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Espaço Vital

- Publicada em 15 de Novembro de 2021 às 19:44

E precisava tudo isso?...


GERSON KAUER/EV/DIVULGAÇÃO/JC
Meia-noite de uma sexta-feira, Sua Excelência e a esposa - ele cinquentão, ela quarentona bem conservada - tentam apimentar o relacionamento sexual. Por isso combinam que ela, em decúbito ventral, será algemada num dos decorativos vãos da cabeceira da própria cama do casal. Tudo, então, se ajusta - digamos - em rara normalidade.
Meia-noite de uma sexta-feira, Sua Excelência e a esposa - ele cinquentão, ela quarentona bem conservada - tentam apimentar o relacionamento sexual. Por isso combinam que ela, em decúbito ventral, será algemada num dos decorativos vãos da cabeceira da própria cama do casal. Tudo, então, se ajusta - digamos - em rara normalidade.
Meia hora depois, no momento de soltar as amarras - algo dá errado. O douto homem faz tentativas, usa uma faca, um garfo, emprega até mesmo uma tímida serrinha de cortar madeira. Tudo em vão, a mulher segue firmemente presa. Eles decidem esperar o amanhecer para pedir ajuda. Algumas horas angustiosas passam lentamente.
Às 6h da manhã, os dois chegam a um angustiante consenso. O homem, então, dispara uma ligação. Do outro lado da linha, a telefonista do 190 parece não acreditar: "O senhor prende a sua mulher na cama e está nos pedindo ajuda para soltá-la?" - questiona a cabo PM.
Com a insistência do homem e, a convincente confirmação do pedido pela própria mulher no celular, a telefonista encaminha a solução, mas faz uma advertência: "Vamos despachar uma guarnição ao local, mas o casal fica advertido de que haverá prisão em flagrante se isso for um trote".
Dez minutos depois, com a chegada de dois PMs, o inusitado se confirma. As algemas são visíveis. A esposa, vestindo peça única, está imobilizada, mãos entrelaçadas acima da cabeça, mas firmemente presas à cabeceira. A mulher denota também evidente constrangimento.
O soldado usa uma chave universal, própria para abrir algemas e logo solta a mulher. Antes de se retirarem, os policiais perguntam se ela pretende representar contra o homem. A resposta é tranquilizadoramente negativa.
Ao encerrar a ocorrência - cujo atendimento prático não dura mais do que cinco minutos - o sargento liquida com qualquer controvérsia:
- Avalio que foi uma relação íntima exagerada, e afasto totalmente a hipótese de cárcere privado - diz, pelo rádio da viatura, ao oficial que está na chefia no centro de operações.
Na segunda-feira seguinte, o comandante do batalhão - no uso de suas atribuições - determina que o caso seja tarjado como sigiloso.
E não se fala mais nisso...

Saudade musical

"Elis, Essa Saudade", a nova coletânea da cantora gaúcha - que será lançada em dezembro pela Warner - vai incluir a única música cantada por ela e que permanece inédita no formato digital. É "Pequeno Exilado", dueto com o cantor e compositor gaúcho Raul Ellwanger em um raro disco dele, lançado em 1980 e nunca reeditado. Nascida em Porto Alegre em 17 de março de 1945, ela morreu em São Paulo em 19 de janeiro de 1982, com apenas 36 de idade.
E Raul Ellwanger amanhã completará 74 anos. Em 1968, estudante de Direito na Pucrs, ele trabalhava como estagiário no escritório de advocacia de Carlos Araújo, e era um dos articuladores da Frente Gaúcha da Música Popular. Sua composição "O Gaúcho" foi finalista no Festival da TV Excelsior, no Rio de Janeiro, em 1968, com uma letra provocativa à ditadura militar: "Pros milicos trago estrago, pro inimigo outro balaço".
Com o endurecimento do regime, Ellwanger foi condenado pela Lei de Segurança Nacional por militância em organização proibida, passando à clandestinidade. Partiu para o exílio no Chile em 1970, e dali em 1973 para a Argentina, de onde retornou para o Brasil em 1979.

