diretas Já em 1983, com sonhos de que a sociedade civil organizada, de baixo para cima, ia mudar a pátria. Ainda sonho, mas menos.
Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro, presidentes, sonhos, lutas, risos e lágrimas, idas e vindas, nós brasileiros ainda tentando ser profissionais da esperança. Essa pátria está mais para ser amada do que para ser entendida. O Brasil é sempre para a semana que vem e o parto do País, como falou o João Cabral de Melo Neto, é lento.
Com a pandemia a pátria ficou sem desfiles, festas, carnavais e aglomerações. Estamos intoxicados com a overdose de lives e com as toneladas de palavras, sons e imagens digitais. Com a pandemia a pátria sofreu perdas de muitos tipos e o que nos resta é catar os cacos e recomeçar. Quem sabe podemos pensar que perdendo vidas e bens materiais, ficando extremamente mais pobres, podemos nos tornar mais ricos em essência humana, solidariedade e busca de mais igualdade?
Crise é perigo e oportunidade. Temos que tirar o que de bom ela pode nos dar. Não é fácil e não quero ser otimista oba-oba, que o momento definitivamente não está para isso, com tanto desemprego e tantos problemas. Crise pode e deve ser chance para uma consciência melhor, crescer, aguentar o rojão e dar importância ao que realmente interessa. Quem não sabe que aprendemos muito mais com os erros do que com os acertos? Quem não sabe que é na queda que a água ganha força e que não devemos desistir da vida e dos sonhos?
Nessa passagem rápida e curta que é a existência, melhor tentar, ao menos, viver mais no presente e oferecer uns momentos bons e decentes para a memória eterna.

A propósito

Neste dia do aniversário da pátria, muitos até gostariam de ganhar presentes da mãe gentil ao invés de dar algo para ela. Faz parte. Mas melhor não. Pense no que pode fazer por ela. Na lista de presentes do Brasil está o ajuste das contas públicas, a preservação do meio ambiente, a busca de igualdade social e melhor distribuição de recursos, o fortalecimento da democracia, o exercício dos poderes públicos com genuíno patriotismo por parte das autoridades e o desejo da pátria amada que seus filhos não se dividam e não briguem tanto. Nós somos passageiros nas planícies anônimas e nas montanhas públicas do poder. A pátria é berço, céu e túmulo de todos, para sempre. Feliz aniversário, Brasil! Longa, feliz e democrática vida! (Jaime Cimenti)

Lançamentos

  • O armário da vovó (Libretos, 24 páginas, R$ 25,00), história infantil de Ivone Rizzo Bins, ilustrado pela autora, traz as emoções da casa de avó cheia de coisinhas que encantam, objetos bons de tocar, pombinhas de cerâmica, peixes e peixinhos, fotos de família, Pinóquio brincalhão, fantoches e muito mais.
  • As almas negras (RG Editores, 182 páginas, R$ 49,90), romance do dentista e oficial do exército aposentado Geraldo Giovanni traz a tocante narrativa que envolveu o drama de uma família do sul da Itália, há quase duzentos anos. A maldição de uma geração pode ser transmitida pelo sangue até a eternidade?
  • Não faça tempestade em copo d´água (Rocco, 224 páginas, R$ 34,90, tradução de Joana Mosela), do aclamado Richard Carlson, PhD em Psicologia, especialista em redução de estresse e felicidade, apresenta maneiras simples de impedir que coisas insignificantes dominem sua vida.