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- Publicada em 23 de Novembro de 2018 às 01:00

Crime na Porto Alegre da Belle Époque

O consagrado e premiado jornalista e escritor Carlos Rafael Guimaraens Filho, nascido em Porto Alegre em 1956, que usa o nome profissional Rafael Guimaraens, é autor de 15 obras, que se notabilizaram pela ênfase na construção da memória, especialmente quanto a épocas, locais e personagens de nossa Porto Alegre. A publicação 20 relatos insólitos de Porto Alegre, do autor, venceu na categoria especial do Prêmio Minuano de Literatura.
O consagrado e premiado jornalista e escritor Carlos Rafael Guimaraens Filho, nascido em Porto Alegre em 1956, que usa o nome profissional Rafael Guimaraens, é autor de 15 obras, que se notabilizaram pela ênfase na construção da memória, especialmente quanto a épocas, locais e personagens de nossa Porto Alegre. A publicação 20 relatos insólitos de Porto Alegre, do autor, venceu na categoria especial do Prêmio Minuano de Literatura.
Com grande trabalho de pesquisa e base em muitas leituras e entrevistas, Guimaraens já nos trouxe a Capital no tumultuado 1961; o Teatro de Arena; a enchente de 1941 e outras obras que nos permitem conhecer nosso passado para nos entendermos melhor e para que possamos projetar o futuro que almejamos.
Fim da linha (Libretos, 268 páginas), romance com fundo histórico do autor, mostra sua nova e boa incursão na ficção, seara na qual já brilhou com o romance Tragédia da Rua da Praia, de 2005, que recebeu o prêmio O Sul. O romance tem por subtítulo O crime do bonde e mostra episódios ambientados nos bastidores políticos da República Velha, na vida boêmia e cultural do Rio de Janeiro do início do século XX, na Porto Alegre na belle époque e nas rudes disputas do interior gaúcho, nas quais uma tênue fronteira separa a degeneração e a dignidade.
No fim de uma manhã ensolarada, no Centro de Porto Alegre, uma impressionante engrenagem de coincidências vai unir os destinos de três personagens. Guiados pela compulsão e aprisionados em um teatro de olhares e despistes, assédios e esquivas, ciúme e cobiça, eles irão enfrentar um trágico acerto de contas no fim da linha do bonde circular. Antes do desfecho fatal, o leitor saberá sobre os três protagonistas e seus passados.
"Este livro expõe o grito mudo, feminino, impotente há séculos. Dallila, Eduardo e Carlos: um caminho traçado por décadas para um momento crucial. Assim como em um concerto, da overture uníssona ao grand finale, o resultado é uma hecatombe, que ressoa entre nós. Para sempre?", escreve Clô Barcellos, na apresentação.
Como se vê, mais uma contribuição importante de Rafael Guimaraens para a literatura brasileira e, em especial, para nós, leitores do Sul, que conhecemos bem sobre os muitos embates de nossas trajetórias.

Lançamentos

O velho marinheiro - a história da vida do Almirante Tamandaré (L&PM, 360 páginas), do reconhecido escritor Alcy Cheuiche, apresenta a biografia de Joaquim Marques Lisboa (1807-1897), almirante protagonista dos acontecimentos mais importantes de quase um século de história brasileira. Dom Pedro II e Princesa Isabel estão na obra, patrocinada por FHE, Poupex, Sapura e Praticagem do Brasil.
Jovens guerreiros e guerreiros de luz - Por que o sistema não respeita os adolescentes? (BesouroBox, 192 páginas), do médico e escritor Mauro Kwitko, precursor da Psicoterapia Reencarnacionista, trata com profundidade de juventude, obediência e rebeldia, numa sociedade onde os jovens devem conviver com os dilemas de aceitar o sistema e ao mesmo tempo apresentar modificações.
Racismo à luz do Direito, Sociologia e Criminologia (Martins Livreiro Editor, 820 páginas), do professor-doutor, promotor público, jurista e escritor Vilson Farias, apresenta longas e profundas análises e reflexões sobre um tema vital para a sociedade brasileira. O livro é importante para o mundo jurídico e para a sociedade em geral, por sua densidade e amplitude.

