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- Publicada em 09 de Agosto de 2018 às 22:00

Para entender o mundo

Vivemos num mundo globalizado, mais do que nunca imerso em conflitos, guerras, invasões, bombas, imigrações, diferenças, desigualdades e muitas, grandes e rápidas mudanças nos planos culturais, comportamentais, políticos, econômicos e éticos, entre outros. O mundo nunca mudou tanto e tão rápido. Os escândalos de hoje não são mais embrulhados com os jornais de ontem, mas com os jornais de hoje mesmo, neste planeta digitalizado, de tempo "presentificado" que voa em velocidade supersônica.
Vivemos num mundo globalizado, mais do que nunca imerso em conflitos, guerras, invasões, bombas, imigrações, diferenças, desigualdades e muitas, grandes e rápidas mudanças nos planos culturais, comportamentais, políticos, econômicos e éticos, entre outros. O mundo nunca mudou tanto e tão rápido. Os escândalos de hoje não são mais embrulhados com os jornais de ontem, mas com os jornais de hoje mesmo, neste planeta digitalizado, de tempo "presentificado" que voa em velocidade supersônica.
12 lições da história - Para entender o mundo (Faro Editorial, 128 páginas, tradução de Mario Bresighello), dos mundialmente consagrados historiadores norte-americanos Will (1885-1981) e Ariel Durant (1885-1981), vencedores do prêmio Pulitzer de 1968, apresenta guerras, desenvolvimento, religião, governos e decadência de nossos 5 mil anos de registros da história mundial.
Os autores apresentam uma versão concisa de conhecimentos relacionados a 12 temas: geografia, biologia, raça, caráter, moral, religião, economia, socialismo, governo, guerra, crescimento e decadência e progresso. Nas páginas do capítulo final, os autores questionam se o progresso é real. Para eles, o progresso não é contínuo nem universal, e a história mostra países progredindo e regredindo.
Os autores fazem uma grande jornada pela história, explorando as possibilidades e as limitações da humanidade ao longo do tempo. Apresentam muitas percepções incríveis sobre a natureza da experiência humana, a evolução da civilização e a cultura do homem.
Ensinam os autores que a única revolução real está no esclarecimento da mente e na evolução do caráter, e que a única emancipação real é a individual. Para eles, os únicos revolucionários são filósofos e santos.
"Se um homem for afortunado, recolherá, antes de morrer, o máximo que puder de sua herança civilizada e a transmitirá a seus filhos. E, em seu último suspiro, será grato por todo esse legado inesgotável, sabendo que se trata de nosso alimento nutritivo e de nossa vida duradoura", são as últimas e sábias palavras da obra, que nos auxilia a entender a essência do comportamento humano, de onde viemos e para onde vamos.

Lançamentos

  • Clipping (Farol 3 Editores, 168 páginas), dos escritores e jornalistas Auber Lopes de Almeida e Nubia Silveira, revisão de conteúdo de Adriana Paranhos e pesquisa e revisão de Lorena Paim, em bela edição, trata com clareza e profundidade o clipping. No século XIX, os clipadores selecionavam notícias, agora avaliam o impacto das informações no público. Indicado para estudantes e profissionais do jornalismo e leitores em geral, hoje às voltas com fake news.
  • A intuicionista (HarperCollins, 332 páginas, tradução de Caroline Chang), romance de estreia do escritor norte-americano Colson Whitehead, vencedor do Pulitzer 2017, autor de The underground railroad - Os caminhos para a liberdade e best-seller do The New York Times, traz o dia a dia do Departamento de Inspeção de elevadores de uma metrópole. Um elevador cai e empiristas (técnicos) vão digladiar com os intuicionistas (intuitivos) sobre o fato.
  • Terrass (Autografia, 422 páginas), da gaúcha Ângela Lanner, é um caudaloso romance no qual a autora, com excelente trabalho de linguagem, trata da história de sua mãe, professora de costura, que desafiou a própria sobrevivência, rompeu os limites impostos pela hipocrisia e buscou entender-se. A trajetória mostra a força da alma feminina e como, entre linhas, panos e tesouras, a mãe inspirou as alunas a buscarem caminhos e explicações para as coisas da vida.

