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livros

- Publicada em 27 de Março de 2020 às 03:00

Fuga de mãe e filho sobreviventes de chacina

Terra Americana, de Jeanine Cummins

Terra Americana, de Jeanine Cummins


REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO/JC
Terra americana (Intrínseca, 416 páginas, R$ 49,90, com tradução de Flávia Rössler, Cássia Zanon e Maria Carmelita Dias) é o aclamadíssimo romance de Jeanine Cummins, norte-americana de ascendência porto-riquenha. A obra tomou cinco anos da autora, que já escreveu os romances Outside boy e The crooked branch, além do livro de memórias A rip in heaven.
Terra americana (Intrínseca, 416 páginas, R$ 49,90, com tradução de Flávia Rössler, Cássia Zanon e Maria Carmelita Dias) é o aclamadíssimo romance de Jeanine Cummins, norte-americana de ascendência porto-riquenha. A obra tomou cinco anos da autora, que já escreveu os romances Outside boy e The crooked branch, além do livro de memórias A rip in heaven.
A narrativa foi elogiada pelos escritores gigantes Stephen King e Don Winslow e trata, em síntese, da longa jornada de fuga de mãe e filho, sobreviventes de uma chacina no México. A famosa apresentadora Oprah Winfrey escolheu a obra para seu Clube do Livro. A publicação teve os direitos autorais negociados para 27 países e os direitos de filmagem comprados pela Interative Entertainment. Desde seu lançamento, o romance está no topo dos best-sellers do The New York Times.
Lydia Quixiano Pérez e seu filho Luca, de oito anos, são os únicos sobreviventes de um massacre que deixou 16 de seus familiares mortos, em uma festa de 15 anos em Acapulco, México. Entre as vítimas está o marido de Lydia, respeitado jornalista que assinou uma reportagem comprometedora sobre Javier, chefe do cartel de drogas mais poderoso da cidade. Lydia sabe que Javier foi o mandante do crime e que se não fugissem, ela e o filho estariam com os dias contados.
Lydia, que acredita ter uma parcela de responsabilidade no caso, decide fugir para os Estados Unidos. Javier, o mandante, frequentava a livraria administrada por ela. No início, o interesse pela literatura conectou os dois e mulher não tinha a menor ideia de que aquele sujeito gentil era um dos maiores narcotraficantes do país. Na viagem, entre os riscos e problemas, Lydia se depara com inúmeras pessoas que são fugitivos de algo, como ela.
Don Winslow, reconhecido autor norte-americano, que escreveu o best-seller A fronteira, comparou o livro de Jeanine ao clássico As vinhas da ira, do norte-americano John Steinbeck, vencedor do Pulitzer. Como se vê, o sucesso do romance é merecido.

Errata

Na semana passada, foi publicado um texto neste espaço informando que a obra Cem poemas de cem poetas - a mais querida antologia poética do Japão (Class) tinha tradução e notas de Rafael Brunhara, mas na verdade elas são de Andrei Cunha, doutor em Literatura Comparada pela Ufrgs, onde também é professor de Língua, Cultura e Literatura Japonesa.

