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Livros

- Publicada em 07 de Agosto de 2020 às 03:00

Sobre a violência de nossa época

Guerras, conflitos raciais, violência policial e criminalidade estão aí, infelizmente, nas ruas e nas mídias.

Guerras, conflitos raciais, violência policial e criminalidade estão aí, infelizmente, nas ruas e nas mídias.


É REALIZAÇÕES /DIVULGAÇÃO/JC
Nas últimas décadas, em especial depois do ataque terrorista às Torres Gêmeas, em Nova York, em 11 de setembro de 2001, o tema da violência tem sido pauta frequente de importantes discussões da contemporaneidade. Guerras, conflitos raciais, violência policial e criminalidade estão aí, infelizmente, nas ruas e nas mídias.
Nas últimas décadas, em especial depois do ataque terrorista às Torres Gêmeas, em Nova York, em 11 de setembro de 2001, o tema da violência tem sido pauta frequente de importantes discussões da contemporaneidade. Guerras, conflitos raciais, violência policial e criminalidade estão aí, infelizmente, nas ruas e nas mídias.
Política & Apocalipse - Estudos em violência, mímese e cultura (É Realizações, 400 páginas, R$ 89,90, tradução de Maurício G. Righi), volume organizado pelo renomado escritor, pesquisador e conferencista Robert G. Hamerton-Kelly, que foi pesquisador acadêmico sênior em estudos clássicos e relações internacionais no Centro de Segurança Internacional e de Controle da Armas da Universidade de Stanford, Estados Unidos, apresenta estudos de especialistas sobre o tema.
Os ensaios foram apresentados em seminário planejado por Peter Thiel e por Robert G. Hamerton-Kelly, em Stanford, em 2004 e destinaram-se a avaliar a competência da teoria mimética em revelar a estrutura e a dinâmica da história humana, para que fosse possível interpretar esses nossos tempos especialmente violentos. O seminário teve o intuito de debater sobre os ataques de 11 de setembro e a necessidade criada de reexaminar as fundações da política moderna.
Segundo o pensador René Girard, sob a perspectiva da teoria mimética, o apocalipse bíblico nada tem a ver com um Deus vingativo e, sim, com a predição de um futuro que os homens estão criando para eles mesmos, através de instrumentos que podem levar à autodestruição global.
No volume ora lançado no Brasil, além de um ensaio inédito do próprio Girard, importantes pensadores que associaram política e religião - como Eric Voegelin, Leo Strauss e Carl Schmitt - são analisados por reconhecidos especialistas da teoria mimética.
Em síntese, os ensaios do livro apresentam uma resposta surpreendente à pergunta-chave da contemporaneidade: como pensar a política internacional após os ataques de 11 de setembro e a emergência do fundamentalismo religioso?

Dia de todos os pais

Dia dos Pais é dia de todos os pais. Bem assim, no plural, especialmente quando, por exemplo, no Brasil, segundo dados do IBGE, mais de 50% das famílias não são mais nucleares, compostas de pai, mãe e filhos. A família papai-mamãe segue firme e forte, não só nos álbuns de fotos, mas já é minoritária.
Em tempos de famílias monoparentais, extensas ou estendidas ou núcleos familiares compostos por uma pessoa, é preciso comemorar o dia de todos os pais, e respeitar democraticamente a pluralidade e a diversidade. Na edição de 10 de junho de 2020, a revista Exame mostrou pesquisa com 96 empresas que adotaram programas de diversidade e os benefícios decorrentes.
A origem da comemoração do Dia dos Pais, em 1910, nos Estados Unidos, é bonita e merece lembrança. A jovem Sonora Louis Dodd, da cidade de Spokane, estado de Washington, resolveu homenagear o pai, William Jackson Smart, veterano da Guerra Civil Norte-Americana. No parto do sexto filho, a esposa faleceu e ele então criou, sozinho, as seis crianças. O gesto se alastrou por vários estados norte-americanos e no exterior. No Brasil, somente em 1953 passamos a comemorar o Dia dos Pais, através de uma ideia do publicitário Sylvio Bhering, à época diretor do jornal O Globo e da rádio homônima. O objetivo de Bhering foi tanto social como comercial, diferente do que ocorreu nos Estados Unidos.
A publicidade brasileira, que muitos reclamam que não anda lá muito criativa, há dias apresentou uma campanha da Natura que, inclusive, apresenta um pai trans, Thammy Miranda, com o filho no colo. Discussões, polêmicas e protestos à parte, após a campanha, no dia 29 de julho de 2020, o valor das ações da empresa disparou e foi a maior alta do Ibovespa do dia. Discussões sobre gênero, família, casamento, economia e outros tópicos são bem-vindas, especialmente quando pacíficas, produtivas e democrática. Na medida do possível e do humano é bom respeitar todas as maneiras de ser das pessoas e se livrar, também na medida do possível, dos preconceitos e estereótipos que acompanham a humanidade desde antes das cavernas.
Os papais da atualidade mudaram muito, auxiliam nas tarefas domésticas e nos cuidados com os filhos. As mulheres acham que eles podem ajudar mais e melhor, mas domingo é Dia dos Pais e acho que é melhor deixar esse papo para segunda-feira, de preferência à tardinha, junto com um chimarrão ou um drinque de happy-hour. De qualquer forma, em tempos de pós-feminismo, acho melhor o diálogo e a colaboração e evitar críticas injustas às habilidades domésticas e paternais masculinas.
Esses dias, um amigo estava lavando a louça pandêmica e a esposa foi reclamar, provavelmente com exagero, que o serviço não estava sendo bem executado... Tenho certeza que ele estava se esforçando, durante a terapia conhecida como "ter-a-pia cheia de louça"... Minha solidariedade a ele e em respeito ao amigo, deixo aqui de mencionar seu bom e santo nome.

A propósito...

Atualmente se discute sobre a questão da masculinidade, sobre o que é ser homem, como devem agir os guris e tal. O certo é que as mudanças estão aí, os tempos são outros. É preciso pensar, refletir e agir, buscar mais saúde. Os homens e os papais devem se libertar de antigas armaduras de proteção e padrões hegemônicos, que ao fim e ao cabo, os deixam vulneráveis. Segundo a ONU, um em cada quatro homens (até 24 anos) se sente solitário e eles se suicidam quatro vezes mais. Feliz Dia dos Pais a todos e tomara que eles expressem emoções e lidem melhor com elas, deixem de ser 83% de mortos por acidentes e homicídios no Brasil e se envolvam menos com álcool e pornografia. (Jaime Cimenti)

Lançamentos

  • A construção da democracia: estudos sobre política (Civilização Brasileira, 392 páginas, R$ 69,90), do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, busca entender o que foi o Brasil posterior à inauguração da ditadura civil militar em 1964. Ele segue indagando sobre as condições indispensáveis para democratizar a sociedade e a vida pública.
  • Ideias para adiar o fim do mundo (Companhia das Letras, R$ 24,90, 64 páginas), de Ailton Krenak, um dos maiores pensadores indígenas, é uma parábola sobre os tempos atuais e o autor critica a ideia de humanidade como algo separado da natureza, uma "humanidade que não reconhece que aquele rio que está em coma é também o nosso avô".
  • Como sobreviver à realeza (Alt, 312 páginas, R$ 39,90), da norte-americana Rachel Hawkins, é seu primeiro livro publicado no Brasil. A narrativa gira em torno de uma adolescente norte-americana comum, de cabelos vermelhos, que trabalha em uma loja de conveniência. Aí sua irmã perfeita vai casar com o príncipe herdeiro escocês...