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- Publicada em 15 de Fevereiro de 2019 às 01:00

Doutor Fausto, a tragédia

A trágica história do Doutor Fausto (Ateliê Editorial e Editora Unicamp, 488 páginas, R$ 120,00), clássico texto de dramaturgia elisabetana de Christopher Marlowe, foi publicado em nova e cuidadosa edição encadernada. No volume está também o texto literário História do Doutor João Fausto, de autor anônimo alemão.
A trágica história do Doutor Fausto (Ateliê Editorial e Editora Unicamp, 488 páginas, R$ 120,00), clássico texto de dramaturgia elisabetana de Christopher Marlowe, foi publicado em nova e cuidadosa edição encadernada. No volume está também o texto literário História do Doutor João Fausto, de autor anônimo alemão.
Fausto, de Goethe, é uma das obras mais conhecidas sobre o homem que faz um pacto com Mefistófeles e A trágica História do Doutor Fausto, peça publicada no século XIX, está longe de ser a primeira sobre o conhecido tema.
Luís Bueno e Caetano W. Galindo a traduziram, e Mario Luiz Frungillo traduziu a história do Doutor João Fausto. Luís Bueno foi o responsável pela organização da obra, bem como pelas notas e texto de introdução. Patrícia da Silva Cardoso é autora do posfácio, no qual relaciona Fausto de Goethe com A trágica história e História do Doutor João Fausto.
A peça de Marlowe foi encenada pela primeira vez na virada dos anos 1580 para os 1590, e logo se tornou referência do Teatro Elisabetano. Fausto é um dos mais poderosos mitos literários da modernidade. Pactos com o demônio remontam aos primeiros séculos da Cristandade. A tradução desta coedição do texto inglês é bilíngue e assim o leitor pode cotejar o original com a tradução.
Johann Faust, um mago necromante, famoso pactário, alguém capaz de se comunicar com o mundo espiritual, viveu no início dos anos 1500 e foi tema até mesmo para Martinho Lutero. Sua fama originou muitas narrativas ao longo dos séculos.
Em 1587, foi publicado pela primeira vez História do Doutor João Fausto, com relatos antes conhecidos verbalmente. O livro obteve grande sucesso, e foi logo traduzido para o inglês e publicado na Inglaterra. O livro deu o mote para a peça de Marlowe que, como se sabe, ultrapassa em muito o moralismo inicial e trata dos meandros da consciência e do desejo num tempo (que ainda é o nosso) em que a noção de indivíduo atingia um outro patamar, de autonomia e centralidade na vida social.
Como se constata, a obra bilíngue e composta de dois textos sobre um mito essencial da literatura ocidental deve ser saudada, pois permite aos leitores brasileiros entenderem a complexidade das obras.

Lançamentos

  • A filha do pântano (Novo Conceito, 382 páginas), romance da escritora norte-americana Franny Billingsley, foi finalista do prestigiado National Book Award. Num pequeno vilarejo inglês, na virada do século XX, onde mulheres com comportamentos suspeitos são enforcadas, a jovem Briony esconde segredos que liquidaram a saúde mental da irmã e levaram a madrasta à morte. Só encontra alívio no pântano, até o jovem Edric aparecer.
  • Mary Poppins (Editora Zahar, 230 páginas), do australiano P.L. Travers, traz as primeiras histórias de Mary Poppins, que surgiu para a família Banks e para o mundo. Voando, literalmente, com um guarda-chuva numa das mãos e uma maleta na outra e muitas aventuras. Edição a partir do texto integral, com tradução de Joca Reiners Terron e ilustrações originais de Mary Shepard.
  • A mulher faminta (Moinhos, 228 páginas), do escritor e romancista Tiago Germano, foi romance finalista do Prêmio Açorianos 2016. A narrativa apresenta camadas de ficção sobrepostas e revela o atordoamento de uma geração diante da liquidez de sua época. Liquidez do próprio amor. Época sem pudores, vergonha, discrição e na qual até um inocente bolero de Ravel pode ser considerado obsceno.

A mulher na colônia italiana

Muito já se falou e escreveu sobre a grande importância da mulher na região colonial italiana. Elas foram essenciais, vitais para o desenvolvimento da imigração. A força de trabalho, a determinação, a religiosidade, a forte vocação maternal e a energia das italianas, após quase 150 anos da chegada no Brasil, deixaram marcas indeléveis e são inspiração para lembranças, trabalhos, estudos e pesquisa, especialmente em universidades.
Faces da mulher na região Colonial Italiana (Coan Gráfica, 136 páginas), de Maria Cristina Filippon, professora universitária e da rede pública estadual, natural de Bento Gonçalves, psicóloga e mestre em Letras e Cultura Regional pela UCS, vem somar-se, com muito brilho, à bibliografia sobre o tema.
Maria Cristina trata da sociedade, cultura e região, da linguagem dos provérbios, da presença feminina na região colonial italiana, da psicologia analítica, da figura feminina e esboça um perfil psicológico, apresentando arquétipos. Em seus estudos, a autora propõe um diálogo interdisciplinar envolvendo psicologia, história, sociologia e linguagem, com vistas a caracterizar por inteiro a mulher imigrante. A autora mescla bem conhecimento científico e acadêmico com a realidade social e nos apresenta novidades sobre um tema importantíssimo.
Na apresentação, escreveu o psicólogo e professor Antenor Cattani: "Maria Cristina, de forma inteligente, intuitiva e crítica, lança um olhar sensível e não menos profundo, sobre a região colonial italiana, na construção do perfil psicológico da figura feminina através dos provérbios dialetais. Percorrendo a história dessa região, seu progresso e desenvolvimento, a autora faz uma relação entre a literatura e psicologia analítica, da caminhada, da participação incontestável da figura feminina, que, por muitas vezes, era vista meramente com um papel secundário no cenário dos acontecimentos. Mas a história foi sempre construída por pessoas nada razoáveis. Na verdade, o inconsciente sempre mandou no consciente, sobretudo, quando se trata de escolhas e, como muito bem diz a autora desse livro, a figura feminina do passado foi o que promoveu o despertar da mulher do presente dessa região. E, fazendo uma análise da aproximação das diferenças entre homens e mulheres, traz junto de si, a possibilidade de aliviar uma das grandes angústias da existência: a incompletude humana."
Os provérbios dialetais italianos sintetizaram os sentimentos e o conhecimento, os saberes, fazeres e poderes e foram muito bem utilizados por Maria Cristina Fillipon para apresentar novos ângulos das faces das mulheres que, junto com esposos, filhos, parentes e vizinhos, construíram tanta beleza, riqueza e nos deixaram exemplos e lembranças imorredouros.
 

A propósito...

Acima de tudo a bela, profunda e bem embasada obra de Maria Cristina, ao entrelaçar a psicologia, a sabedoria proverbial dialetal e as vidas e trajetórias das mulheres da região colonial italiana, releva que da dignidade, da coragem, iniciativa, planejamento, dinamismo, generosidade, racionalidade e força das mammas e nonnas se originou o futuro das filhas, netas e bisnetas que podem escolher vidas, caminhos e profissões. O suor, as lágrimas, o sangue, a vitalidade e o profundo amor das mulheres da região italiana pela família, trabalho, religião e pela vida não foram, absolutamente, em vão. Ao contrário, representam o que herdamos e temos de melhor, o que jamais esqueceremos.