Quarentena de cifrões

Quem pesquisar, no portal da Transparência do governo federal, pelo nome do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, ficará sabendo que ele recebeu
R$ 50.615,03 sobre a folha de agosto, paga em setembro.

Apesar de ter deixado o governo Bolsonaro no final de junho, o advogado Salles teve direito a parte de férias não-gozadas, relativas aos anos de 2019 e 2020, além de férias proporcionais pelos seis meses de 2021. Também embolsou mais um salário, chamado de "quarentena de autoridades": é o valor que toca aos que trocam o setor privado pelo setor público e não podem logo assumir cargos em função das informações privilegiadas que possuem.

Caneta das nomeações

A Câmara dos Deputados aprovou na semana passada - com emendas do Senado - o PL nº 5.977/2019, que criou 57 vagas de desembargadores federais. Dos atuais 139 magistrados de segundo grau na Justiça Federal, o número vai para 196, um acréscimo de 41%. E todos eles serão nomeados pelo presidente Jair Bolsonaro, em 2022.
A mudança se dará pela conversão de cargos vagos para juízes federais substitutos em novas cadeiras para desembargadores. Com a aprovação, o projeto segue para a sanção presidencial. O presidente da República nomeia os desembargadores dos tribunais regionais federais a partir de lista tríplice apresentada pelos próprios Tribunais Regionais Federais (TRFs).

A propósito

Veja como ficarão distribuídas em 2022 as 196 vagas, nos seis tribunais:
  • TRF-1: 43 desembargadores (eram 27);
  • TRF-2 (RJ e ES): 35 (eram 27);
  • TRF-3 (SP e MS): 55 (eram 43);
  • TRF-4 (região Sul): 39 (eram 27);
  • TRF-5 (CE, RN, PB, PE e SE): 24 (eram 15);
  • TRF-6 (MG), a ser criado, ficará posteriormente com 18 desembargadores que atualmente são do TRF-1.
Segundo Eduardo André Brandão, presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil, "não existe possibilidade de aparelhamento do Poder Judiciário Federal pelo presidente da República" por conta da ampliação dos TRFs. "Pelas regras estabelecidas na Constituição, 80% das vagas dos TRFs são destinadas a magistrados federais concursados, ou seja, de carreira".
 

O cuidador da segurança

Eleito na esteira bolsonarista, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) será o encarregado da área de segurança pública do programa de campanha do ex-juiz Sergio Moro, possível candidato ao Planalto pelo partido Podemos em 2022. O convite foi feito em jantar na terça-feira passada, na residência da presidente do Podemos, Renata Abreu (SP).
Está proibida qualquer alusão a temor de facadas.

Menos alfabetização

Está pronta a primeira radiografia das consequências da Covid sobre alfabetização de alunos das escolas públicas. Ninguém tinha ilusão de que o ensino remoto seria capaz de manter os níveis de aprendizado, que já eram sofríveis. Ainda assim, o resultado choca.
Feito em outubro pela Fundação Lemann, o estudo teve como base 250 mil alunos do 2º ano do Ensino Fundamental. Eram crianças de 7 anos espalhadas por 10 estados brasileiros, incluindo o Rio Grande do Sul. O levantamento revelou que 74% dos estudantes se enquadravam na categoria dos "não alfabetizados". Eles conseguiam ler no máximo nove palavras por minuto. Apenas 7% eram "leitores fluentes" entre os examinados.
Em dezembro de 2018, testes semelhantes mostraram que 52% das crianças eram avaliadas desta maneira. O resultado - aumento de quase 50% do que já era desastroso em apenas 1 ano e 10 meses - é o efeito incontestável do fechamento das escolas sem que fossem dados recursos para substituir as aulas.