Democracia, identidade e política no Fronteiras

Com chave de ouro, o cientista político e professor universitário Mark Lilla, da Universidade de Columbia, e o filósofo, colunista e professor Luiz Felipe Pondé participaram do encerramento da temporada de conferências 2018 do consagrado Fronteiras do Pensamento. Nesse momento em que estamos, foi oportuno e emblemático o encontro, para falar de democracia, ceticismo, pessimismo, identidades, papel da imprensa, atitudes dos jovens, redes sociais, solidão na atualidade e outros temas altamente relevantes e impactantes para nós, para o Brasil e para o mundo.
Lilla falou de nosso tempo de ideologias, de como vivemos isolados e individualistas e do nosso alto grau de ressentimento e de como nos sentimos tão facilmente ofendidos. Lilla enfatiza como nos fixamos em políticas identitárias ao invés de nos preocuparmos mais com solidariedade, cidadania e outros valores capazes de enfrentar as diferenças. Para ele, os jovens pensam mais em questões pessoais de gênero, por exemplo, ao invés de se preocuparem com crises econômicas e política externa.
Pondé falou da necessidade de mediar conflitos, da necessidade de sermos maduros em relação à democracia, o regime menos imperfeito. Falou de usarmos as redes sociais com mais proveito para algum entendimento entre grupos e pessoas tão divididos e para construir um convívio menos danoso, um convívio democrático e mais harmônico possível entre pessoas que pensam diferente. Pondé enfatizou que a imprensa precisa ser menos partisan, ou seja, menos partidária, sectária, obsessiva e que necessita ser cética, analisar, refletir e fazer comparações. Pondé falou que, além da necessidade de sermos mais maduros, devemos começar nossa educação a partir de nossas casas.
Enfim, após análises de momentos e pensadores do presente e do passado, Lilla e Pondé nos convidam a refletir e agir em relação a um mundo e a habitantes preocupados demais com questões de grupo, de identidade e de egos excessivamente inflados, gigantes e hipersensíveis. Egos que não cabem nem no majestoso Beira-Rio, um dos estádios mais bonitos do mundo, ou o mais bonito, para muitos. Vamos ser democratas também quanto a futebol, até utilizando, em alguns casos, a famosa democracia corintiana.
Para que a milenar democracia se reinvente e não acabe tão cedo, é preciso, realmente, pensar e agir em termos de cidadania, solidariedade, respeito ao outro e valores que possibilitem o melhor relacionamento no regime em que a "tirania da maioria" substituiu a antiga "tirania do rei". A imprensa tem um papel essencial nisso e deve vigiar e informar quanto às pessoas e aos acontecimentos. Deve exercer seu papel de "gatekeeper", de filtro e de partícipe indispensável da democracia, sem submeter-se a partidos, ideologias, sectarismos e pressões indevidas. As redes sociais têm uma importância nunca vista e imaginada, e isso é um convite para usá-las de modo menos violento, danoso e deletério.

A propósito...

Não podemos ser totalmente otimistas, oba-oba e achar que encontraremos o regime perfeito e acabado, que seremos felizes para sempre num mundo encantado. Não podemos ser céticos a ponto de não encontrarmos solução alguma. Precisamos exercer toda a democracia possível, com cidadania, solidariedade e não devemos esquecer que gostar mesmo dos outros ou de suas ideias é mais verdadeiro quando os outros e suas posições são diferentes das nossas. Infelizmente não podemos amar a todos, uns aos outros, como pretendeu Jesus, com ótimas intenções. O ser humano é complicado e a democracia idem. Mesmo sem sair abraçando, beijando e amando os vizinhos, devemos lembrar que estamos no mesmo barco e que devemos evitar as violências ao máximo. A vida e a liberdade agradecem. (Jaime Cimenti)