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- Publicada em 22 de Novembro de 2019 às 03:00

Psicanálise, cinema, arte, história, geografia e mitologia

O Dicionário amoroso da psicanálise não é um dicionário padrão

O Dicionário amoroso da psicanálise não é um dicionário padrão


REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO/JC
Dicionário amoroso da psicanálise (Editora Zahar, 360 páginas, tradução de André Telles e revisão técnica de Marco Antonio Coutinho Jorge), de Elisabeth Roudinesco, consagrada psicanalista, historiadora e professora francesa, corroteirista do documentário Sigmund Freud, a invenção da psicanálise, apresenta, em síntese, um fascinante percurso pelos caminhos cruzados da psicanálise com a história, o cinema, a arte, a geografia e a mitologia.
Dicionário amoroso da psicanálise (Editora Zahar, 360 páginas, tradução de André Telles e revisão técnica de Marco Antonio Coutinho Jorge), de Elisabeth Roudinesco, consagrada psicanalista, historiadora e professora francesa, corroteirista do documentário Sigmund Freud, a invenção da psicanálise, apresenta, em síntese, um fascinante percurso pelos caminhos cruzados da psicanálise com a história, o cinema, a arte, a geografia e a mitologia.
Desde o primeiro verbete, Amor, até Zurique, o verbete final, passando por animais, cidades brasileiras, felicidade, George Gershwin, infância, jesuítas, Marilyn Monroe, Roma, O Segundo Sexo, Sherlock Holmes e centenas de outros mais, os leitores encontrarão um belo retrato amoroso, pessoal e único da psicanálise, um painel original de sua história e geografia, traçado pela brilhante historiadora e psicanalista Elisabeth Roudinesco, que escreve regularmente para o jornal Le Monde e é autora dos conhecidos Dicionário da psicanálise, escrito com Michel Plon, e a biografia Sigmund Freud na sua época e em nosso tempo.
Como se vê, Dicionário amoroso da psicanálise não é um dicionário padrão. Na introdução, Elisabeth escreveu: "Para este dicionário adotei o estilo intuitivo das lições de coisas - classificar, refletir, distinguir, nomear, visando a esclarecer o leitor sobre a maneira como a psicanálise alimentou-se de literatura, cinema, teatro, viagens e mitologias para transformar--se numa cultura universal. Atravessei cidades e museus, encontrei personagens, poemas, romances que me são familiares ou que aprecio em particular. De Amor a Zurique, passando por Animais, Ferdinand Bardamu, Buenos Aires, A Consciência de Zeno, O Segundo Sexo, Nova York, Hollywood, A Carta Roubada, Leonado da Vinci e W ou a memória da infância, entre outras lembranças de experiências de palavras, tracei a história e a geografia dessa saga do espírito que permanece metamorfose. A psicanálise é uma das aventuras mais fortes do século XX, um novo messianismo nascido em Viena entre 1895 e 1900, no coração da monarquia austro-húngara. 
O Dicionário amoroso da psicanálise certamente vai levar aos leitores a uma viagem ao coração de um lago desconhecido situado além do espelho da consciência.

Luc Ferry e o caminho para a 'vida boa'