O maior choque do presente

Escritores da atualidade (e alguns do passado) adoram narrar distopias, contar como será o fim do mundo, descrever a guerra final do planeta e como o último habitante sobrevivente circulará como um zumbi entre os arranha-céus vazios de uma Nova York absolutamente destruída. O que está acontecendo com o coronavírus não lembro de alguém ter imaginado.
Em 1970 foi publicado um grande livro-ensaio que se tornou um clássico, chamado de O choque do futuro, do sociólogo e futurólogo norte-americano Alvin Toffler. Toffler ensinou que até então 850 gerações de pessoas (média de 62 anos) tinha existido. Seiscentas e cinquenta viveram em cavernas, 60 gerações foram necessárias para desenvolver a escrita e 100 para a criação da imprensa. Toffler nos ensinou que o mundo nunca mudou tanto e tão rápido como no século XX.
Toffler foi brilhante ao escrever que antes estudávamos o passado para entender o presente e que depois passamos a estudar o futuro para entender o presente. Depois de 50 anos de publicação, a obra mostra muito do que estamos vivendo. Mas o aparecimento do coronavírus e as modificações estonteantes que já estão aí acho que nem o mestre Toffler conseguiria prever.
Quem poderia imaginar que um minúsculo, invisível, infecto e terrível inimigo iria causar esta pandemia-pandemônio num mundo já bastante desconstruído, esfacelado, globalizado-nacionalista, que nem os pós-modernos mais pós-modernos conseguem entender e explicar? Para entender o que está aí, acho que nem fazendo futurologia competente, como Toffler fez. Quem sabe Toffler, falecido em 2016, nos mande uma mensagem. Baixa aí, professor. Bill Gates, numa palestra de 2015, vaticinou que não estaríamos preparados para uma nova pandemia e deu sugestões para as autoridades, os empresários e os cidadãos.
Dizer que nada será como antes é pouco, é nada. Como será o amanhã? Torço pelos cientistas, pelos profissionais da área de saúde, pelos profissionais da verdadeira e boa imprensa, torço pelos governantes e por nós todos, isolados e unidos. Torço pelos religiosos, por todos os que podem ajudar, e acredito na vitória final, mesmo sendo colorado.
Ou nos entendemos minimamente nesse mundo único e dividido e procuramos nos unir, tanto quanto possível, cidadãos, governos e países, ou a coisa pode complicar ainda mais. O inimigo é único, universal, e precisa ser vencido. Depois da vitória, um pouco menos medrosos e assustados, vamos nos dar conta, mais uma vez, que a vida é um sopro, delicada, frágil e que somos grãos de poeira no infinito universo. Temos a fala, a comunicação, os progressos tecnológicos, as vacinas, os remédios e a oportunidade de mudanças.
Ou, então, depois de vencida mais esta peste de tamanho oceânico, vamos achar, novamente, que somos gigantes imortais construtores de pirâmides, grandes histórias e invenções e que somos apenas o máximo, donos do campinho planetário, das barras de ouro e dos capitais virtuais. Vamos achar que conosco ninguém pode, que podemos até dar uma forcinha para Deus, se ele precisar.

Lançamentos

A MPB, o pop e o rock gaúcho dos anos 70 nas ondas da Rádio Continental AM

A MPB, o pop e o rock gaúcho dos anos 70 nas ondas da Rádio Continental AM


RRK RECORDS/DIVULGAÇÃO/JC
  • Woodstock em Porto Alegre - "Mister Lee" (Júlio Fürst): a MPB, o pop e o rock gaúcho dos anos 70 nas ondas da Rádio Continental AM, a superquente (RRK Records, 240 páginas), de Rogério Ratner, escritor, músico, cantor e compositor, retrata o fenômeno midiático entre os anos 1975-1976, que marcou a história da música popular urbana de Porto Alegre.
  • Eu comigo! (Vida & Consciência, 80 páginas, R$ 12,90), livro de colorir da célebre escritora Zibia Gasparetto, recheado de ilustrações encantadoras e frases tocantes criadas especialmente para a ocasião, é obra ideal para esses tempos, quando precisamos esquecer um pouco a realidade e colocar um pouco de cor na rotina.
  • Revoada de contos (Poa Comunicação, 248 páginas), oficina de criação literária de Alcy Cheuiche, reúne narrativas de Almeri E. de Souza, Charlie Schwantes, Claci Bassani, Cyrce Bochi, Graciema Menna Barreto, Heloísa Helena Rodrigues, Lourdes Prado, Lucia Bello, Marinês Castilhos Romeu, Mário Ebeling, Miriam Bolzan, Paulo Franquilin, Vilma Norma Lones e Viviane Beccon Nerva.

A propósito...

Tomara que esse desgraçado deste vírus vá para as calendas gregas o mais rápido possível e que logo a gente retome a vida dita normal. Desses negócios de quarentena, isolamento, confinamentos em hospitais, presídios, montanhas, bases militares, seminários, conventos e ilhas desertas quem gosta mesmo é a literatura, o cinema, o teatro e o streaming - e as pessoas, quando não são elas as protagonistas. Depois da vida, a liberdade é o bem maior, especialmente a liberdade de ir e vir.Depois dessa peste vamos viver levando mais lições de vida, solidariedade, distribuição de riqueza e gastos no que realmente interessa. Ao menos o estádio Mané Garrincha, de Brasília, que custou R$ 2 bilhões, vai servir como hospital para abrigar doentes. Há males que vem para o bem. (Jaime Cimenti)