Meu pai, eu pai

Pai não morre. Fica encantado, por aí, energia quântica. Só morrerá mesmo depois que filhos, netos, bisnetos e tataranetos não o lembrarem. Meu pai não morreu há 31 anos. Tinha 67 anos, trabalhou mais de 50, inclusive no dia que se foi, de repente, sem despedida. Seu carro, na frente de casa, esperou por ele para voltar ao trabalho.
Lembro do exemplo do pai, das atitudes e do jeito de ser, mais que das boas palavras ditas ou escritas. O pai era italiano. Lá, a família deixou de ser pequena classe média e passou por dificuldades. Aos 14 anos, o pai foi trabalhar na fábrica da Alfa-Romeu. Décadas depois, no Brasil, comprou, feliz, um Alfa-Romeu usado, preto com estofamento vermelho.
O pai era geômetra (agrimensor). Depois de participar como soldado da II Guerra Mundial, em 1949, com 29 anos, veio, de navio, com minha mãe de 21 e meu saudoso irmão de quatro meses. Com quase nada no bolso, veio ser chefe de obras da prefeitura de Nova Prata. Lá, fui gerado, mas nasci em Bento Gonçalves, modéstia à parte.
Depois de muita luta e de sair do serviço público, ao falecer, meu pai tinha uma empresa de construção com 500 empregados. Um dia, um empregado disse sentir frio. O pai deu-lhe o próprio casaco. O velho me ensinou a economizar, não pedir dinheiro emprestado a bancos, não fazer crediário, pedir desconto e pagar à vista e não gastar mais do que ganhasse. Me passou a ideia de evitar processos judiciais, não exagerar em coisa alguma, e, socrático, dizia que a única coisa que realmente sabia era que nada sabia. Dizia ele: cuida das tuas coisas, senão os outros cuidam; o corretor está de olho da comissão; sempre tem alguém mais esperto que tu; trata todas as pessoas bem, não importando idade, sexo, religião, cargo ou posição social. Dizia: nem sempre a sopa do vizinho é mais quente e o gramado dele mais verde; às vezes, a gente cobra caro demais por um trabalho, e aí pode ser uma vez só; o dia tem 24 horas, oito para descanso, oito para trabalho e oito para diversão; por vezes, é melhor ser dono do barquinho que empregado de transa; família, amor e rezar é o que importa mais.
Até as 18h, o pai trabalhava. Depois, família, amigos, livros, música, vinhos, alimentos, viagens, telefonemas, futebol, jogo de cartas e passeios. Meu querido padrinho Elias Japur, alegremente, em Bento, com a madrinha Rosa, brincou: o Jaime é o Alberto depois das 18h. O padrinho sabe que trabalho há uns 40 e poucos anos, agora mais despacito.
O pai viveu dificuldades, dos 19 aos 25, na II Guerra; depois, amargou o pós-guerra, a emigração, a luta para criar, com minha mãe, três filhos, longe de parentes e amigos. Como nós, viu alegrias e dificuldades de nosso Brasil. Não gostava de fascistas e de outros ditadores. "Mussolini era um comediante", disse, triste com o que viu. Apesar da vida dura, seu Alberto vibrava com óperas, música erudita, marchas militares americanas, valsas vienenses e os românticos da era de San Remo. Ah, o pai cantava canções italianas, óperas, gostava de Tom Jobim e dançava.

A propósito...

Fico lembrando, Alberto agora sou eu, pai eterno aprendiz de duas filhas de 28 e 23 anos que tentam me educar e, muitas vezes, conseguem. Vou ganhando e perdendo como meu pai, tentando viver da melhor, mais intensa e mais alegre forma possível nesta passagem rápida pelo planeta. A energia do pai me ajuda a sair da cama neste inverno frio e a imaginar que existem coisas novas sob a luz do sol que sempre nasce, mesmo contra ventos e marés, mesmo sabendo que também a escuridão é eterna. Claro e escuro, luz e sombra. Valeu, pai, grazie por tudo, como é que estão o vinho, o carteado, o papo, os amigos, a música e os quitutes aí em cima? Salute! (Jaime Cimenti)