Desde muitos milênios atrás, com a cultura judaica, e depois, com as tradições culturais greco-romanas e as que se sucederam, os seres humanos se perguntam, até hoje, sobre questões eternas, como "quem somos?", "de onde viemos?" e "para onde vamos?". O ser humano ainda se questiona sobre o sentido da vida e reflete sobre a melhor forma de pensar, agir e existir nas décadas que duram sua vida.
Ao longo de 2019, os conferencistas do Fronteiras do Pensamento debateram o "sentido da vida" a partir de diversas abordagens, desde o cinema até a psicanálise. A palestra final do Fronteiras de 2019, a "chave de ouro", foi do pensador francês Luc Ferry, escritor e ex-ministro da Educação na França. Ferry foi palestrante do Fronteiras em 2007, no evento inaugural, ao lado do ex-ministro da Educação brasileiro Paulo Renato Souza. Naquela ocasião, ele defendeu a filosofia como ferramenta para projetar a educação dos filhos.
Nesta conferência, Ferry abordou a busca pela vida boa, ideal. Iniciou falando da Odisseia grega, de cosmos, de guerra e de paz, e, após, comentou sobre cristãos, morte, o divino e a fé, especialmente em tempos de Idade Média. O humanismo do século XVIII, com o iluminismo e a harmonia do eu com o resto do mundo e as questões de liberdade vieram a seguir.
Num quarto momento de mundo, como disse Ferry, com a felicidade sendo examinada por filósofos como Schopennhauer, Nietzche e Sartre e pensadores do porte de Freud, as noções de indivíduo e felicidade passaram por grandes mudanças, e as questões de cosmos, do divino e do ser passaram a ser encaradas de modo diverso.
Em nossos tempos modernos, segundo Ferry, a busca da felicidade e a procura pelo sentido da vida passam por duas grandes revoluções. A primeira foi decorrente de o casamento passar a ser uma decisão livre e pessoal e a segunda envolve a atualíssima questão da longevidade e o chamado transhumanismo.
Ferry segue defendendo a filosofia como uma boa forma de aprender a viver e entende que ela deve fazer parte de nosso cotidiano. Ele prega a força do humanismo secular e da espiritualidade laica e ressalta a importância da história da vida privada, especialmente a contar dos anos 1950/1960.
O Fronteiras do Pensamento Porto Alegre é apresentado por Braskem, com patrocínio de Unimed Porto Alegre e Hospital Moinhos de Vento, parceria cultural da Pucrs e das empresas CMPC e Unicred. A Ufrgs é parceira do projeto, que tem promoção do grupo RBS.
Ferry tem 68 anos, publicou vários livros, entre os quais o best-seller Aprender a viver (2006), no qual ressalta que a sabedoria pode nos levar a uma "vida boa". Seu último livro lançado no Brasil, de 2008, é 7 maneiras de ser feliz - Como viver de forma plena. O filósofo apresenta suas ideias com linguagem acessível e, acima de tudo, procura ajudar as pessoas a superarem seus medos e dificuldades e a entender a vida e o mundo sem enveredar por perguntas absurdas e questionamentos distantes de nossas vidas reais.

Lançamentos

60 Anos - Imperador, eu teria tanta coisa pra dizer... traz a história da Imperadores do Samba

60 Anos - Imperador, eu teria tanta coisa pra dizer... traz a história da Imperadores do Samba


REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO/JC
60 Anos - 1959-2019 - Imperador, eu teria tanta coisa pra dizer... (Renascença/Palmarinca, 188 páginas) (acima), de Éder de Barros, advogado e carnavalesco; Helena Cattani, historiadora; e Vinícius Brito, jornalista, radialista e compositor; traz a linda história da gloriosa Imperadores do Samba. Prefácio de Claudio Brito e posfácio de Antônio Carlos Côrtes. Obra referencial, nasce clássica.
Velhos amigos (Ateliê Editorial, 120 páginas), de Ecléa Bosi (1936-2017), professora da USP, militante de ecologia e escritora, ilustrado por Odilon Moraes, traz lembranças reais de velhos operários, imigrantes e outros personagens anônimos da vida brasileira, organizadas em pequenos textos, entre o conto, o poema e a crônica. Alguns vieram do sertão do Brasil, outros de mais longe.
Olhar estrangeiro: França/ Regard étranger: France (Território das Artes, 112 páginas), organizado pela artista, designer, poeta e arquiteta Liana Timm, traz textos de Antonio Mahfuz Timm, Cátia Simon, Dione Deltanico, José Eduardo Degrazia, Maria Amélia Duarte Flores, Maria Roneide Cardoso Gil, Monique Revillion, Petra Grazioli Cavaleri e Vilma Machado sobre França e viagens.

A propósito...

Deve ser saudado o fato de, especialmente nas últimas décadas, a filosofia e as demais ciências humanas estarem ocupando mais espaço dentro e fora dos prédios escolares. Não por acaso, os rapazes do Vale do Silício, na Califórnia, estão atentos aos historiadores e pensadores contemporâneos, como é o caso do professor Yuval Noah Harari, autor do best-seller Sapiens - Uma breve história da humanidade e de outras obras.
Sem dúvida, num mundo complexo, globalizado e conturbado e com a vida moderna do jeito que anda, só mesmo pensando, refletindo e agindo com mais sabedoria para tentar, ao menos, sobreviver com saúde e felicidade. Claro que os outros devem colaborar com a gente, mas aí é outro departamento.
Autores como Luc Ferry são importantes para explicar como fomos e como podemos ser daqui em adiante e isso sem apelar para linguagem hermética e considerações distantes de nosso arroz com feijão cotidiano.